Chico Tabibuia

Francisco Moraes da Silva, Chico Tabibuia (Silva Jardim RJ 1936 – Barra de São João, Casimiro de Abreu RJ 2007). Escultor. Aos 10 anos esculpe seu primeiro boneco com pênis. Repreendido pela família, a escultura foi jogada fora. Volta anos mais tarde a fazer alguns bonecos mas só começa a esculpir regularmente no fim da década de 70. Até 1988, alterna o trabalho artístico com o de lenhador, uma de suas atividades mais duradouras – é dessa profissão que provém seu nome artístico: tabibuia é um tipo de madeira da Mata Atlântica.
Tabibuia, Chico (1936 – 2007)

Críticas

“Ora, ao retratar o sobrenatural Exu, sob as suas mais diversas formas, inclusive sob a dualidade masculino/feminino, Tabibuia estaria assumindo um papel de pessoa já externa à religião da umbanda. Com a possível contradição – tão comum na arte e na vida – de não ter abandonado em profundidade as crenças relativas a ela, já que atribui às esculturas um papel quase votivo e sem dúvida exorcizador dos dissabores causados por Exu, que ele agora identifica Lúcifer. Legitimado pela religião evangélica para a retratação do orixá, não mais transgressor porque livre da interdição do mistério, por outro lado Tabibuia declara que, ao representar os exus, faz com que fiquem aprisionados na escultura, ´para não fazerem mais mal ao povo´, ficando cada vez mais ´fugidos das matas´, onde poderiam atuar em liberdade.”

Ficam patentes nessas suas palavras, e na sua obra realizada, as grandes energias que envolvem a um tempo concentração, prazer e sofrimento, mobilizadas pelo escultor em seu trabalho, ao transformar uma força natural em forma viva, porque criativa”. Lélia Coelho Frota

Frota, Lélia Coelho, pref. In: Pardal, Paulo. A escultura mágico-erótica de Chico Tabibuia. 2. ed. rev. e aum. p. 16.

“As esculturas de madeira de Tabibuia constituem um documentário impressionante da configuração de imagens arquetípicas, no caso, de bonecos dotados de falos de proporções exageradas. Pode-se admitir que acontecimentos da vida individual de Tabibuia hajam reativado na profundeza do inconsciente a matriz arquetípica onde vieram tomar forma as rudes imagens fálicas que suas obras exprimem. 

Não faltam, para esse fenômeno, paralelos mitológicos dos mais diversos tipos. Príapo é divindade grega provida de falos erecto e dimensões excessivas e foi muitas vezes representado em estátuas romanas esculpidas sobre madeira de figueira. 
Nas procissões em honra de Dionysos, era conduzido numa cesta, entre frutos, um falo que teria sido talhado em figueira, pelo próprio Dionysos. Filia-se assim Tabibuia a uma tradição milenar”. Nise da Silveira.”

Silveira, Nise da. In: Pardal, Paulo. A escultura mágico-erótica de Chico Tabibuia. 2. ed. rev. e aum. p. 14.

“Em seu processo criador, de fundo ritualístico, Tabibuia parte sempre do tronco e nele se mantém. A peça é inteiriça, sem encaixe. São raríssimos os acréscimos. Há apenas desbaste. Madeira nua, tratada apenas com formão e martelo. Raríssima a presença da cor, ausentes quase sempre ranhuras, torneados e outras distrações decorativas. A escolha da matéria-prima e a fidelidade à volumetria original do tronco da árvore delimitam seu campo expressivo, circunscrevendo a forma. E como sua temática é deliberadamente restrita – uma realidade mítica fechada sobre si mesma, sem transcendência – há uma adequação perfeita entre conteúdo, forma e material.  A forma fálica exerce papel preponderante em sua escultura. Tudo é ou pode se transformar em falo: cabeça, perna, braço, pescoço, vagina, seios, os cornos do Exu, até a glote e o esôfago, enfim, o corpo inteiro do homem e também de animais. Abordando ousadamente a bissexualidade do ser humano, tão freqüente na mitologia e em civilizações milenares, a androginia, o autocoito e a autofelação, surgem, como conseqüência, situações híbridas, como seios-escrotais, falos-vaginais, glandes-cabeças, bem como a representação de práticas sexuais simultâneas e coletivas – anais, vaginais (…)”.Frederico Morais.

Morais, Frederico. Chico Tabibuia. Jornal da Galeria Nara Roesler, n. 2.

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Exposições Individuais
1984 – Casimiro de Abreu RJ – Individual, na Casa Casimiro de Abreu/Funarj, em Barra de São João

1989 – Casimiro de Abreu RJ – Individual, na Casa Casimiro de Abreu/Funarj, em Barra de São João

1989 – Rio de Janeiro RJ – Individual, na Sala de Exposição Cândido Portinari/UERJ

1989 – Niterói RJ – Individual, no Museu Histórico do Rio de Janeiro (Palácio do Ingá)

1989 – Cabo Frio RJ – Individuais, na Galeria Brilho das Artes

1992 – Rio de Janeiro RJ – Individual, no MNBA

1996 – São Paulo SP – Individual, na Galeria Nara Roesler

Exposições Coletivas
1981 – Casimiro de Abreu RJ – Coletiva, na Casa Casimiro de Abreu

1983 – Casimiro de Abreu RJ – Coletiva, na Casa Casimiro de Abreu

1985 – Casimiro de Abreu RJ – Coletiva, na Casa Casimiro de Abreu

1986 – Casimiro de Abreu RJ – Coletiva, na Casa Casimiro de Abreu

1987 – Paris (França) – Brésil – Arts Populaires, no Grand Palais

1988 – Brasília DF – Brasil: Arte Popular Hoje, no Museu de Arte

1988 – João Pessoa PB – Brasil: Arte Popular Hoje, no Centro Cultural do São Francisco

1992 – Rio de Janeiro RJ – Viva o Povo Brasileiro, no MAM/RJ

1995 – Rio de Janeiro RJ – Libertinos/Libertários, no Palácio Gustavo Capanema/Funarte

1998 – São Paulo SP – Fronteiras, no Itaú Cultural

2000 – São Paulo SP – Cá Entre Nós, no Paço das Artes

Fonte: www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic

Pesquisa e seleção de imagens: Carlos Eugênio Marcondes de Moura

Imagens obtidas em Google Imagens

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