Estudantes e movimento negro ocupam reitoria da UFRGS contra mudanças na política de cotas

O saguão da Reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) foi ocupado, na tarde desta quinta-feira (22), por dezenas de estudantes e jovens militantes do movimento negro contrários ao Parecer 239/2016, que restringe o acesso de cotistas à instituição. Previsto para ser votado na manhã de sexta-feira (23) pelo Conselho Universitário, o parecer elaborado pela Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) modifica o regime de concorrência para cotistas, determinando que o estudante precise escolher entre se inscrever como cotista ou tentar entrar por acesso universal.

Atualmente, quando um candidato que tem direito a cota atinge uma média suficientemente alta para entrar no curso por acesso universal, ele “libera” a vaga para um cotista de média mais baixa. Com isso, no último ano, mais de 400 estudantes que são oriundos de escolas públicas entraram pelo acesso universal. “Tem entrado cerca de 60% de estudantes egressos de escola pública, periféricos, pobres, a UFRGS está muito pública. Caso o parecer seja aprovado, vai acontecer uma elitização da universidade”, explica Negralisi da Rosa, estudante de Enfermagem e uma das ocupantes da Reitoria.

Ela relata que, com o Parecer, as divisões nos tipos de cotas permanecem, assim como a reserva de 50% de vagas, mas se perde o direito à concomitância. “Estamos desde o início querendo o diálogo com a Prograd e eles se recusam. Então, decidimos ocupar e vamos ficar aqui até o horário da votação”, afirma ela. A reunião do Consun está marcada para as 8h, por isso, os ocupantes pretendem passar a noite no local. Eles incentivam mais pessoas a levarem mantimentos e se juntarem ao movimento.

No saguão da Reitoria, já há cartazes contrários à proposta, enquanto mais ocupantes chegam ao local e sentam no chão, confraternizam e se organizam. Às 18h, teve início uma aula pública “contra o golpe das cotas”, organizada pelo coletivo Balanta, que inicialmente estava marcada para acontecer na Faculdade de Educação, mas foi transferida após a ocupação. Em seguida, os movimentos realizam uma assembleia da ocupação.

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