Homem hétero não tem amigo gay. Veja três histórias que desmentem essa ideia

Livre dos preconceitos e respeitando as diferenças, homens heterossexuais constroem relações de cumplicidade e parceria com seus melhores amigos homossexuais

O melhor amigo gay faz parte do mundo de muitas mulheres, a ponto deles serem indispensáveis em seu dia a dia. Mas eles não estão presentes só na vida delas. Muitos homens heterossexuais também têm uma relação de amizade profunda com outros homens homossexuais.

Esse é o caso dos músicos Bruno Palma e Leonardo Scripitore, ambos com 28 anos. Quem passa alguns minutos com eles, percebe logo um nível de intimidade que só uma amizade cheia de cumplicidade propicia.

Hoje tão evidente, a intimidade começou a ser construída em 1994, quando eles tornaram-se amigos aos 8 anos de idade, na terceira série do ensino fundamental.

“O Leo ficava na minha frente na fila por tamanho, estudamos a vida toda juntos. Éramos do grupo mais nerd, que sofria bullying. Acho que isso aproximou muito a gente”, conta Bruno sobre seu melhor amigo.

A relação não se abalou nem quando Bruno, aos 15, se assumiu para o amigo. “Ele falou pra mim: ‘Preciso te contar uma coisa, pela nossa amizade. Eu sou gay’. Eu respondi que tudo bem e assim aconteceu. Minha única surpresa foi porque ele era o cara que pegava mais mina na turma”, relembra Leonardo, sem conseguir conter o riso.

“A sinceridade fortaleceu ainda mais nossa relação”, observa Bruno. Ao lado do amigo Magoo, os dois têm uma banda de rock, a Twinpines. No trabalho do grupo há espaço tanto para músicas que falam do amor hétero quanto para as relacionados ao amor gay. Os três músicos até gravaram o EP “Beige” com cinco musicas sobre relações homoafetivas, em 2012, graças a um edital da Prefeitura de São Paulo voltado a projetos LGBT.

“Só foi meio difícil no começo. As composições são do Bruno, como se trata mais dos sentimentos dele, então na hora de interpretar tive que me adaptar”, explica Leonardo, que é vocalista da Twinpines.

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As questões LGBTs também foram para o palco da Twinpines quando algumas personalidades públicas controversas, como o pastor Silas Malafaia e o deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP), deram declarações consideradas homofóbicas. Nessas ocasiões, Bruno tocou guitarra de vestido.

“Eu não sou participante de nenhuma organização de causas gay, mas faço muita questão de falar sobre elas, seja em música, nos shows ou em conversas”, defende Bruno.

A relação de Bruno e Leonardo tem similaridade com uma parceria musical famosa do rock nacional. O cantor Cazuza(1958-1990) e o cantor e guitarrista Roberto Frejat também eram uma dupla apaixonada por música, que era formada por um amigo gay e um hétero. No início dos anos 80, eles formaram, junto com outros integrantes, o grupo Barão Vermelho, que existe até hoje, liderado agora por Frejat. O filme “Cazuza – O Tempo Não Pára” (2005), dirigido por Sandra Werneck e Walter Carvalho,  retrata um pouco desta história.

Papos sobre amor e profissão

“Quando ficamos amigos, eu estava em uma fase vulnerável, sinto que ele me guiou por uma evolução pessoal e profissional. Me deu os recursos que eu precisei para ir me construindo”. É assim que o fotógrafo Felipe Prado, 25, define a importância em sua vida do seu amigo gay, o designer Anderson Salvador, 26.

O sentimento é reciproco. Anderson se derrete ao falar do amigo. “O Fe é um irmão. Antes de ele surgir na minha vida, eu não acreditava muito nesse tipo de amizade. É alguém com quem eu posso contar para qualquer coisa”, declara o designer, sobre a amizade nascida em 2010, quando eles se conheceram numa agência de publicidade em que trabalharam juntos.

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Da mesma maneira que Anderson se preocupa com a vida profissional do amigo, Felipe ajuda o designer em seus problemas amorosos. “Se for um cara cafajeste, que pesa muito na dele, ou carente, eu fico incomodado e dou um toque. Mas fora isso, eu lido da mesma maneira que eu lido com qualquer outra pessoa hétero ou gay”, pondera o fotógrafo.

O publicitário Leonardo Marconi e o relações públicas Alan Cruz, ambos de 25 anos, também tem altos papos sobre relacionamentos. “Eu falo mais sobre minha namorada do que o Alan sobre os romances dele, mas ele desabafa também”, confessa Leonardo.

A namorada tem um papel importante na história. Já que foi ela que apresentou os dois. Mas as conversas não giram apenas em torno de dilemas amorosos.

Leonardo e Alan também conversam sobre outros assuntos, como futebol, games e música. Como qualquer outra dupla melhores amigos faria.

 

Fonte: iGay

 

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