Professor de medicina da UFMT é preso em flagrante após chamar porteiro de “preto safado”, mas nega acusação

O professor de medicina da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Herbet Monteiro da Silva, de 62 anos, foi preso em flagrante acusado de chamar o porteiro Carlos Alexandre de Souza de “preto safado e vagabundo”. O caso ocorreu no último sábado (06), quando o professor saía com o carro pela garagem do prédio onde mora, no bairro Jardim Mariana em Cuiabá. Herbert nega as acusações e diz que o caso trata-se de uma “invenção” dos denunciantes.

Por Lázaro Thor Borges, do Olhar direto 

Foto: Reprodução Olhar direto

De acordo com os relatos dos moradores, Monteiro teria se irritado com a “demora” do funcionário para abrir manualmente a garagem do portão. Algumas pessoas que estavam na piscina, entre elas o morador Munir Salomão, também relataram terem ouvido as ofensas e saíram em defesa do funcionário. Minutos depois, o síndico do condomínio, o advogado Wagner Ferretti, foi acionado para tentar solucionar o caso.

A polícia foi chamada logo depois pelo síndico e o médico resistiu a ser conduzido para a delegacia. Por conta da recusa em abrir o seu apartamento, a PM arrombou a porta e entrou no local. Ao ser preso em flagrante, o professor foi acompanhado de sua advogada, Sueli Silveira, e teria pago fiança de R$ 5 mil para sair da cadeia. Ele deverá responder o caso em liberdade. As informações constam do boletim de ocorrência nº 2017.564.238.001

De acordo com o relato do síndico, tudo ocorreu porque Herbet se recusou a obedecer a uma norma do condomínio em que cada morador é obrigado a utilizar o controle do portão da garagem. “A norma do condomínio é que todos tenham seu controle para desobrigar que o porteiro deixe a guarita para abrir o portão da garagem, isso foi votado em assembleia”, explicou Ferretti.Outro lado

A reportagem do Olhar Direto entrou em contato com o professor Herbert Monteiro para esclarecer o caso, mas ele negou as acusações. Segundo Herbert, “não houve racismo” e o que aconteceu foi somente um desentendimento com o funcionário do condomínio. Para o médico, que também é assessor de saúde do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), houve apenas “injúria” na ocasião.

O médico também afirmou que o sindico foi “irresponsável” ao chamar a polícia. Durante a entrevista, Herbert fez questão de lembrar que é médico do TJMT e que pertence a uma família tradicional cuiabana. O doutor também ameaçou “processar” o Olhar Direto caso a matéria fosse ao ar.

Racismo em Mato Grosso

Levantamento feito pelo Olhar Direto junto a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT) revela que casos de racismo em Mato Grosso aumentaram 71% nos três últimos anos. Em 2014, o número de registros de boletins de ocorrências por injúria racial era de 234 casos no estado. Em 2016, foram 402 casos denunciados.

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