Ao não achar roupas de seu tamanho, mulher cria marca em Chácara Santana

Preta, gorda, evangélica e feminista. É assim que Evelyn Daisy, 33, se define. Em julho deste ano, a moradora do bairro Chácara Santana, na zona sul, criou a marca de roupas “Preta Empoderada”.

Do Mural 

“Sou gorda e procuro fazer o possível para me vestir como quero, nem que para isso tenha que mandar confeccionar e desenhar as peças que eu desejo e que sei que ficam confortáveis em mim”, explica Evelyn.

O desejo de criar a marca, porém, vai além disso. Era um sonho, literalmente, de infância. “Eu tinha sonhos, sonhos mesmo, daqueles que se tem quando dorme. Eu sonhava que criaria roupas para mulheres gordas e que faria desfile com mulheres gordas. Nessa época, acho que o termo plus size nem existia”, recorda.

Para criar a marca, chegar ao nome “Preta Empoderada” não foi fácil. Evelyn lembra que fez até uma enquete com amigos. Entre os nomes que pensou, estavam “Preta é poder” e “Negra é poder”. Nenhum vingou.

“O ‘Preta Empoderada’ me foi dado como revelação (de Deus), então não consegui fugir dele. Fiz pesquisas que me convenceram (a usar esse nome)”, explica, ao revelar sua crença religiosa.

O termo “preta”, obviamente, refere-se à cor da pele. Mas Evelyn diz que todas as mulheres gordas, pretas ou não, são potenciais clientes.

Já o “empoderada”, afirma ter um significado maior. Para ela, o empoderamento é a mulher participar, com mais poder e igualdade, em todas as esferas da sociedade.

Feminista desde que nasceu, como se define, Evelyn passou a usar esse termo há pouco tempo. “Eu achava que feministas eram aquelas minas que ficam fazendo atos em locais públicos. Mas quando descobri que o feminismo é a defesa da igualdade entre homens e mulheres, vi que é isso que sou.”

A marca, recém-criada, ainda está em fase de investimento. Evelyn conta com a ajuda da costureira Cícera Ribeiro, 66, e quer ampliar o negócio para alcançar mais mulheres.

Os objetivos da empresária vão além da moda. “O projeto maior é o empoderamento da mulher preta e gorda”, afirma ela, que deseja criar eventos e palestras de moda plus size, trabalhar a autoestima e o empoderamento da mulher, assim como outros temas de saúde, alimentação saudável e prática de exercícios físicos.

A “Preta Empoderada” não tem loja física, mas participa de feiras e outros eventos ou realiza vendas por meio de sua página no Facebook.

Diogo Marcondes, 27, é correspondente de Cidade Ademar
[email protected]

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