Laura Cardoso, aos 89 anos: ‘O feminismo é necessário. Sou feminista desde menina’

“Desculpas esfarrapadas”, disse a atriz sobre o caso Zé Mayer.

Laura Cardoso, 89 anos, mais de 70 só de carreira. Ícone da teledramaturgia, compila em seu currículo mais de 80 produções para a televisão e outras dezenas para o teatro e o cinema.

Referência para mulheres do seu tempo, e outras tantas que nasceram depois dela, Cardoso não hesita em se declarar feminista “desde menina”, mesmo fazendo parte de uma geração em que “o feminismo” é interpretado cheio de preconceitos.

Em entrevista publicada na revista Veja, a atriz considera o feminismo como “uma luta que deve prosseguir”.

“É a luta da mulher pela sua liberdade, pela sua vida, pelo que ela quer, sonha. O feminismo é uma luta que tem que ser apoiada, registrada. Já foi muito ruim para a mulher, ela era posta de lado em todos os sentidos. O feminismo é uma luta que vale a pena e deve prosseguir. Já se conquistou muita coisa, mas acho que ainda falta dar mais crédito, respeito de verdade à mulher”, declarou.

Sobre o caso do ator Zé Mayer, ela categoriza o evento como “infeliz”, mas nem por isso defende a atitude do colega. Considerou ingênuo o pedido de desculpas do ator: “Desculpas esfarrapadas”, disse.

Ela apoiou a atitude das profissionais da Globo que se manifestaram sobre o ocorrido. Afirmou, ainda, que se estivesse no Rio de Janeiro teria vestido a camisa do movimento.

“Estou do lado das colegas, ‘mexeu com uma, mexeu com todas’. E ponto final”, afirmou.

Consolidado como um movimento que defende a igualdade entre homens e mulheres, e quer romper com as opressões e violências históricas que permeiam a vida delas, há uma teoria do feminismo que o divide em ondas, cada qual com suas características e conquistas.

Nos anos 60, Cardoso acompanhou de perto aquela que ficou conhecida como a segunda onda do movimento. De acordo com ela, as mulheres da classe artística “sempre viveram essa luta”.

“A gente lutou e brigou porque queria esses direitos que a mulher deveria ter e que lhes foram negados durante muito tempo. O feminismo é necessário”, argumenta.

A atriz iniciou sua carreira ainda na adolescência. Por sempre ter vivido no meio artístico, ela o considera “menos machista”.

“No meio artístico, as pessoas são mais abertas, elas leem mais, há um respeito. Mas não é uma santidade, tem seus altos e baixos, seus tropeços”, explica.

Questionada, porém, se ela já havia sofrido assédio, Cardoso afirmou à Veja que “toda mulher já sofreu” e defende que o tema seja discutido na escola e em todas as famílias. Só assim, segundo ela, temos chances de diminuir os casos.

+ sobre o tema

Feminismo, empoderamento e solução: a singularidade de Karol Conka

Sucesso indiscutível entre a crítica e os internautas, a...

Camila Pitanga é eleita Embaixadora Nacional da Boa Vontade

Atriz ganhou o título da ONU Mulheres Brasil e...

para lembrar

15 coisas que você já ouviu sobre feminismo, mas que não passam de mentiras

'O feminismo é odiado porque mulheres são odiadas' A frase...

Guevedoces: o estranho caso das ‘meninas’ que ganham pênis aos 12 anos

Condição parece ligada a uma deficiência genética comum em...

Obesidade: Ofensas corporais e preconceito deixam as pessoas mais doentes

Chamar alguém de ‘gordo’ ou ‘magro’ pode ter sérias...

Seminário internacional Brasil/EUA debate violência contra mulher

Evento aborda programas para homens autores de violência Do MPSP O...
spot_imgspot_img

Medo de gênero afeta de conservadores a feministas, afirma Judith Butler

A primeira coisa que fiz ao ler o novo livro de Judith Butler, "Quem Tem Medo de Gênero?", foi procurar a palavra "fantasma", que aparece 41...

O atraso do atraso

A semana apenas começava, quando a boa-nova vinda do outro lado do Atlântico se espalhou. A França, em votação maiúscula no Parlamento (780 votos em...

Fernanda Melchionna lança seu primeiro livro em Cachoeirinha neste domingo; “Tudo isso é feminismo?”

“Tudo isso é feminismo?” – uma visão sobre histórias, lutas e mulheres” marca a estreia de Fernanda Melchionna, no universo do livro. A bibliotecária...
-+=