Rapper Kessidy lança seu primeiro videoclipe e traz à tona machismo e racismo

O vídeo começa com uma pequena apresentação: “Eu sou Kessidy Kess, eu comecei o meu trabalho assim e eu sou uma mulher preta. E eu sou uma pessoa que defende muito a minha pauta, sabe?”. A partir daí, a música ‘No baile’ ganha vida. A primeira frase já diz a que veio: “Mundo machista e patriarcal, a gente grita, mas quase ninguém escuta!”.

Por Isabela Mercuri, do Olhar Direto 

E durante 2:41min a rapper canta sobre o que é ser uma mulher preta, o machismo e o racismo que sofre e sofreu todos os dias. Este é o primeiro clipe da cuiabana que começou a escrever aos onze anos, em sua casa no CPA – onde vive até hoje, e onde foi gravada grande parte de seu videoclipe.

Nos últimos tempos, a cantora já tinha gravado algumas músicas, mas esta é a primeira vez que seu trabalho se torna uma produção de vídeo. Produzido por F-Peres, o clipe foi feito em parceria com Thiago Bezerra Benites, com baixíssimo orçamento.

De acordo com a assessoria, a maior parte das imagens do vídeo foi capturada com celular e câmera fotográfica e então manipulada na edição para criar composições multicoloridas e glitches. “Uma experimentação estética com as texturas e imagens de espaços públicos da região periférica e central de Cuiabá, especificamente no CPA 3 (bairro onde vive Kessidy) e no Centro histórico da capital”, afirmam.

Na letra da música, Kessidy afirma: ‘cansei de ser a pretinha hipersexualizada por quem ainda não tá ligado que eu também trampei o ano inteiro na fita, mas mal sou lembrada no oito de Março”.

O recado é dado para todos que estão numa situação mais valorizada, assim como tinha dito Kessidy em entrevista ao Olhar Conceito em outubro. Na época, ela contou que queria cantar sobre machismo e racismo: “Eu sou mulher, negra, da periferia. Ninguém pode falar por mim. Um cara não pode falar por mim, uma mina branca não pode falar por mim (…) Nós precisamos existir, resistir e ocupar os espaços. Empoderar as minas. Eu sinto que quando eu canto as minas vem pra pista de dança, quando eu canto elas cantam comigo porque elas sempre sentiram o mesmo, só faltava alguém pra falar com elas (…) e eu vejo que tá dando certo, e essa é minha maior recompensa”.

E falando em dançar, na música ‘O baile’ ela lembra que as mulheres são livres para dançar o quanto quiserem, que não estão ali para agradar ninguém e nem se tornam menos valorizadas por isso. Então “Segura a onda xomano, que eu to rebolando, mas não é pra você não!”.

O videoclipe foi lançado online nesta segunda-feira (29). Assista:

+ sobre o tema

Feminismo, empoderamento e solução: a singularidade de Karol Conka

Sucesso indiscutível entre a crítica e os internautas, a...

Camila Pitanga é eleita Embaixadora Nacional da Boa Vontade

Atriz ganhou o título da ONU Mulheres Brasil e...

para lembrar

Pastor confundido com ativista gay é expulso de evento organizado por Malafaia

A intolerância cega de algumas correntes evangélicas por...

Luis Vagner, o guitarreiro que foi do twist ao samba-rock para animar o terreiro brasileiro

♪ OBITUÁRIO – “Luis Wagner guitarreiro / Liga essa...

Síndrome de Cirilo e a solidão da mulher negra – por Mabia Barros

O post é na esteira do Dia dos Namorados...
spot_imgspot_img

A mulher negra no mercado de trabalho

O universo do trabalho vem sofrendo significativas mudanças no que tange a sua organização, estrutura produtiva e relações hierárquicas. Essa transição está sob forte...

Peres Jepchirchir quebra recorde mundial de maratona

A queniana Peres Jepchirchir quebrou, neste domingo, o recorde mundial feminino da maratona ao vencer a prova em Londres com o tempo de 2h16m16s....

O futuro de Brasília: ministra Vera Lúcia luta por uma capital mais inclusiva

Segunda mulher negra a ser empossada como ministra na história do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a advogada Vera Lúcia Santana Araújo, 64 anos, é...
-+=