O tal “panelaço” tem cara, grife, cor e endereço, nobre, diga-se de passagem

O tal “panelaço”, importado da Argentina, de que  grande mídia se ocupou de ampliar o eco, não tão robusto, tem cara, grife, cor e endereço, nobre, diga-se de passagem.

Por Monica Francisco Do Jornal do Brasil

Não, a grande maioria da população não é burra, ou desconectada da realidade. Pelo contrário. Por viver a realidade é que às oito da noite, tendo o que comer, diferentemente de alguns outros momentos que vivemos, sabe exatamente o que de fato amedronta a elite e a histórica classe média brasileira.

O povo do Brasil real, sabe o que causa espécie aos descendentes de imigrantes, privilegiados pela aristocracia e a elite política no início do século XX, com a intenção de “embranquecer” e mudar a “cara” mestiça do país e apagar os negros da sociedade que sustentaram à custa de sangue.

O que os apavora é a perda dos privilégios e da manutenção de serviçais a módicos salários e jornadas desonrosas, como talvez seja a da empregada uniformizada, que mostrou um jornal de grande circulação aqui no Rio, batendo panela ao lado da madame de Higienópolis(SP) (aquela que não gosta muito de metrô por perto e de gente “diferenciada”).

O que farão se agora precisam pagar direitos trabalhistas e respeitar cargas horárias?

É apavorante estar ao lado de ex-empregados(as) em um avião, é mais apavorante ainda não poder pegá-lo com a frequência desejada e esbaldar-se na Dolphin Mall ou na Dowtoun Miami.

O que fazer, como imaginar diminuir as visitas ao Bal Harbour Shops, e ter o pesadelo de não continuar abastecendo os closets com marcas como Gucci, Prada, Chanel, Bottega Veneta, Jimmy Choo, Bulgari, além de ficar um bom tempo longe lojinha do da Saint Laurent?

Mas o que mais me chama a atenção é a falta de criatividade desse povo da cobertura, de importar manifestação da Argentina.Como está na moda dizer por aí, que sofrência!

“A nossa luta é todo dia. Favela é cidade. Não aos Autos de Resistência, à GENTRIFICAÇÃO e ao RACISMO, ao RACISMO INSTITUCIONAL, ao VOTO OBRIGATÓRIO, NÃO à REDUÇÃO da MAIORIDADE PENAL e à REMOÇÃO!”

*Membro da Rede de Instituições do Borel, Coordenadora do Grupo Arteiras e Consultora na ONG ASPLANDE.(Twitter/@ MncaSFrancisco)

+ sobre o tema

Menos de 1% dos municípios do Brasil tem só mulheres na disputa pela prefeitura

Em 39 cidades brasileiras, os eleitores já sabem que...

Prostituição e direito à saúde

Alexandre Padilha errou. Realizar campanhas de saúde pública é...

Estudo mostra que pais podem ajudar a criar pequenos narcisistas

Se você acha que seu filho é ‘mais especial’...

para lembrar

Os 10 maiores micos da Copa do Mundo do Brasil

Najla Passos Na Copa do Mundo do Brasil, foram embora...

Eleonora de Lucena: elite deu tiro no pé com o golpe

Editora da Folha entre 2000 e 2010, a jornalista...

Marginalzinho: a socialização de uma elite vazia e covarde

Parada em um sinal de trânsito, uma cena capturou...

Países do Brics partilham sistema de mídia que defende interesses da elite, diz pesquisadora

Raquel Paiva, coordenadora de estudo que mapeia a mídia...

Abolição da escravidão em 1888 foi votada pela elite evitando a reforma agrária, diz historiador

Em 13 de maio de 1888, há 130 anos, o Senado do Império do Brasil aprovava uma das leis mais importantes da história brasileira,...

“Estamos assistindo a uma espécie de revanche das elites”

O dominicano Xavier Plassat, um dos líderes da luta contra o trabalho escravo na Comissão Pastoral da Terra, fala sobre o governo Temer Por Leneide Duarte-Plon...

“Brasil tem elite que se considera superior e que, por isso, acha que tem direito a saquear a coisa pública”, diz historiador

Em entrevista à DW Brasil, historiador diz que é preciso combater uma sociabilidade que se baseia em tratar o público como o privado: "Há...
-+=