Lilico depois das férias.

Começava mais um semestre na sala de Lilico. Os alunos que se conheciam mal conseguiam se controlar para expressar a felicidade do reencontro e principalmente de contar as novidades.

Enviado por Noriko Izumi Kawabata via Guest Post para o Portal Geledés

Na sala reinava uma deliciosa bagunça, entre risos e gritinhos. Lilico também participava desta alegria, pois já fizera grandes amigos este ano e se sentia aceito e feliz.

Dentre os alunos novos que vieram transferidos de outra escola, vinha uma menina chamada Clara. Tinha os cabelos longos e loiros, se apresentava muito bem vestida e com uma linda mochila rosa. Não fazia um mínimo gesto amigável para os colegas, muito pelo contrário. Olhava a turma com ar impertinente e arrogante. O maior alvo de desprezo da menina era o Lilico por ele ser negro.

Leia Também: Lilico por Noriko Izumi Kawabata

Depois do primeiro dia, vieram outros dias e outras semanas. Tudo transcorria normalmente, até que numa segunda-feira, a professora fez uma proposta de trabalho em duplas.

A maioria aprovou a idéia e festejou com alegria, menos a menina Clara, que com ar de contrariedade, abaixou a cabeça na carteira esperando que a professora não se lembrasse dela.

Ao fazer o sorteio, a professora, foi anunciando as duplas e para surpresa de todos ao sortear o par para Lilico saiu o nome de Clara.

Na classe pairou um clima de suspense e para o espanto de todos, a menina foi tomada por uma raiva incontrolável. Levantou-se da carteira e gritou para todos que não se sujeitaria a conversar com uma pessoa “tão diferente” e que jamais faria um trabalho com ele.

Leia Também:  Somos todos seres humanos

Lilico levou um choque com a atitude dela, mas todos se mostraram solidários ao colega. Assim, se sentiu confortado pelos amigos, mas uma grande tristeza se apossa de seu coração.

A professora, percebendo a situação, contou na sala a seguinte história:

O dia em que o sol e a chuva se encontraram

Um dia o sol passeava imponente pelo céu azul convicto de sua supremacia. Arrogante, falava para todos que encontrava o quanto era importante para a vida na terra. Só a sua presença iluminava a todos e sem ele todos iriam ter apenas a companhia da escuridão.

A chuva também saiu para passear e também ciente de sua importância, se gabava com todos que encontrava, dizendo: – Sou muito importante, pois sem mim não poderia existir vida somente a seca e aridez. Portanto não existe nada mais importante que a minha presença.

Quando os dois se encontraram. Lógico que começou uma grande discussão. Um queria provar que era mais importante que o outro. Quanto mais a discussão se tornava sério, o sol começou a brilhar com mais intensidade e a chuva começou a chover mais forte.

Nisso, para a surpresa de todos, inclusive para os dois, apareceu no céu algo lindo com as cores mais fortes e maravilhosas que alguém já havia visto: um lindo ARCO-ÍRIS

Finalmente entenderam que para convivermos e trabalharmos juntos não precisamos ser iguais, muito pelo contrário, muitas vezes é a diferença que vai contribuir para um resultado melhor, mas o que realmente importa é saber aceitar e respeitar o outro.

Depois de contar esta história, ela reuniu a turma para uma roda de conversa e começaram a discutir o tema.

Cada aluno foi dando a sua opinião a respeito da história e fazendo uma reflexão sobre a lição que poderia extrair para suas vidas. Ao chegar a vez da menina Clara, muito emocionada ela pediu desculpa ao Lilico e à classe.

Profª Noriko Izumi Kawabata

** Este artigo é de autoria de colaboradores ou articulistas do PORTAL GELEDÉS e não representa ideias ou opiniões do veículo. Portal Geledés oferece espaço para vozes diversas da esfera pública, garantindo assim a pluralidade do debate na sociedade.

+ sobre o tema

para lembrar

Kiriku e a Feiticeira

Kiriku e a Feiticeira. Na África Ocidental, nasce um menino...

Oficinas de Arte afro-brasileira

É do conhecimento geral que a influência africana em...

Educação, relações étnico-raciais e a Lei 10.639/03

Por Nilma Lino Gomes Introdução A Lei nº 10.639/03 que estabelece...
spot_imgspot_img

Geledés e Alana lançam pesquisa sobre municípios que colocam a Lei 10.639/03 em prática

Em Diadema (SP), após um ano de implementação da Lei 10.639/03, que há 20 anos alterou a LDB e instituiu a obrigatoriedade do ensino da história e...

Ensino de história negra não é cumprido, dizem debatedores

As redes de educação não cumprem satisfatoriamente a obrigação, estabelecida pela Lei 10.639, de 2003, de ensinar sobre a história e a cultura afro-brasileiras....

Ação Educativa lança edital para selo comemorativo de 20 anos da lei 10.639

A Ação Educativa Assessoria Pesquisa e Informação, associação civil sem fins lucrativos, está com inscrições abertas para o Edital do concurso do Selo Comemorativo de 20 anos...
-+=