Reduzindo a disparidade de gênero na indústria da tecnologia

Acabo de voltar do encontro anual do Fórum Econômico Mundial, em Davos, onde líderes do mundo inteiro se reuniram para discutir as implicações de uma nova revolução industrial. Esta quarta revolução industrial (depois das provocadas pelo motor a vapor, pela eletricidade e pelos eletrônicos) está usando a tecnologia digital para revolucionar quase todas as partes de nossas vidas num ritmo sem precedentes, de carros que andam sozinhos a assistentes baseados em inteligência artificial.

Por Susan Wojcicki, no HuffPost Brasil 

Uma das maiores implicações, detalhada no relatório The Industry Gender Gap (a disparidade de gênero na indústria, em tradução livre), é o prejuízo que essa revolução pode causar para o progresso das mulheres, pois elas têm pouca representação no setor de tecnologia. As forças de mercado estão transformando indústrias, favorecendo habilidades técnicas, e as mulheres respondem por apenas 26% dos empregos. Pior ainda, elas só tendem a conquistar um emprego de CTEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática) para cada 20 outros perdidos graças a indústrias que passam por rupturas tecnológicas. Para os homens, essa proporção é muito mais favorável: um para cada quatro.

Como o relatório deixa claro, “se as tendências atuais de diferença entre os gêneros persistir e se a transformação do mercado de trabalho em direção a papeis novos e emergentes nos campos de computação, tecnologia e engenharia continuar num ritmo mais acelerado que a conquista desses novos empregos pelas mulheres, elas correm o risco de perder as melhores oportunidade de emprego do amanhã”.

Achei as conversas em Davos e as conclusões do relatório muito inquietantes, mas também familiares. Em outubro passado, fui à Grace Hopper Celebration of Women in Computing Conference, uma conferência que comemora a participação das mulheres na indústria de tecnologia, para transmitir uma mensagem semelhante: as mulheres não só correm o risco de perder as melhores oportunidades de emprego no futuro, elas também correm o risco ainda mais preocupante de declínio de sua influência social. Conforme a tecnologia transforma o mundo, as mulheres perderão a chance de ter impacto nas enormes mudanças sociais e econômicas trazidas por esta quarta revolução industrial.

Há muito a fazer para atacar este problema, especialmente melhorar o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, apontado no relatório como o principal obstáculo para manter mulheres no setor de tecnologia. Abaixo, você encontra o texto de meu discurso na conferência, no qual falo sobre esse problema iminente, além dos passos que podemos tomar para garantir que as mulheres ocupem seu lugar de direito na construção do futuro.

***

O que segue foi adaptado do discurso na Grace Hopper Celebration of Women in Computing, realizado pelo Anita Borg Institute for Women in Technology and the Association for Computing Machinery.

Bom dia, Grace Hopper! É uma honra incrível estar aqui com vocês… tantas cientistas da computação interessantes e brilhantes! Para todas as mulheres que se sentem sozinhas em seus campos de atuação, esta convenção é um salva-vidas – um lugar de apoio e inspiração onde você pode ser você mesma e se reunir com outras cientistas da computação. Isso também é verdade para mim.

É ótimo ver tantas de você na plateia hoje… incluindo as 1 000 funcionárias do Google e do YouTube que estão aqui hoje. Obrigada pela presença!

Deixem-me começar com uma história da minha vida…

Alguns anos atrás, minha filha, que tinha dez anos, me disse que odiava computadores.

Acho que vocês não imaginavam que eu começaria meu discurso desse jeito hoje.

Quando ela me disse aquilo, fiquei chocada. Ela ia comigo para o Google desde que era bebê. Sabia que seus pais trabalhavam com tecnologia. Sabia que eu me interessava pela questão de mulheres trabalhando em tecnologia. De repente, essa questão tão importante para mim no trabalho apareceu na minha vida doméstica.

O que aconteceu na minha casa pode soar familiar para todas vocês. Tínhamos um computador em casa, que meu filho adorava. Adorava tanto que minha filha não podia chegar perto. Nas palavras dela: “Ele tinha dominado (o computador)”, então ela era obrigada a procurar outra coisa para fazer.

Ela também disse que era “super nada a ver” gostar de computadores e que tinha mais o que fazer da vida.

Hoje, esse padrão se repete com meninas de todos os Estados Unidos. As meninas estão ficando fora da conversa quando se fala de tecnologia. Elas são levadas a acreditar que o setor de tecnologia é insular e antissocial. E nunca têm a chance de ter essas perspectivas corrigidas.

Esse padrão pode começar em nossas casas, mas tem sérias implicações para a economia e para as mulheres como um todo.

Em 2020, estima-se que os empregos de ciência da computação cresçam duas vezes mais rápido que a média nacional, totalizando quase 5 milhões de empregos.

E estes são apenas os empregos que o Pew Research Department considera empregos tecnológicos. Mas é claro que a tecnologia está presente em muito mais empregos que aqueles incluídos nessa lista e, portanto, tem muito mais influência.

Por exemplo, todos os carros fabricados hoje têm mais poder computacional que o foguete Apollo 11, que levou o homem à Lua. O Watson, da IBM, diagnostica câncer com mais precisão que oncologistas. E agricultores usam satélites e previsão do tempo para maximizar suas colheitas.

A tecnologia revoluciona quase todas as partes de nossas vidas, num ritmo sem precedentes. Mas, hoje, as mulheres têm apenas 26% dos empregos do setor.

Se as mulheres não participam da tecnologia, estão perdendo a chance de influenciar a maior mudança econômica e social deste século.

O fato de que as mulheres representem uma porção tão pequena da força de trabalho tecnológica não deveria ser apenas um sinal de alerta, deveria ser um Sputnik.

É uma ameaça à proeminência econômica do nosso país e coloca em risco nossa competitividade futura. E isso deveria nos acordar.

Por onde começar, então?

Existe um debate sério sobre a falta de mulheres no setor de tecnologia. É um problema de falta de interesse das mulheres pelos cursos de CTEM das universidades? Ou é questão de retenção de funcionárias?

Na minha opinião, ambos.

Vamos começar com a fonte. Hoje em dia, as mulheres obtêm mais de metade de todos os diplomas universitários dos Estados Unidos, mas menos de 20% dos de ciência da computação.

E esse problema, infelizmente, não está melhorando, está piorando.

A representatividade das mulheres no setor de tecnologia era maior em meados dos anos 1980. Outros campos, como biologia e química, melhoraram desde então; mas a ciência da computação piorou.

Há dois anos, estava na plateia desta conferência quando Maria Klawe estava aqui no palco. Para quem não sabe, Maria é a presidente do Mudd College, da Universidade Harvard, onde ajudou a liderar um esforço bem-sucedido de incentivo às mulheres na ciência da computação. Maria se dedicou a fazer as mulheres se empolgar com a tecnologia, e ela está obtendo resultados. Quando conversamos, ela falou das três razões pelas quais as mulheres não entram para o setor.

Nas palavras dela:

Primeiro, elas acham chato.

Segundo, elas acham que não serão boas o suficiente.

Terceiro, elas preferem estar mortas a serem vistas com o pessoal que se forma em ciência da computação.

Chequei com a minha filha e, infelizmente, essas percepções distorcidas são verdadeiras.

Todas sabemos que nada disso é verdade. Mas as percepções são importantes na vida real. Então vamos entender por que elas existem e como podemos consertá-las.

Primeiro, ciência da computação é chato.

OK, obviamente não é verdade. Mas como saber se você não experimenta? O problema é que, a menos que você seja a pessoa sentada na frente do computador e escrevendo seu próprio programa, pode parecer incrivelmente chato para quem olha de fora.

A segunda percepção, segundo a qual as meninas não seriam boas em ciência da computação… isso me deixa maluca.

É claro que elas seriam boas.

Alguns dos melhores programadores da história eram mulheres! Ada Lovelace, primeira programadora do mundo; Ida Rhodes, que desenhou os primeiros computadores do Censo e da Seguridade Social; Margaret Hamilton, que escreveu o software que colocou a Apollo 11 na Lua; e Joan Clark, que, com outras mulheres, quebrou o código secreto nazista Enigma, em Bletchley Park.

E não nos esqueçamos de Anita Borg e Grace Hopper.

E há muitas mulheres incríveis na indústria hoje no Google e no YouTube trabalhando em partes importantes de nossos sistemas. Elas são muitas para serem mencionadas pelos nomes, mas aposto que várias estão aqui na plateia.

Mas, dado o número de homens versus o número de mulheres, e dado que a maioria das mulheres nem sequer experimentou a ciência da computação, entendo como as mulheres podem internalizar essas percepções distorcidas.

Então deixa eu contar um segredinho que aprendi no topo de uma das maiores empresas de tecnologia…

Os homens não têm nenhuma habilidade especial para liderar empresas de tecnologia.

É claro que a disparidade de gênero na ciência da computação não vai desaparecer sozinha. Toda vez que vou buscar meus filhos no curso de computação no Vale do Silício, vejo crianças de 7, 10, 12 anos, e vejo a mesma coisa no trabalho. Se não mudarmos nada, o futuro da tecnologia será igual ao presente.

A única maneira de consertarmos essas percepções é dar a todos a chance de aprender ciência da computação.

Começaria disponibilizando ciência da computação para todos os estudantes nos Estados Unidos, com o objetivo final de torná-la uma disciplina obrigatória.

Reconheço que muitas escolas do país não têm os recursos necessários e enfrentam dificuldades de orçamento. Não estou dizendo que é fácil, mas, por outro lado, o mundo está mudando, e nosso sistema educacional precisa preparar os estudantes para o século 21.

Hoje, cerca de 10% das escolas oferecem aulas de ciência da computação, enquanto matérias como biologia, química e física são obrigatórias.

A menos que ciência da computação seja uma prioridade, corremos o risco de aprofundar as disparidades de gênero, classe e raça, com empregos e oportunidades fluindo para aqueles que aprenderam ciência da computação. Como país, também arriscamos nossa competitividade futura.

Outros países já adotaram essas medidas. No ano passado, a Inglaterra se tornou o primeiro país da União Europeia a tornar a ciência da computação uma matéria obrigatória. A Itália logo vai implementar algo semelhante. E Israel e Coreia do Sul têm alguns dos currículos mais rigorosos (http://theinstitute.ieee.org/career-and-education/preuniversity-education/computer-science-classes-for-kids-becoming-mandatory) de ciência da computação.

Nos Estados Unidos, começamos a ver as primeiras mudanças. Cidades como Nova York, Chicago e San Francisco estão fazendo progresso, mas ainda temos um longo caminho pela frente.

A melhor coisa de uma geração em que todos os estudantes entendem ciência da computação é que ela terá impacto significativo para mulheres e minorias que hoje são subrepresentadas no setor.

E agora a terceira percepção distorcida… Nem morta seria vista na mesma classe de um nerd.

Primeiro, precisamos que mais dessas meninas venham para a Grace Hopper para ver as mulheres extraordinárias que temos aqui.

Quando se trata desse tipo de percepção distorcida, costumamos culpar a mídia por reforçar estereótipos.

Hummm… tenho um problema com isso… Não posso culpar a mídia… Sou responsável por uma das maiores plataformas de mídia do mundo. Temos mais de 1 bilhão de visitantes por mês.

Então comecei a pensar o que o YouTube poderia fazer para mudar essa percepção.

Bem, a primeira coisa que podemos fazer é ajudar as pessoas a entender que existe um problema.

Então é com orgulho que anuncio que estamos trabalhando com Lesley Chilcott, a produtora vencedora de um Oscar e responsável por “An Inconvenient Truth” e “Waiting for Superman”. Lesley criou um novo documentário sobre o papel que as meninas podem ter na tecnologia e sobre a importância do envolvimento delas.

O novo filme de Lesley se chama “Code Girl”, e ela não apenas está na plateia hoje como trouxe um teaser exclusivo do filme, que gostaria de compartilhar com vocês agora.

Vamos assistir o clipe.

É com orgulho que anuncio que, junto com a equipe Made w/Code, do Google, vamos exibir o “Code Girl” de graça no YouTube durante cinco dias, antes da estreia nos cinemas. Gostaria de agradecer Lesley pela tremenda paixão que ela trouxe para o projeto, a fim de gerar conscientização para esta questão importante.

Mas nosso apoio não para por aí.

No próximo ano, você vai ouvir falar que o YouTube está trabalhando para termos mais mulheres na frente e atrás das câmeras e como vamos incentivar conteúdos que mostrem de forma positiva as mulheres na tecnologia.

Mas, mesmo que mudemos percepções e reforcemos a produção de candidatas na fonte, temos de ser sinceros: há muitos problemas culturais que afastam as mulheres.

Para empresas como o Google, isso é uma enorme perda de talento, num campo em que constantemente temos falta de mão-de-obra. Hoje, as mulheres nas carreiras CTEM têm 45% (http://www.talentinnovation.org/publication.cfm?publication=1420) mais propensão a deixar o setor que os homens.

Há algumas explicações. Uma delas é uma cultura que vangloria quem trabalha a noite inteira e aceita longas jornadas.

Pode ser muito extremo, especialmente nas startups. Trabalhar muitas horas demonstra seriedade, compromisso, potencial. Há maratonas de programação que duram a noite inteira e programadores que tomam Soylent para não ter de sair da mesa para comer. E os frigobares estão cheios de Red Bull para quando você precisar daquela energia extra. Isso cria uma cultura que intimida as pessoas que querem uma vida normal e pune quem tem compromissos importantes em casa, homens ou mulheres.

Jamais seria parte de uma cultura dessas, pois tive meu primeiro bebê logo depois de entrar para o Google. Ao longo da minha carreira, sempre fiz questão de estar em casa à noite para jantar com minha família.

No começo, não era exatamente uma escolha. Meus filhos estavam no berçário. E você sabe o que acontece quando você se atrasa para buscá-los? Cobra um dólar por minuto de atraso! E essa não é a pior parte… A pior parte é que seus filhos ficam bravos com você porque foram os últimos a ser pegos pelos pais.

Mas essa restrição me permitiu desenvolver um estilo de trabalho focado em eficiência, produtividade e priorização durante as horas em que estou no escritório.

Às vezes é necessário trabalhar muitas horas. Há emergências que exigem que você esteja no escritório nos finais de semana ou à noite. Mas não é uma solução sustentável no longo prazo. Um estudo recente da Harvard Business Review aponta que os funcionários que fazem pausas regulares veem um aumento de 30% na concentração, comparado com os colegas que não fazem pausas. E os funcionários que se sentem incentivados pelos chefes a tirar pausas relataram quase 100% mais lealdade às empresas.

Eis meu conselho para todas vocês: trabalhem de forma inteligente. Trabalhem duro, trabalhem bem. E… vão para casa.

Olhar para o longo prazo e não sofrer de estafa é mais importante que uma passagem meteórica e intensa pelo setor de tecnologia. Empresas de tecnologia, se vocês quiserem atrair e reter os melhores talentos, precisam ajudar os funcionários a encontrar equilíbrio.

Outra coisa que podemos fazer para tornar nossa indústria um lugar mais acolhedor para as mulheres é defender a licença familiar remunerada.

Tive sorte na vida. Fui a primeira funcionária do Google a sair de licença-maternidade, e no ano passado me tornei a única pessoa a tirar cinco licenças-maternidades no Google. Cada uma delas enriqueceu minha carreira e, acima de tudo, enriqueceu minha vida. Elas me trouxeram paz de espírito, sabendo que eu poderia voltar depois de passar o tempo que eu realmente queria e precisava com meu novo bebê.

Curiosamente, também descobri que cada licença me deu uma oportunidade para refletir sobre minha carreira. Na minha segunda licença-maternidade, decidi mudar e trabalhar em publicidade, onde passei os 12 anos seguintes da minha carreira.

Por parecer contraintuitivo, mas as pesquisas – e a experiência do Google – mostram que uma licença-maternidade remunerada e generosa aumenta a retenção de funcionários.

Quando as mulheres têm licenças curtas, ou quando são pressionadas a estar à disposição, algumas delas decidem que não vale a pena voltar. É por isso que quando o Google aumentou a licença maternidade de 12 para 18 semanas, vimos o índice de demissões de mulheres cair 50%.

Com suas ofertas de licenças mais generosas, empresas como Netflix e Microsoft me inspiraram. Infelizmente, os Estados Unidos são o único país do mundo além da Papua-Nova Guiné que não oferece licença maternidade remunerada. Hoje, 88% das americanas não têm licença-maternidade remunerada. Isso cria uma situação terrível, em que um quarto das mulheres volta ao trabalho dez dias depois de dar à luz.

Se as empresas de tecnologia quiserem aumentar a retenção, precisam oferecer licenças remuneradas e generosas. E, aumentando a conscientização sobre os benefícios da licença remunerada, a esperança é que elas inspirem o país a fazer o mesmo.

Se você trabalha para uma empresa e acha que não tem equilíbrio no dia-a-dia, e a licença-maternidade é ruim ou não-existente, recomendo começar a procurar outro emprego.

A propósito… estamos contratando!

Mas, ao reformar a cultura, aconselharia todas vocês a defender seus direitos e não se sentir culpadas por isso.

Deixem-me dar um exemplo:

Alguns anos atrás, houve uma importante conferência só para convidados com vários outros líderes do meu setor. Eu trabalhava com aquelas pessoas. Eram pessoas com quem tinha relacionamentos, parcerias, mas meu convite nunca chegou.

Eu poderia simplesmente ter esquecido. Mas não. Queria ir ao evento, porque era importante para o meu trabalho. Entrei em contato; outras pessoas fizeram o mesmo em meu nome. Pedi e pedi… mas mesmo assim não fui convidada.

Algumas pessoas pareciam irritadas porque eu continuava falando do assunto. Sinceramente, era meio constrangedor contar para as pessoas que eu não tinha sido convidada. A certa altura comecei a achar que o evento não era para mim.

Mas, quando praticamente estava sem esperanças, encontrei uma pessoa que tinha a influência certa. Contei o que estava acontecendo e ele fez acontecer.

Um dia depois, meu convite chegou, como mágica. E no evento era óbvio – eu deveria estar lá.

Depois dessa experiência, dei-me conta de que todas passamos por algo parecido. Pode ser uma reunião, um evento, uma aula, algo de que você quisesse participar mas não foi convidada.

As pessoas podem te impedir de ir de várias maneiras.

Meu conselho para vocês é continuar pedindo. Cuidem de vocês, defendam seus direitos. E não se sintam culpadas por isso.

Também me dei conta de outra coisa importante nesse episódio…

Alguém da empresa que tinha mais poder e influência que eu entrou em contato e fez acontecer.

Ficou claro para mim como as pessoas conseguem aquele próximo emprego, aquela promoção, aquele convite. Poder e influência são passados adiante por quem os detém.

Portanto, se você vir uma empresa com pouca diversidade, procure o líder.

Voltando à minha filha agora.

Estou feliz de poder contar que agora ela gosta de computadores. Depois daquele alerta em casa, a inscrevi num curso de computação. Ela voltou para casa reclamando que só tinha meninos na sala – e que ninguém era como ela. Ela odiava computadores ainda mais que antes!

Mas não desisti!

Coloquei-a num curso de programação só para meninas. Logo ela começou a ver a luz. Em pouco tempo ela tinha desenhado um computador-relógio, com telefone, vídeo e os contatos das amigas, como ela queria. E isso, a propósito, foi antes de Apple e Samsung lançarem os seus modelos.

Eu via que ela começava a enxergar tecnologia como uma ferramenta para trazer à vida suas ideias, para melhorar o mundo dela. Apoiando e incentivando minha filha, consegui virar o jogo. Mas ela é só uma menina.

Então gostaria de pedir que vocês se apoiassem e se incentivassem. E fizessem contato com a próxima geração de meninas na sua vida que acha que tecnologia é inacessível, pouco criativo, difícil ou chato – mostrando para elas por que isso é um estereótipo. Não importa onde estejamos em nossas vidas – podemos fazer diferença.

Se você está na universidade, pode influenciar estudantes do ensino médio ou seus colegas. Se você acabou de começar a trabalhar, pode ajudar quem está na escola a arrumar um emprego. Se você é executivo, pode identificar mulheres talentosas da empresa e ajudá-las a progredir na carreira.

E, se todas fizermos isso juntas, veremos um grande progresso nas estatísticas e na mudança das percepções.

Temos de ter mais meninas entrando nos cursos de ciência da computação, reformando nossos padrões educacionais para século 21. Temos de melhorar a cultura do ambiente de trabalho do nosso setor para torná-lo mais amigável para as mulheres.

E, acima de tudo, temos mostrar para a próxima geração de meninas e a geração atual de mulheres que a ciência da computação é lugar para elas, sim, e com ela podemos mudar o mundo.

Obrigada e aproveitem a conferência!

Este artigo foi originalmente publicado pelo HuffPost US e traduzido do inglês.

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