Mulheres, negros e analfabetos impulsionam pequenos negócios, aponta estudo

O levantamento destaca que o pequeno empreendedorismo destes públicos atua como importante mecanismo de expansão e sustentabilidade da classe média

Foi lançado nessa segunda-feira (29), pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), a terceira edição do caderno “Vozes da Nova Classe Média”. O trabalho mostra a contribuição do empreendedor para a expansão da nova classe média brasileira e destaca o papel de mulheres, negros e analfabetos na manutenção de pequenos negócios. Essa edição foi elaborada em parceria com a Caixa Econômica Federal e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

Os dados revelam que, dos 6 milhões de novos postos de trabalho que os pequenos empreendedores geraram ao longo da última década, 95% eram formais, o que indica que mais trabalhadores contam com sistema público de proteção, como por exemplo, seguro-desemprego, auxílio-doença, auxílio-maternidade e aposentadoria.

Além do processo de formalização crescente, houve, também, expansão nas remunerações do setor, principalmente entre os que detinham inicialmente os salários mais baixos. A remuneração dos empregadores teve crescimento de 0,6% ao ano, enquanto a dos trabalhadores aumentou a uma taxa superior a 2% ao ano.

Como consequência desse movimento, a porcentagem de empregados dos pequenos negócios que pertencem à classe baixa caiu pela metade entre 2001 e 2011, passando de 36% para 17% no período. Atualmente, quase dois terços desses trabalhadores integram a classe média.

O levantamento destaca, ainda, que o pequeno empreendedorismo atua como importante mecanismo de expansão e sustentabilidade da classe média, na medida em que impulsiona a ascensão a essa parcela de pessoas que estavam na classe baixa. O estudo ressalta que o setor também contribui para que pessoas deixem a classe média em direção à classe alta. Na década, para cada novo empreendedor, surgiram dois novos empregados.

Os pequenos empreendedores respondem por 39% do total de remunerações no país, em um volume que supera os R$ 500 bilhões ao ano.

Pequenos negócios

O lucro dos pequenos negócios, no Brasil, cresceu 35% em dez anos, de acordo com o ministro-chefe interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Marcelo Neri. O ganho passou de R$ 1.710 para R$ 2.172 mensais.

“Entre 2003 e 2013 observamos um forte aumento no lucro dos pequenos negócios, acompanhado de mais qualificação. Se medirmos pela educação, veremos que subiu a qualidade dos empreendimentos e também a capacidade dos empreendedores. O tempo de estudo entre os pequenos empreendedores subiu de 6,48 anos completos em 2000, para 7,73 em 2010 “, disse o ministro, com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Perfil
De acordo com o estudo, o pequeno empreendedorismo é responsável por aproximadamente 40 milhões dos 92 milhões de postos de trabalho existentes no País, garantindo uma remuneração média de R$ 1,2 mil por mês a cada trabalhador do setor. Segundo o levantamento, o ritmo de crescimento dos valores na década indica redução das desigualdades.

Enquanto a remuneração dos empregados em pequenos empreendimentos não agropecuários subiu 2,3% ao ano entre 2001 e 2011, a taxa de crescimento entre os empreendedores não agropecuários foi 1,0% ao ano no mesmo período. Para o conjunto de trabalhadores brasileiros, a taxa de crescimento da remuneração ficou em 2,2% na década. Não são considerados trabalhadores em empreendimentos agropecuários para essa comparação porque, por limitações da base de dados utilizada, não é possível diferenciar empregados em pequenos ou grandes negócios.

Enquanto a remuneração dos trabalhadores por conta própria cresceu, em média 2,2%, ao ano ao longo da década, a dos empregadores teve incremento de 0,6% no mesmo período.

Vozes da Nova Classe Média

A série Vozes da Nova Classe Média é composta por estudos periódicos que oferecem informações sobre a evolução, os valores, o comportamento e as aspirações da classe média brasileira, a fim de subsidiar a formulação de políticas públicas. A última edição apresentou um perfil detalhado daqueles que ingressaram no segmento nos últimos dez anos, com uma abordagem detalhada sobre a desigualdade, a heterogeneidade e a diversidade dessa classe social.

Microempreendedor
No Brasil, o empreendedorismo se popularizou a partir da década de 90, o que contribuiu para a crescente participação desse tipo de empresa na economia do País. O papel de destaque da modalidade ganhou ainda mais força com a entrada em vigor da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, em 2007, e da Lei do Microempreendedor Individual, em 2008.
Nos últimos cinco anos, em média, mais de 600 mil novos negócios, anualmente, foram registrados no Brasil. E os Microempreendedores Individuais (MEI), não computados naqueles números, já somam mais de 1,5 milhão de registros.

 

Fonte: Brasil 

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