Shonda Rhimes faz um discurso poderosíssimo sobre inclusão na TV

Já está podendo colocar a coroa de “Rainha da TV” na Shonda Rhimes? Já não basta ela produzir as séries “Scandal”, “How to Get Away With Murder” e “Grey’s Anatomy”, ela ainda fez um discurso pra lá de incrível sobre seu papel em deixar a televisão mais inclusiva.

Por Felipe Dantas Do Papel Pop

O samba (podemos chamar assim?) aconteceu no baile da Campanha de Direitos Humanos neste sábado (14). Ela foi honrada no evento pela inclusão da comunidade LGBT em programas aclamados e arrasou demais dizendo o que leva ela a fazer tudo isso.

Veja bem, Shondaland, o mundo imaginário de Shonda, tem existido desde meus 11 anos. Eu o criei na minha mente como um lugar para minhas histórias. Um lugar seguro. Um espaço para meus personagens existirem. Um espaço para EU existir […] até encontrar minha gente no mundo real.

Eu odeio demais a palavra “diversidade”. Sugere…alguma coisa além. Como se fosse algo especial. Ou raro. Diverso! Como se tivesse algo incomum sobre contar histórias de mulheres, pessoas de cor e personagens LGBT na televisão. Eu tenho uma palavra diferente: normalizar. Estou normalizando a TV. Estou fazendo a televisão parecer mais com o mundo real. Mulheres, pessoas de cor e LGBT somam mais que 50% da população. Isso significa que eles não são qualquer coisa.

Shonda Rhimes tem quebrado muitos parâmetros quando se trata de colocar novos personagens em primeiro plano. Tanto em “Scandal” quanto em “How to Get Away With Murder”, mulheres negras são protagonistas e assumem temáticas políticas com grandiosidade: Olivia Pope (Kerry Washington) e Annalise Keating (Viola Davis)

Também em “HTGAWM”, temos Connor (Jack Falahee), um personagem assumidamente gay que assume os mesmos problemas que qualquer um, independente de gênero ou sexualidade. O ator desde então se tornou ícone LGBT da televisão. Em “Scandal” temos Cyrus Beene, o primeiro Chefe de Gabinete gay dos EUA.

Sem contar que ela vem fazendo isso desde 2005 com “Grey’s Anatomy”, onde também deu visibilidade à personagens femininos e gays.

Para finalizar, ela ainda diz a importância da televisão ser uma representação mais ampla da sociedade:

Você deveria ligar a TV e ver a sua tribo. O objetivo é que todo mundo ligue a televisão veja alguém com quem se parece, que ame da mesma forma. Mas o mais importante, todo mundo deveria ligar a TV e ver alguém com quem não se parece ou que ame diferente. Porque assim todo mundo aprenderia com essas pessoas. Por que assim seria possível se reconhecer neles. Então, assim, aprenderíamos a amá-los.

Para terminar, eu quero dizer isso: se você é uma criança e está por aí, gordo, não tão bonito, nerd, tímido, invisível e ferido. Qualquer seja sua raça, seu gênero, sua orientação sexual, eu estou aqui para dizer: você não está sozinho. Sua tribo, ela está por aí no mundo. Esperando por você.

 

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