Incra reconhece território quilombola pela primeira vez no Paraná

Foto: Carolina Goetten

Portaria de reconhecimento oficializará os limites da comunidade Paiol de Telha, para depois viabilizar a desapropriação; é possível que o decreto seja assinado durante as comemorações do Dia da Consciência Negra

Nesta terça-feira (21), o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) vai assinar a portaria de reconhecimento da comunidade quilombola Invernada Paiol de Telha, primeiro território do Paraná a chegar no processo de titulação. O ato de assinatura será às 9h, no Ginásio de Esportes do município de Reserva do Iguaçu (PR).

A portaria de reconhecimento oficializa os limites do território quilombola e antecede o decreto de declaração de interesse social da área, que viabiliza a desapropriação. Pelas informações obtidas junto ao Incra, é possível que o documento seja assinado ainda este ano, durante as comemorações do Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro.

Uma vez formulado o decreto, o Incra deverá realizar vistorias de avaliação das áreas hoje ocupadas pela Cooperativa Agrária, grande produtora de commodities na região. Após o resultado da avaliação, o instituto vai ajuizar as ações de desapropriação, com a consequente devolução do território para os quilombolas.

Histórico

Desde 1860, as cerca de 300 famílias que viviam na área tradicional foram expulsas violentamente por imigrantes alemães – fundadores da Cooperativa Agrária – na década de 1970. Desde então, os quilombolas estão divididos em quatro núcleos: Pinhão, Guarapuava, Assentamento e Barranco, sendo que este último está localizado às margens de uma estrada local, onde vivem em condições precárias.

O processo de titulação da comunidade caminhou a passos lentos, desde 2005, quando foi aberto no Incra. Só em 2013 que o caso do Paiol de Telha ganhou visibilidade com o julgamento pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) de uma ação movida pela Cooperativa Agrária, que questionou a “inconstitucionalidade” do processo administrativo para a titulação do território.

O julgamento terminou no dia 19 de dezembro com 12 votos a 3, vitória significativa diante de um quadro de pressão pela derrubada do Decreto 4887/03, que é alvo de ação direta de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal.

Fonte: Brasil de Fato 

+ sobre o tema

Maritacas

Fonte: Ìrohin - por: Edson Lopes Cardoso Quem pode passar o...

Racismo: apesar de polêmicas, entidades sinalizam avanços

Associações e ativistas em defesa do negro apontam que...

Ativistas querem R$ 3 bilhões para combate ao racismo

Ativistas lançam na próxima quinta-feira (14), às 20 horas,...

O samba era visto como instrumento de controlo das massas, entrevista a Nei Lopes

Em 1942 a Música Popular Brasileira ganharia novos rumos...

para lembrar

Três conselheiros participam oficina promovida pela Seppir

Os conselheiros Edgar Moura, Regina Nogueira e Olídia da...

Estudo mostra que maioria da população paraense é formada por negros

Estado colonizado por portugueses, negros e índios, o...

Netinho: Lei da Cultura Afro-Brasileira nas escolas faz 10 anos

A Lei 10.639, que completa 10 anos, foi...

Governo do RS acelera ações e recursos para igualdade racial

Ministra da Igualdade Racial participa de reunião do Conselhão...
spot_imgspot_img

Brasília negra

Antes de abrigar os principais prédios públicos do país, a Esplanada dos Ministérios era um campo aberto onde descendentes de escravizados levavam o gado...

Educação antirracista é fundamental

A inclusão da história e da cultura afro-brasileira nos currículos das escolas públicas e privadas do país é obrigatória (Lei 10.639) há 21 anos. Uma...

Quilombo de Mãe Bernadete é reconhecido pelo governo federal

A comunidade Pitanga dos Palmares, da líder quilombola Mãe Bernadete, assassinada em agosto do ano passado na Bahia, foi reconhecida e declarada como Comunidade Remanescente de Quilombo pelo...
-+=