Servidoras municipais acusam médico da UPA de racismo

Duas servidoras municipais, uma de 44 anos e outra de 33, que trabalham na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Jardim Aeroporto procuraram a Polícia Civil para denunciar um dos médicos da unidade por racismo. Elas registraram o boletim de ocorrência no 4º Distrito Policial.

Por Priscilla Sales Do GCN

De acordo com o que elas narraram à polícia, no dia 18 de setembro, as duas estavam na cozinha da UPA, destinada ao uso de todos os servidores, tomando café e conversando. Foi quando o médico teria entrado no local, onde estavam também outros servidores, e apontado para as elas dizendo: “Vocês duas, negrinhas, vocês que vieram da Angola – seus antepassados eram escravos -, o que estão fazendo aqui?”. Constrangidas, as duas teriam deixado o local.

Três dias depois, ainda inconformadas com o tratamento do médico, elas decidiram procurar a polícia e registrar a denúncia de racismo. “Queremos que a polícia tome as devidas providências”, disseram, segundo o registro.

Ainda de acordo com o que foi registrado, as servidoras disseram que esta não foi a primeira vez que o médico as tratou mal. Duas semanas antes do fato, ele teria as proibido de frequentar a cozinha da UPA. “Vocês duas são pretinhas, não podem estar aqui”, teria dito a elas.

As servidoras também procuraram a Prefeitura para reclamar sobre a atitude do médico. Segundo informou a Assessoria de Comunicação, uma sindicância administrativa foi aberta para apurar os fatos. Caso sejam comprovadas as ofensas, o médico deve ser punido, com penas que vão desde uma advertência até a demissão do serviço público.

Ficha extensa
O médico acusado de racismo pelas auxiliares responde a outros cinco processos disciplinares na Divisão de Auditoria e Controle da Prefeitura, todos por problemas com outros servidores.

Segundo os funcionários da UPA, o médico não é bem quisto. Ele costuma ser grosseiro não apenas com os colegas de trabalho, mas também com pacientes que atende na unidade. “Ele vive dando chiliques. É grosseiro com todo mundo. Grita e ofende as pessoas. Ainda bem que elas decidiram denunciar”, disse uma das enfermeiras que trabalha na unidade.

Investigação
O caso agora deverá ser investigado pela polícia e depois encaminhado à Promotoria Criminal, para eventual representação à Justiça. O Comércio não divulgou os nomes dos envolvidos porque a Prefeitura não confirmou suas identidades e nos documentos constam apenas suas iniciais.

+ sobre o tema

Fome extrema aumenta, e mundo fracassa em erradicar crise até 2030

Com 281,6 milhões de pessoas sobrevivendo em uma situação...

Eu, mulher negra…

EU, MULHER NEGRA…Eu, mulher negra…Tenho orgulho de quem sou...

Presidente de Portugal diz que país tem que ‘pagar custos’ de escravidão e crimes coloniais

O presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, disse na...

para lembrar

Após sofrer racismo na escola, Kheris Rogers de 10 anos cria linha de roupas empoderadora

Você precisa conhecer Kheris Rogers, uma menina de 10...

Band humilha garis outra vez. Hélio Costa não vai fazer nada ?

Carta aberta à população (do Sindicato dos Garis e...

RACISMO NA ITÁLIA: Berlusconi: “Menos imigrantes igual a menos crimes”

Polémica em Itália após declarações de Silvio Berlusconi. Para...
spot_imgspot_img

Quanto custa a dignidade humana de vítimas em casos de racismo?

Quanto custa a dignidade de uma pessoa? E se essa pessoa for uma mulher jovem? E se for uma mulher idosa com 85 anos...

Unicamp abre grupo de trabalho para criar serviço de acolher e tratar sobre denúncias de racismo

A Unicamp abriu um grupo de trabalho que será responsável por criar um serviço para acolher e fazer tratativas institucionais sobre denúncias de racismo. A equipe...

Peraí, meu rei! Antirracismo também tem limite.

Vídeos de um comediante branco que fortalecem o desvalor humano e o achincalhamento da dignidade de pessoas historicamente discriminadas, violentadas e mortas, foram suspensos...
-+=