Finlândia quer abandonar o ensino de disciplinas nas escolas

A Finlândia já tem um dos melhores sistemas de educação do mundo, que ocupa as posições de topo na matemática, nas línguas e na ciência dos prestigiados rankings PISA da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico. Somente países do oriente, como a Singapura e a China conseguem superar o país nórdico.

Por MÁRIO RUI ANDRÉ, do Shifter

iStockphoto

 

Políticos e especialistas em educação de todo o mundo olham para o país como um exemplo e tentam replicar nos seus sistemas de ensino o sucesso que lhe reconhecem.

Mas a Finlândia não está a descansar nos seus louros. Está a preparar a maior reforma na educação de sempre, abandonando o tradicional ensino por disciplinas e implementando um ensino por tópicos. Algumas disciplinas principais, como Literatura Inglesa e Física, já estão a ser eliminadas das turmas de 16 anos em escolas da capital Helsínquia.

Em vez disso, os jovens finlandeses estão a aprender por tópicos, como a “União Europeia”, que engloba a aprendizagem de economia, história, línguas e geografia. Num ponto de vista mais profissional, um aluno que queira especializar-se em restauração opta por um curso que inclui matemática, línguas (para clientes estrangeiros), competências de escrita e habilidades de comunicação oral.

Ou seja, nada de uma hora de história, seguida de uma hora de química e de uma hora de matemática. A ideia é eliminar uma das maiores interrogações dos estudantes: “porque tenho de aprender isto?”. No novo modelo finlandês, todos os assuntos leccionados estão interligados e existem motivos práticos para os aprender.

“Aquilo de que precisamos agora é de um tipo de educação diferente que prepare as pessoas para o mercado de trabalho”, explicou Pasi Silander, responsável pelo desenvolvimento da cidade de Helsínquia, ao jornal The Independent, salientando que com os avanços tecnológicos algumas formas de ensino deixaram de fazer sentido. “Os jovens já usam computadores avançados. No passado, os bancos tinham muitos funcionários a fazer cálculos, mas agora tudo mudou. Temos, portanto, de fazer as mudanças na educação necessárias para a indústria e sociedade modernas.”

A maioria dos professores sempre leccionou disciplinas individuais ao longo das suas carreias e por isso são muitos os que se opõem a estas mudanças. Não é difícil percebermos porquê: o novo sistema é muito mais colaborativo, forçando os profissionais de diferentes áreas a juntarem-se para definir o plano curricular. Marjo Kyllonen, responsável pela educação na capital finlandesa e um dos autores desta reforma, baptizou o novo modelo de “co-teaching” e assegura que os professores que concordarem com ele vão receber bónus salariais.

Cerca de 70% dos professores das escolas básicas de Helsínquia ja foram preparados para o novo modelo, de acordo com Silander. “Mudámos mesmo a mentalidade. É ligeiramente difícil convencer os professores a entrar na nova abordagem e a dar o primeiro passo… mas aqueles que o fizeram dizem que não conseguem voltar atrás.”

O novo sistema de ensino finlandês está a ser “testado” em Helsínquia, mas a intenção dos responsáveis da capital é que este seja aplicado em todo o país por volta de 2020.

 

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