Mulher Negra: “Mulher, a força que nunca seca”

Com o intuito de homenagear as mulheres – em especial as mulheres negras, a Pastoral Afro-brasileira da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) preparou um texto que ressalta a força, garra e a coragem da mulher negra. A pastoral Afro-brasileira integra a Comissão Episcopal para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz e as demais Pastorais Sociais da CNBB. A valorização da cultura Afro-brasileira é um dos desafios da Pastoral Afro, que atua na defesa do patrimônio cultural e religioso da população negra.

Por por  Padre Jurandir Azevedo de Araújo   Do  Boletim Salesiano

Tomamos emprestado o subsídio precioso da Pastoral Operária e da Pastoral da Mulher Marginalizada, para este dia. Diz, “pensando em todas as mulheres que vivem com esta força que brota do mais íntimo, dos sonhos e desejos de viver. Que equilibra a lata da vida na cabeça, balançando, (re) torcendo, entortando, curvando o corpo diante dos desafios de Ser Mulher.

A força que nunca seca é contida dentro de cada mulher, que constrói na realidade desafiante do dia a dia as oportunidades de viver, de ser feliz, de continuar acreditando na vida.

A força de mulher brota, geme , entorta, mas a força não se esvai. O poder desta força supera a submissão, a dominação institucional e relacional, o medo, a violência e ganha empoderamento na economia solidária, na vivência do ser mulher, na afirmação da identidade feminina, no amor despendido nas relações e na construção coletiva de “outro mundo possível”.

Por isso a Mulher Negra tem uma resistência histórica: “A Mulher Negra, independente do reconhecimento histórico, sempre esteve presente nas lutas de seu povo. Aqui em nosso país, a história da população negra esteve submersa durante décadas e reconduzida ao seu espaço como forma de resistência e autoestima de seus descendentes por meio das lutas contemporâneas e da reafirmação da participação dos negros e das negras na construção desta nação e da luta pela eliminação do racismo, herança da escravidão.

A mesma garra que as Mulheres Negras tiveram para resistir no período da escravidão, se manteve quando lhe imputaram as mais duras formas para sobreviver, ou melhor, como  todos os escravos passaram a ser coisas. Este foi o processo de “coisificação” da população negra e escravizada. E à Mulher Negra couberam os estereótipos de ama de leite e mulata exportação, ambos ligados ao ato de servir.”

Nossa saudação a todas as Mulheres em geral e às Mulheres Negras. Que possamos dar continuidade às ações sobre o lugar de Mulher Negra na sociedade, aproveitando a Campanha da Fraternidade deste ano, Igreja e Sociedade.

Padre Jurandir Azevedo de Araújo é coordenador da Pastoral Afro-brasileira da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), salesiano da Inspetoria São João Bosco (ISJB), é membro e atual coordenador da Secretaria de Pastoral Afroamericana do Conselho Episcopal Latino Americano (Sepac/CELAM). 

[1]PASTORAL OPERÁRIA, PASTORAL DA MULHER MARGINALIZADA. São Paulo, Colegiado Nacional da Pastoral Operária, janeiro de 2015, p. 1.

[2] LEITE, Sonia, militante da Coordenação Nacional de Entidades Negras – CONEN, da Articulação Sindical e Popular das Mulheres Negras.

 

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