Ato do Escola Sem Partido em frente ao Colégio Bandeirantes é rejeitado por alunos

Motivada por posicionamento contrário da escola ao projeto, manifestação com panfletos e bateria foi contestada por alunos e professores

Por Igor Truz, do Painel Acadêmico

Na tarde desta quinta-feira (11/8), data em que é comemorado o Dia do Estudante no Brasil, militantes do Escola Sem Partido realizaram uma manifestação em frente ao Colégio Bandeirantes, na zona sul de São Paulo.

Por volta das 12h30, com faixas e uma bateria de instrumentos de percussão, eles distribuíram aos estudantes panfletos que defendiam suas pautas. Alunos e professores relataram que o barulho do ato pôde ser ouvido dentro das salas de aula. Segundo os organizadores, entre eles Cauê Bocchi, candidato a vereador pelo Partido Novo, a manifestação foi autorizada pela Polícia Militar.

O ato foi motivado pela posição contrária do Bandeirantes ao movimento. Em debate promovido pela Folha de S. Paulo na última semana, o diretor-presidente do Colégio, Mauro de Salles Aguiar, afirmou que o “projeto é autoritário e vai contra a prática mais moderna da Educação”.

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Foto: Igor Truz

Gênero

A manifestação de hoje foi rejeitada por estudantes e professores do Colégio, que discutiram com os manifestantes. Mesmo após o encerramento do ato, os organizadores foram contestados por mais de uma hora por cerca de 20 alunos na esquina da escola. Alguns jovens chegaram a levar cartazes contra o projeto.

A proibição de aulas sobre gênero no ensino básico, defendida pelo Escola Sem Partido, foi o ponto mais questionado pelos estudantes. “Imagina que um aluno está chamando o amiguinho de gay ou falando que odeia os homossexuais. O professor está ali para ensinar e dizer: ‘o que você está fazendo é errado, isso se chama homofobia e não é certo’”, disse uma das alunas aos militantes.

Um dos participantes do ato, Leandro Mohallem, militante do movimento Juntos Pelo Brasil, afirmou que ensinar para crianças que homens e mulheres são iguais é uma pseudociência.

“A psicologia evolutiva diz claramente que existe diferença entre o cérebro do homem e o da mulher, que eles evoluíram de forma diferente. Você não pode chegar e dizer para a criança que não tem diferença. Isso é pseudociência. É pior do que ensinar criacionismo na escola”, afirmou Mohallem.

Motivação

Segundo Cauê Bocchi, o ato de hoje foi motivado por um debate sobre o Escola Sem Partido promovido pelo jornal Folha de S. Paulo na última quarta-feira (3/8). O evento reuniu Miguel Nagib, fundador do Escola Sem Partido, e Mauro de Salles Aguiar, diretor-presidente do Colégio Bandeirantes contrário ao movimento.

O debate foi marcado por um clima de tensão. Apoiadores do movimento que estavam na plateia interromperam a fala de Aguiar logo no início de sua exposição crítica ao projeto. Ofensas foram trocadas entre os debatedores.

“A gente está tentando ter um postura que foi contrária a que o diretor do Bandeirantes teve no debate da Folha”, afirmou Bocchi.

Considerado um dos colégio mais tradicionais de São Paulo, o Bandeirantes é um dos membros da Abepar (Associação Brasileira das Escolas Particulares). No início de julho, a entidade se manifestou publicamente contra o movimento e defendeu o “diálogo em vez da proibição”.

No debate da Folha, Aguiar afirmou que o Escola Sem Partido é “um projeto autoritário que vai contra a prática mais moderna de educação”.

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