Poderosa Shonda

Enviado por / FontePor ISIS MOTA, do O Tempo

As noites de quinta-feira agora têm dona: Shonda Rhimes, a mulher poderosa de cuja mente brilhante saíram “How To Get Away with Murder”, “Scandal” e “Grey’s Anatomy”. Suas três séries ocuparão o horário nobre do canal Sony brasileiro toda quinta, começando amanhã, a partir das 21h30, nesta ordem. Mais do que uma máquina de fazer dinheiro, Shonda Rhimes é a responsável por fazer a América rever os seus conceitos.

Produtora de alguns dos maiores sucessos da TV aberta norte-americana, Shonda Rhimes força goela abaixo assuntos relegados a segundo plano ou varridos sem cerimônia para debaixo do tapete como tabus. Suas protagonistas, em geral, são negras como ela. A poderosíssima Olivia Pope (Kerry Washignton) manda e desmanda na Casa Branca em “Scandal”; a professora de direito penal Annalise Keating (Viola Davis) tem a vida de seus alunos e de seus clientes nas mãos em “How To Get Away with Murder”; e Miranda Bailey (Chandra Wilson) pode não ser a estrela de “Grey’s Anatomy”, mas é o sargentão do hospital.

E todas, sem exceção, brilham não porque são negras, mas porque são o que de melhor se pode querer em seus campos de atuação. Seriam o que são, fossem brancas, vermelhas ou amarelas. Esse recado anti-racismo, até então meio velado pelas próprias tramas das séries, foi escancarado. Em dezembro do ano passado, Shonda Rhimes foi receber o prêmio Sherry Lansing do “The Hollywood Reporter”, prêmio dado anualmente a uma mulher por ser pioneira ou líder.

Shonda chegou lá dizendo que não sabia se merecia aquele prêmio, pois disseram a ela que ganhou tanto por ser mulher quanto por ser afrodescendente. “Uma das regras na minha família é que você não ganha troféu por participação, você não ganha nada por simplesmente ser você. Então, a ideia de que talvez eu esteja ganhando um troféu porque sou mulher e afro-americana é… Bom, eu nasci com uma vagina impressionante e essa pele marrom maravilhosa, eu não tive que fazer nada para que nenhuma das duas coisas acontecessem”.

Recado dado: tem que ser é competente. Mas o fato é que ela realmente rompeu a barreira invisível que mantém as minorias longe do topo. Colocou no alto do ranking de audiência e no coração do público suas negras competitivas, fortes, donas dos seus próprios corpos, personagens cujas vidas giram em torno dos seus trabalhos, e não dos seus homens, mulheres que são “cachorro grande”. Na Hollywood de algumas décadas – ou anos – atrás, a negra peituda só estaria uma cerimônia como aquela para servir mesas. Mais ou menos o mesmo papel que as atrizes negras ainda desempenham nas novelas brasileiras, com honrosas exceções.

Combinação clássica. “How To Get Away with Murder”, que estreia amanhã, no Sony, às 21h30, mistura na medida certa o caso da semana com o histórico dos personagens. O tempero extra da receita de sucesso é a atuação espetacular da diva do teatro Viola Davis.

Ela é Annalise Keating, uma professora de direito penal que já avisa na primeira aula: “Não vou ensinar leis nem teorizar sobre direito”. Na prática, ela ensina seus alunos a livrar clientes acusados de assassinato – culpados ou não –, custe o que custar. Por mais que o “público cabeça” despreze esse tipo de série, é difícil terminar um episódio sem estar se coçando para ver o próximo.

“HTGAWM”, como abreviam os fãs, exibe amanhã seu piloto. “Scandal” volta com a quarta temporada, e “Grey’s Anatomy” vai reprisar na quinta-feira os episódios da 11ª, cujos inéditos vão ao ar também nol Sony às segundas-feira.

Mais uma

Série nova. Mireille Enos, de “The Killing”, será Alice Martin, investigadora de fraudes que descobre as traições do noivo antes de se casar e inicia com ele um jogo de gato e rato. Esta é a trama de “The Catch”, nova produção de Shonda Rhimes.

 

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