As tendências (e os interesses) por trás da revista ‘The Economist’

Assim como a agência americana Moody’s, que na quarta-feira (24/02) rebaixou a nota da Petrobras de Baa3 para Ba2, fazendo a empresa ter um grau especulativo, a revista britânica The Economist também concedeu a si mesma o papel de juíza do Brasil. Segundo ela, o país vive seu pior momento econômico desde o início dos anos 90. Com o título “O atoleiro do Brasil”, a capa mostra uma passista de escola de samba presa em um pântano verde.

Do Jornal do Brasil

Não é a primeira vez que a Economist  dá seus palpites. A mesma publicação havia recomendado em seu editorial do dia 18 de outubro de 2014, o voto em Aécio Neves (PSDB) quando faltavam menos de dez dias para as eleições presidenciais. Nessa edição, a capa trazia a ilustração de uma mulher estilizada como Carmen Miranda, mas com ar de tédio e desconfiança e com frutas apodrecidas sobre a cabeça. Com o título “Por que o Brasil precisa de mudança?” (“Why Brazil needs change?”), o texto faz um balanço pessimista dos quatro anos de governo da presidente Dilma Rousseff (PT).

O mesmo havia acontecido em outubro de 2010, quando também faltavam dias para a votação do segundo turno. A Economistsugeriu o voto em José Serra (PSDB) defendendo a alternância de poder e a austeridade: “É difícil imaginar Dilma e o PT colocando um ponto final nos gastos públicos”, argumentava o artigo.

Voltando ainda mais no tempo, a revista britânica publicou em novembro de 2009 uma edição com uma capa que ficoufamosa. Nela, o Cristo Redentor aparece levantando vôo como um foguete.  Mas o tom era de puro otimismo na matéria intitulada “O Brasil decola” (“Brazil takes off”).

Na época, o mundo ainda estava atolado na crise financeira internacional e o Rio havia sido escolhido sede das Olimpíadas de 2016 apenas um mês antes. Os capitais de investidores ávidos por lucros rápidos fluíam para os países emergentes. A Economist deu destaque ao Brasil entre os Brics e mostrou suas vantagens. “Ao contrário da China, é uma democracia, ao contrário da Índia, não possui insurgentes, conflitos étnicos, religiosos ou vizinhos hostis. Ao contrário da Rússia, exporta mais que petróleo e armas e trata investidores estrangeiros com respeito”.

Quatro anos depois, em setembro de 2013, o Cristo Redentor voltava à capa, mas em queda livre. Falando do Brasil, a matéria carregava no tom alarmista: “Uma economia estagnada, um Estado inchado e protestos em massa significam que Dilma Rousseff deve mudar o rumo”

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O Jornal do Brasil já se pronunciou claramente contra a arbitrariedade das agências de classificação de risco, que se apresentam como isentas e imunes a pressões políticas e econômicas.

Agora, diante de capas caricatas e desrespeitosas de “renomadas” revistas, é sempre bom lembrar a famosa frase do escritor inglês William Shakespeare, esse sim uma autoridade em seu ofício: “A desconfiança é o farol que guia o prudente”.

A pergunta a se fazer é: Quais são os maiores interessados que estão por trás dessas “avaliações” negativas? Serão banqueiros apátridas que torcem pelo “quanto pior, melhor”? Quem estará ajudando a Economist a desqualificar o Brasil?

 

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