9 novos super-heróis da Marvel contra o preconceito

Homens fortes, viris, brancos e bonitos. Este era o padrão nas HQs de heróis. Super-Heróis estampando na capa um modo do público reconhecer que pra ser “super” em alguma coisa precisava se espelhar naquele homem de uniforme. As crianças – assim como adolescentes e adultos – ficam fascinadas com as tramas envolvendo poderes, garotas indefesas e vilões maléficos. No século XXI, a tendência para a desconstrução desses padrões, que refletiam a autoestima e identificação dos nossos jovens no mundo a fora, precisava ganhar ascensão. Contudo, pairamos no século XX. Heróis negros não são recebidos com tanto sucesso quanto um herói branco; heroínas são alvo de piadas – questionando o poder feminino; e heróis LGBTs são colocados contra a parede, num preconceito heteronormativo.

 por Douglas Hinckel no Info Geek Corp

A famosa marca editorial de quadrinhos Marvel Comics está pra lançar uma linha de histórias envolvendo os substitutos de heróis tradicionais, a minissérie Generations. Além disso, a Marvel vem modificando seus heróis nos últimos anos, incluindo heroínas e personagens gays. Essas modificações e decisões são completamente importantes para a representatividade dos injustiçados e alvos do preconceito em massa. Os fãs que estavam acostumados com os heróis de um forma, agora veem os mesmos totalmente diferentes, causando estranheza logo de cara. Entretanto, é admirável que uma editora tão famosa e influente tenha se arriscado a ponto de não se importar tanto com as criticas prévias.

Embora a ideia principal tenha sido recebida pela minoria e admiradores com bastante fervor, o resultado das vendas dos quadrinhos Marvel após a decisão declinaram fortemente – sua rival direta, DC Comics está dominando no top 10 das maiores vendas de HQs, tendo apenas duas histórias Marvel inclusas. Os fãs criticam não a diversidade das histórias, mas sim, a alteração forçada das tramas e personagens apenas para essa visibilidade (o que não deixa de ser importante).

Conheça agora alguns dos personagens da Marvel Comics que foram criados/modificados nos últimos anos para combater os diversos preconceitos, assim como o apoio à representatividade além do padrão do século XX:

1 – Miles Morales (Homem-Aranha)


O novo Homem-Aranha causou um pouco de estranheza aos fãs natos, pelo simples fato de Miles Morales ser negro. O substituto de Peter Parker é um estudante pobre que ingressa a um colégio de alto nível após ser especialmente selecionado. Miles é picado por uma aranha geneticamente modificada quando foi visitar a casa de seu tio, e logo após começa a desenvolver seus poderes – que se diferem um pouco dos poderes de Parker. Morales, além dos poderes clássicos de aranha, consegue criar choques (veneno paralisante) com o toque e ficar invisível. Miles começa a se espelhar no veterano Homem-Aranha, ganhando um uniforme preto com detalhes em vermelho da S.H.I.E.L.D., vivendo como o herói na cidade. E assim, após cinco anos estrelando o Universo Ultimate, Miles Morales é incluso no Universo Regular da Marvel, sendo o verdadeiro Homem-Aranha.

2 – Bobby Drake (Homem de Gelo)

O X-Men veterano surpreendeu a todos os leitores, em 2016, com a revelação de que ele, o Homem de gelo, é gay. Em um edição onde colocam Bobby nos tempos atuais, o mutante acaba conhecendo seu primeiro namorado, Romeo, e protagonizando um momento de paixão. Colocar um X-men de nível Ômega (o nível mais alto medido pelo Cérebro – equipamento de rastreamento –  que um mutante pode atingir) é um grande passo para o destaque LGBT atualmente, fazendo o herói levar muito elogios e carinhos, porém também críticas negativas. Seus poderes são voltados na criocinese (habilidade de manipulação e criação de gelo). Esse super herói não é novo, porém, a revelação sobre sua sexualidade é, por isso, entra na nossa lista.

3 – America Chavez

O esforço para atrair novos consumidores da revista fez com que a Marvel investisse em uma heroína latina e lésbica. America Chavez ganha sua revista mensal, intitulada “America”, trazendo questões sociais fortíssimas, pois estamos em tempos difíceis não só no Brasil como no mundo inteiro – como a eleição e decisões de Donald Trump, por exemplo. Os poderes de America incluem teletransporte através de dimensões do multiverso, força sobre-humana e super agilidade (além de sua força e poder em lidar com as questões do feminismo e afins). A nova trama da Marvel vai contar o dia a dia de Chavez na luta contra ataques alienígenas sobre a terra. Vale a pena esperar para conferir essa HQ que promete ser bem polêmica.

4 –Kamala Khan (Miss Marvel)


Com descendência paquistanesa e muçulmana, Kamala está atualmente levando o manto de Miss Marvel deixado por Carol Danvers da melhor forma possível. Teve sua primeira aparição em 2013 em uma das edições da Capitã Marvel e é dita pelos fãs como uma das mais interessantes personagens da Marvel atualmente. Kamala descobre seus poderes após um nevoeiro de terrigênio a atingir, tornando-a uma inumana. A garota tem o poder de transformar qualquer parte do seu corpo no que ela bem quiser, podendo alongar e diminuir seu corpo, e incluindo fator de cura rápido. Mesmo não sendo a primeira personagem muçulmana do Universo Marvel, é a primeira protagonista com essa fé, respeitando a religião e dando visibilidade a esse feito. Além disso, o uniforme de Kamala não sexualiza a heroína, respeitando sua idade de adolescente, assim como não cai no estereótipo (não utilizando burqa, por exemplo).

5- Carol Danvers (Capitã Marvel)

A tão comentada pelos fãs e aguardada nos filmes da franquia Vingadores é uma quebra nos estereótipos de heroínas. Seus inúmeros poderes fazem dela uma das personagens mais poderosas do universo Marvel. Carol Danvers possui as habilidades de vôo, super força, super resistência, explosões fotônicas, absorção de energias, entre outros. Passou um tempo com Binária, mas principalmente na pele da famosa Miss Marvel. No fim, utilizando o uniforme de Monica Rambeau, se torna a nova Capitã Marvel. Com um novo corte de cabelo (undercut) quebra todos os padrões da feminilidade impostas, mostrando que o girl power pode ser do jeito e como elas querem.

6-X-23 (Wolverine)

Seguindo as pesquisas da Arma X, mesmo programa que criou Wolverine, surge o novo experimento a fim de clonar o nosso herói com garras. Em várias tentativas com a clonagem, não havia sucesso devido ao cromossomo Y, levando aos pesquisadores criarem uma cópia feminina. A garota, X-23, foi criada dentro de laboratórios e sempre servindo a análises e acompanhamento para pesquisas. Ao crescer, ela passa a ser uma assassina por encomenda, fazendo vários buracos em seu psicológico. Após fugir do laboratório, X-23 começa a se denominar Laura Kinney – nome dado a ela por sua mãe de aluguel e também pesquisadora – procurando Wolverine e tendo uma relação um tanto complicada no começo, mas logo ela se entrega aos cuidados dos X-Men e passa a ter um convívio muito próximo a Logan, de pai e filha. Laura passa a usar o uniforme amarelo e azul clássico após Logan ser morto, fazendo isso em forma de tributo e se tornando a nova Wolverine. Sua diferença com Logan é que ela não possui um esqueleto completo de Adamantium, além de que possui apenas 2 garras e não 3 como Wolverine.

7-Jane Foster (Thor)

Jane Foster era uma enfermeira que trabalhava com o médico Dr. Donald Blake, identidade secreta de Thor. Com o convívio diário, o Deus do Trovão passa a se apaixonar por Foster, e ela por ele. Porém, Odin, o pai de Thor, não aceitava o casamento, fazendo uma única condição: que Jane fosse até Asgard, mundo natal de Thor, e mostrasse ser uma deusa divina merecida – mas ela não aguenta muito a pressão, fazendo os dois se separarem. Após encontros e desencontros com Thor, Jane consegue alcançar o martelo Mjölnir, e por ser merecedora de uma dignidade de coração, ela se torna a Deusa do Trovão. Enfrentando vilões muito fortes, Foster mostrou-se ser mais poderosa com o porte do martelo que Thor, liberando habilidades novas que o filho de Odin nunca conseguiu.

8-Riri Williams (Homem de Ferro)

A personagem negra foi introduzida nos quadrinhos em março de 2016, nas histórias do Homem de Ferro, Tony Stark. É uma gênio da ciência, e entrou para o Instituto de Tecnologia de Massachusetts com apenas 15 anos. Ela com certeza é um afronta aos preconceituosos tanto racistas quanto machistas. Ela irá ser a portadora legítima da armadura do Homem de Ferro – na verdade vai criar uma nova só pra ela baseada na tecnologia de Stark. Tony está com problemas pessoais e acaba se afastando do cargo de herói. Não sabemos se ela usará o nome “Homem de Ferro” ou ganhará um codinome novo.

9-Sam Wilson (Capitão América)

Sam Wilson embarcou nas histórias em quadrinhos como o Falcão, um dos poucos heróis negros ativos da Marvel. Homem negro, forte e astuto. Suas habilidades incluem comunicação telepática com pássaros, assim como a utilização de asas criadas pelo Pantera Negra,  para que possa voar. Lutou ao lado de Steve Rogers, o Capitão América, em muitas missões, ganhando experiências e depois se tornou líder dos Agentes da S.H.I.E.L.D. Rogers passa seu legado para Sam após perder o efeito do seu soro de super soldado, que dava força ao nosso Capitão America. Agora, Sam passa a se tornar o novo Capitão, portando o traje clássico.

Ficou curioso para acompanhar esses incríveis novos heróis? Esperamos que sim! A criação e desenvolvimento deles é muito importante para a construção de uma representatividade maior dos que possuem menos voz e imagem nos diversos ramos do entretenimento. Além disso, o fato de estarem causando tanta incomodação e desconforto é um alerta de que eles foram feitos no tempo certo. Continuem de olho nesses super heróis.

+ sobre o tema

Feminismo, empoderamento e solução: a singularidade de Karol Conka

Sucesso indiscutível entre a crítica e os internautas, a...

Camila Pitanga é eleita Embaixadora Nacional da Boa Vontade

Atriz ganhou o título da ONU Mulheres Brasil e...

para lembrar

15 coisas que você já ouviu sobre feminismo, mas que não passam de mentiras

'O feminismo é odiado porque mulheres são odiadas' A frase...

Guevedoces: o estranho caso das ‘meninas’ que ganham pênis aos 12 anos

Condição parece ligada a uma deficiência genética comum em...

Obesidade: Ofensas corporais e preconceito deixam as pessoas mais doentes

Chamar alguém de ‘gordo’ ou ‘magro’ pode ter sérias...

Seminário internacional Brasil/EUA debate violência contra mulher

Evento aborda programas para homens autores de violência Do MPSP O...
spot_imgspot_img

O atraso do atraso

A semana apenas começava, quando a boa-nova vinda do outro lado do Atlântico se espalhou. A França, em votação maiúscula no Parlamento (780 votos em...

USP oferece mais de 4 mil vagas em cursos gratuitos para público 60+

O programa USP 60+ completa 30 anos de sua criação e está com as inscrições abertas para o primeiro semestre de 2024. A abertura de vagas se...

É preciso sair da superfície

Há no Brasil um movimento pró-inclusão de bolsistas negros em universidades e escolas particulares de alto padrão. Na esfera pública, semana passada foi sancionada lei que...
-+=