Livro “Mulheres Negras” será lançado nesta segunda, em Cubatão

A trajetória de vida das mulheres negras na sociedade brasileira é o mote principal do livro “Mulheres Negras: Histórias de Resistência, de Coragem, de Superação e Sua Difícil Trajetória de Vida na Sociedade Brasileira”, que relata a história de vida de oito mulheres negras, de origem pobre, que conseguiram ascender socialmente, politicamente ou profissionalmente.

 

No Resenhando  

 

A obra é o resultado de um trabalho de pesquisa científica de conclusão do curso de graduação em Serviço Social, dos estudantes e agora profissionais do serviço social, Adeildo Vila Nova e Edjan Alves dos Santos que, por mais de um ano, envolveram-se com essa temática. Com uma pesquisa bibliográfica extensa e mais de dez horas de gravação de entrevistas, o trabalho se apresenta como mais uma fonte de pesquisa para futuros pesquisadores, tendo em vista a escassez de bibliografias que tratam desta temática.

Umas das conclusões do estudo é a de que ser mulher e negra no Brasil significa estar inserida num ciclo de marginalização e discriminação socioeconômica e racial, e de que a melhoria da posição social do negro, e especificamente da mulher negra, é o resultado de um esforço gigantesco demonstrado, por meio da capacidade de resiliência, de enfrentamento e de superação de desigualdades. De acordo com os autores, as mulheres negras vivenciam no seu cotidiano situações de violência que ultrapassam os limites da dignidade humana, muitas vezes de forma visível, mas também, envolvidas numa invisibilidade perversa.

A educação é apresentada com um instrumento de emancipação socioeconômica e político cultural das pessoas, inclusive da comunidade negra e mais especificamente, da mulher negra que é triplamente discriminada: por ser pobre, por ser mulher e por ser negra. Mas os autores ressaltam que o acesso à educação, seja ela formal ou informal, é permeado por uma série de dificuldades, principalmente em se tratando de uma população que sempre esteve à margem da sociedade e que, cotidianamente, lida com questões de sobrevivência.

Os autores entendem que a questão de gênero associada à questão racial, coloca a mulher negra em condições extremamente desiguais em relação aos demais cidadãos brasileiros e que, diante da realidade apresentada pelos sujeitos da pesquisa, por meio de suas histórias de vida, de suas trajetórias e das estratégias utilizadas para a superação de todas as adversidades colocadas no seu cotidiano, torna-se urgente a criação de medidas que possam transformar esta realidade, para que estas mulheres não precisem se valer de esforços desumanos para ter a sua cidadania respeitada.

De acordo com a pesquisa, os autores apontam as políticas de ações afirmativas como uma das estratégias para a superação das desigualdades e disparidades existentes entre o homem e a mulher, entre os negros e os não negros.

A publicação é uma realização da Associação Cultural dos Afrodescendentes da Baixada Santista (AFROSAN), em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, por meio da sua Assessoria de Cultura para Gêneros e Etnias (ACGE) e o Conselho Estadual de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra de São Paulo.

O livro será lançado em Cubatão, nesta segunda-feira, 24, às 14h, na Câmara Municipal (Praça dos Emancipadores, s/n.º – Centro) em comemoração ao Dia 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra.

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