Movimento Negro e Movimentos Populares farão “ROLÉ CONTRA O RACISMO”

 

Dezenas de organizações do movimento negro e entidades sociais realização um protesto a partir das 12h no Shopping JK Iguatemi neste sábado, 18 de Janeiro, em São Paulo. Os organizadores convocaram a manifestação pela internet via facebook. A intenção da manifestação é exigir a retirada das liminares segregatórias e racistas que garante o direito aos Shippings em selecionar quem entra ou não nesses estabelecimentos.

Mais de 80 organizações assinam o Manifesto de “APOIO À JUVENTUDE NEGRA, POBRE E DAS PERIFERIAS DA CIDADE DE SÃO PAULO! PELO DIREITO À CIRCULAÇÃO E A EXPRESSÃO DE SUA ARTE E CULTURA”que exige além da anulação das liminares, pedidos públicos de desculpas por parte dos Shoppings e da Justiça; Imediato debate público com governos de todas as esferas sobre a pauta da ampliação dos espaços e condições de acesso a arte, cultura e lazer, o fim do Genocídio da Juventude Negra e a desmilitarização das Polícias com amplo debate sobre um novo modelo de segurança Pública para o Brasil.

 

ROLÉ CONTRA O RACISMO JK IGUATEMI – Para denunciar Shopping, Polícia, Justiça e Estado racistas!


Data: Sábado – 18 de Janeiro – Concentração às 12h00


Local: Parque do Povo – ao lado da Estação de Trem Cidade Jardim

Evento no facebook: https://www.facebook.com/events/822309694504572/

 

 

 

 

São Paulo 18 de Janeiro de 2013

“É dever do Estado e da sociedade garantir a igualdade de oportunidades, reconhecendo a todo o cidadão brasileiro, independente da etnia ou cor da pele, o direito à participação na comunidade, especialmente nas atividades políticas, econômicas, empresariais, educacionais, culturais e esportivas, defendendo sua dignidade e seus valores religiososo e culturais” (Art. 2o. do Estatuto da Igualdade Racial)

O Racismo brasileiro já foi amplamente denunciado por movimentos e intelectuais. Em dezembro de 2013 a ONU, através de uma comissão especial em visita ao Brasil, mais uma vez declarou: “Os afro-brasileiros não serão integralmente considerados cidadãos plenos sem uma justa distribuição do poder econômico, político e cultural”, reforçando a ideia do racismo como estruturante das desigualdades em nosso país.

A barbárie social expõe sua face racista em especial através dos números dos homicídios, em especial aquele promovido pelas forças de repressão do Estado. A realidade das prisões brasileiras, agora simbolizada pela revelação dos acontecimentos no presídio de Pedrinhas no Maranhão ou a carnificina promovida por policiais em Campinas reforça o que sempre denunciamos: o caráter racista do Estado e de seus dirigentes.

Esse racismo se traveste cotidianamente a medida da necessidade do opressor. Nesse momento vivemos em São Paulo e em outros grandes centros mais uma das faces do racismo estrutural brasileiro: A reação dos Shoppings, da Polícia e  da Justiça em relação a presença de “jovens funkeiros” nestes estabelecimentos.

Com a liminar que garantiu o direito ao JK Iguatemi e a outros diversos Shoppings de impedir a entrada de jovens negros, pobres e funkeiros, percebe-se a reafirmação da missão da policia, da justiça e do Estado: a proteção à iniciativa privada e aos seus valores civilizatórios tendo, como sempre, um alvo bem definido: negros e pobres. Trata-se, sobretudo de um precedente legal perigoso a medida que promove e formaliza uma prática análoga aoapartheid.

Cruzar os braços diante de fatos tão graves significaria reforçar a naturalização da violência contra negros e pobres no Brasil. Afinal, os barrados nas portas dos shoppings são os mesmos proibidos de frequentar universidades; são os mesmos que perfazem maioria entre analfabetos, miseráveis, desprovidos de serviços básicos como saúde, educação, moradia; são os mesmos ridicularizados e estigmatizados pela grande mídia e, sobretudo, são os mesmos que cotidianamente são parados, esculachados, presos, torturados e mortos pela polícia nas periferias do Brasil.

Os rolezinhos em shoppings que se espalham por todo país revela uma das faces da crise urbana, carente de espaços de convivência, acesso a arte, cultura e lazer, condições entregues pelo Estado aos cuidados e usufruto da iniciativa privada de cidades como São Paulo, estruturadas com base na concentração do solo e na especulação imobiliária, que provocam a exclusão, desterritorialização e expulsão da população negra e periférica, para regiões carentes de equipamentos e serviços sociais e culturais. Os Governos tem fundamental responsabilidade e devem responder a essa demanda de maneira imediata.

Criminalizado como um dia fora a capoeira, o samba e o RAP, o Funk moderno é tão contraditório em seu conteúdo quanto o é resistência em sua forma e estética. E se está servindo também para fazer aflorar o racismo enraizado na alma das elites hipócritas – muito mais vinculadas aos valores da luxúria e ostentação que o Funk, declaramos: somos todos funkeiros!

Exigimos:

  •          Anulação imediata das liminares que garantem o direito de segregação aos Shoppings;
  •          Pedidos públicos de desculpas pela ação racista por parte dos Shoppings e dos responsáveis pelas liminares no âmbito da Justiça;
  •          Imediato debate público com governos de todas as esferas sobre a pauta da ampliação dos espaços e condições de acesso a arte, cultura e lazer que possam contribuir para a inclusão, a emancipação e garantia de direitos das juventudes, principalmente da juventude negra, pobre e de periferia.
  •          Fim do Genocídio da Juventude Negra
  •          Desmilitarização das Polícias e amplo debate sobre um novo modelo de segurança Pública para o Brasil.

 

 

Assinam

1.       CIRCULO PALMARINO

2.       UNEAFRO BRASIL – União de Núcleos de Educação Popular para Negr@s e Classe Trabalhadora

3.       MNU – Movimento Negro Unificado

4.       CONEN-Coordenação Nacional De Entidades Negras

5.       Núcleo De Consciência Negra Na USP

6.       Instituto Luiz Gama

7.       Quilombo Raça e Classe

8.       UNEGRO – União de Negros Pela Igualdade

9.       APN’s – Agentes de Pastoral Negros do Brasil

10.    Coletivo Negro USP

11.    Bocada Forte Hip Hop

12.    Articulação Popular e Sindical de Mulheres Negras do Estado de São Paulo

13.    Ceabra – SP

14.    CENARAB – Centro Nacional de Religiosidade e Resistência Afro-Brasileiro

15.    Coletivo Nacional de Juventude pela Igualdade Racial

16.    Coletivo Quilombação

17.    Coletivo Katu

18.    Fórum de Mulheres Negras do Estado de São Paulo

19.    Fórum Estadual de Juventude Negra do Espírito Santo – FEJUNES

20.    INSPIR – Instituto Sindical Interamericano Pela Igualdade Racial

21.    Instituto Búzios

22.    IPEAFRO – Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros

23.    Jornal Negritude

24.    Kwê Seja Dan – Sinha Mejito Kika De Gbessen

25.    Oriashé  – Sociedade Brasileira De Cultura E Arte Negra

26.    QUILOMBHOJE Literatura

27.    Agência Popular de Fomento a Cultura Solano Trindade

28.    AMPARAR – Associação de Amigos e Familiares de Presos(as)

29.    ANEL

30.    Associação De Favelas De São José Dos Campos

31.  Banco Comunitário União Sampaios

32.    Bloco Saci Do Bixiga

33.    Centro Acadêmico Guimarães Rosa

34.    Campanha “Eu Pareço Suspeito?”

35.    Campanha “Por Que O Senhor Atirou Em Mim?”

36.    Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos

37.    CMP – Central dos Movimentos De Moradia

38.    Coletivo Arrua

39.    Coletivo de Poetas e Poetizas Marginais De Altamira (Xingu E Transamazônia)

40.    Coletivo Quilombo – EPS

41.    DCE-USP

42.    ECLA – Espaço Cultural Latino Americano

43.    Esquerda Popular Socialista – São Paulo

44.    Federação de Estudantes de Agronomia do Brasil – FEAB

45.    FLACSO – Faculdade Latinoamericana de Ciências Sociais

46.    Frente Perspectiva Mackenzie

47.    Imagem da Vida

48.    INESC – Instituto De Estudos Sócioeconomicos

49.    Instituto Práxis

50.    Rede 2 De Outubro

51.    IPJ – Instituto Paulista De Juventude

52.    JSOL

53.    Juntos

54.    Juventude do PT

55.    Juventude LibRe – Liberdade e Revolução

56.    Levante Popular da Juventude

57.    Mães De Maio

58.    Mandato Deputada Estadual Leci Brandão

59.    Mandato Deputado Estadual Adriano Diogo

60.    Mandato Deputado Federal Ivan Valente

61.    Marcha Mundial De Mulheres

62.    MLB –  Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas

63.    MMM-RJ

64.    Movimento Mulheres em Luta

65.    Movimento Paratod@S>

66.    Movimento Primavera

67.    Centro Acadêmico de Histária –  USP

68.    Movimento Unidade na Luta – JPT

69.    MST

70.    Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania de Marília

71.    Plataforma dos Movimentos Sociais Pela Reforma Política

72.    Rede Emancipa

73.    Refundação Comunista

74.    Secretaria Municipal De Juventude Do PT São Paulo

75.    Secretaria Nacional De Juventude Do PT

76.    Sindicato dos Advogados de São Paulo

77.    SINTAEMA – Sindicato Dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente de São Paulo

78.    UJS – União Da Juventude Socialista

79.  União Popular de Mulheres de Campo Limpo e Adjacências

80.    União Nacional dos Movimentos De Moradia

81.    WAPI Brasil

 

 

Texto Assinado Pelos Movimentos que se Manifestam

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