Coleção da Maria Filó com estampa de escravos causa revolta em consumidores

A rede de moda feminina Maria Filó é alvo de polêmica nas redes sociais nesta sexta-feira (14/10)  pela comercialização de peças de roupas com uma estampa que retrata a escravidão no Brasil. O caso ganhou notoriedade depois que uma consumidora do Rio de Janeiro postou a imagem de uma das peças em seu Facebook e fez um desabafo.

no Jornal Opção

estampa-top-escravidao

“Começo a olhar as roupas e me pergunto: Confere? É uma estampa de escravas entre palmeiras. É uma escrava com um filho nas costas servindo uma branca? Perguntei à vendedora se aquela estampa tinha alguma razão de ser ou se era só uma estampa racista mesmo”, relatou Tâmara Isaac.

— Fiquei chocada. Não é possível que esse seja o tema de uma campanha. Eu perguntei para a vendedora se tinha algum sentido naquilo ou se era apenas uma estampa racista. Ela só me disse que era a coleção sobre o Brasil — contou Tâmara, que é servidora pública.


Até a manhã desta sexta-feira (14/10), a publicação já tinha mais de 400 compartilhamentos e milhares de comentários de internautas de consumidoras revoltadas com a escolha da marca. Muitos também se voltaram ao Facebook oficial da marca de roupas, com comentários tecendo críticas ao conteúdo das peças.

“Uma marca de roupa em pleno 2016 fazer uma estampa fazendo apologia a escravidão e racismo é tão absurdo que eu nem sei por onde começar a expressar minha indignação. já comprei, não compro nunca mais. noção e bom senso passaram longe”, escreveu uma consumidora.

Aos internautas, a Maria Filó tem respondido que pretende retirar a estampa da loja, mas explica que as peças foram inspiradas nas obras do pintor francês Debret, famoso por retratar cenas do Brasil do século XIX.

“Gostaríamos de fazer um esclarecimento. A estampa em questão buscou inspiração na obra de Debret. Em nenhum momento tivemos a intenção de ofender. Pedimos sinceras desculpas e informamos que já estamos tomando as devidas providências para que a estampa seja retirada das lojas.”

O pintor francês Jean-Baptiste Debret foi um dos principais artistas que integraram a expedição que veio ao país nos anos 1800 para retratar a vida no então Reino Unido do Brasil, a chamada Missão Artística Francesa. Ficou famoso por quadros que escancaravam a violência contra a população negra e indígena.

Um dos mais famosos é “Castigo de Escravo”, que retrata um negro sendo açoitado:

acoite

Mais polêmica
A Maria Filó é uma marca brasileira criada pela estilista Célia Osório. fundada em 1997 no Rio de Janeiro, hoje a grife está presente em várias capitais do País e é reconhecida no circuito de moda nacional.

Em 2015, a grife se envolveu em uma outra polêmica depois que Alberto Osório, um dos diretores da empresa, teria dito a uma funcionária gestante que em breve demitiria todas as funcionárias mulheres e contrataria apenas gays pois eles não engravidam.

Indignada, a funcionária fez uma denúncia de assédio moral por discriminação e seu post teve vários compartilhamentos, além de resultar em uma campanha de boicote à marca.

Na época, a Maria Filó afirmou que “na intenção de criar um clima descontraído e no tom brincalhão pelo qual é conhecido na empresa, nosso diretor Alberto Osório acabou fazendo um comentário que, fora do contexto, foi inadequado”.

“Somos uma empresa feita para mulheres e por mulheres em sua grande maioria. Temos muito orgulho de apoiar nossas grávidas e participar do crescimento de uma série de famílias”, disse a rede por meio do comunicado.

filo

+ sobre o tema

para lembrar

Empresa de Franca é condenada por racismo

Fonte: Cosmo Online - No setor em que um funcionário...

Ministro da Igualdade Racial diz que falta de punição estimula casos de racismo

Fonte: G1 Ele citou agressão contra negro suspeito de...

Ludmilla prestará queixa contra apresentador que a chamou de “macaca” na TV

Ludmilla prestará queixa contra o apresentador Marcão Chumbo Grosso,...
spot_imgspot_img

Quanto custa a dignidade humana de vítimas em casos de racismo?

Quanto custa a dignidade de uma pessoa? E se essa pessoa for uma mulher jovem? E se for uma mulher idosa com 85 anos...

Unicamp abre grupo de trabalho para criar serviço de acolher e tratar sobre denúncias de racismo

A Unicamp abriu um grupo de trabalho que será responsável por criar um serviço para acolher e fazer tratativas institucionais sobre denúncias de racismo. A equipe...

Peraí, meu rei! Antirracismo também tem limite.

Vídeos de um comediante branco que fortalecem o desvalor humano e o achincalhamento da dignidade de pessoas historicamente discriminadas, violentadas e mortas, foram suspensos...
-+=