Mulher chama funcionários de “macacos” em shopping, é seguida e se esconde em loja

Polícia foi chamada; situação indignou clientes e funcionários

Por Gil Santos e Carol Neves, do Correio 24 Horas

Uma mulher acusada de ofender dois funcionários com injúrias racistas se escondeu dentro de uma loja do Shopping Barra na noite desta terça-feira (29) e só saiu de lá escoltada pela Polícia Militar. Segundo relatos de testemunhas, a mulher xingou um vendedor da Fast Shop e, depois, também ofendeu de maneira racista um segurança do shopping. A situação indignou funcionários e clientes, que cercaram a mulher. A situação aconteceu por volta das 19h30 de hoje.

A confusão foi parar na loja de roupas Gregory, onde a mulher entrou logo depois. Segundo uma funcionária do local, a loja precisou fechar as portas para garantir a segurança de todos. “Estava uma confusão, as pessoas tumultuando”, afirmou. Ela disse não saber o que aconteceu. “Ela entrou olhando as araras normalmente, como uma cliente que entra para comprar, sem pressa. Depois, só vi a polícia já aqui na frente, a confusão”.

Policiais da 11ª Companhia Independente de Polícia Militar (Barra) foram chamados até o local para atender à ocorrência. Eles ficaram dentro e fora da loja, conversando com a suspeita e as pessoas do lado de fora.

Multidão se aglomerou perto de loja (Foto do Leitor)
Multidão se aglomerou perto de loja (Foto do Leitor)

A mulher entrou na Fast Shop já nervosa, procurando por um microondas, segundo funcionários do local. Ela foi atendida por um vendedor negro e ao ser informada que o modelo que ela queria não tinha na loja, agrediu o funcionário, chamando-o de “macaco” e dizendo que ele parecia um “motorista de traficante”. Outro vendedor se aproximou pedindo para ela se acalmar e também foi xingado, além de ter levado um tapa nas costas e ter a camisa puxada. A mulher disse na loja que era policial, informação não confirmada até o momento.

Um segurança do shopping foi até ela, que deixou a loja, e também foi chamado de macaco – nesse momento, a mulher gesticulou imitando o animal. Na altura do “Mariposa”, ela questionou porque estava sendo seguida já que não estava “roubando nada”. Ela seguiu e entrou na loja Gregory, onde foi depois detida pela PM. Dentro da loja, ela chegou a simular um desmaio para evitar uma prisão.

A população se aglomerou fora da loja exigindo a prisão da mulher. Quando ela deixou o local, levada pela PM, gritos de “racista, racista” foram ouvidos. Segundo a Polícia Militar, todos os envolvidos foram encaminhados para a Central de Flagrantes, no Iguatemi. A assessoria do Shopping Barra afirmou que não tem detalhes do desentendimento entre cliente e funcionário e que todos foram levados para uma delegacia para esclarecer os fatos. Diz ainda que o shopping repudia qualquer manifestação racista.

Na delegacia, a acusada ainda discutiu com os vendedores, que estão lá também para serem ouvidos. “Eu me senti ofendido por ele (pelo colega). Ele é o melhor vendedor da loja. Nosso melhor vendedor é negro. Moramos na cidade mais negra do mundo fora da África. Esse tipo de atitude é um absurdo. Não dá para acreditar que no século XXI as pessoas pensem isso ainda”, disse o vendedor que tentou apartar a confusão. O vendedor chamado de macaco disse que esse tipo de situação nunca aconteceu com ele. “Essa foi a primeira vez que passei por racismo, no momento fiquei até sem reação”.

O nome da mulher não foi divulgado. Ela continuava sendo ouvida até por volta das 23h de hoje.

Vídeos mostram populares aguardando a saída da mulher e também o momento que ela deixa a loja:

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