Soropositivos agora poderão doar órgãos nos EUA

Medida deve aumentar o número de doadores em mais de 500 por ano; pacientes sem HIV não receberão órgãos de soropositivos

Por Marcio Caparica, no LadoBi

IStock/Getty Images

Médicos da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, nos EUA, anunciaram na última terça-feira que realizarão o primeiro transplante de rins e fígado entre pacientes soropositivos. A permissão para que doadores soropositivos sejam incluídos na fila de transplante beneficiará pacientes com e sem HIV, afirmou ao jornal The New York Times o dr. Dorry Segev, professor assistente de cirurgia na universidade.

O procedimento passou a ser permitido em novembro de 2013, quando Barack Obama, presidente dos EUA, sancionou o H.I.V. Organ Policy Equity Act (Lei de Procedimentos Igualitários de Órgãos com HIV, em tradução livre). Desde 1988, durante o auge da epidemia do HIV, doadores soropositivos estavam proibidos de doar seus órgãos. Estima-se que entre 500 e 600 doadores em potencial eram desperdiçados todos os anos por conta dessa proibição.

Segundo o novo protocolo anunciado pela Universidade Johns Hopkins, apenas pacientes soropositivos receberão os órgãos de doadores que portam o vírus HIV. Atualmente, pacientes soropositivos entram na fila de espera por órgãos junto dos pacientes que não contraíram o vírus. Isso significa que os pacientes soronegativos também se beneficiarão da iniciativa, já que a oferta de órgãos será maior.

Essa decisão mostra o quanto a situação dos pacientes soropositivos melhorou nos últimos anos. “Ninguém consideraria doar um órgão a um paciente soropositivo [nas décadas de 1980 e 1990] porque todos sabiam que sua expectativa de vida era muito baixa”, lembrou o dr. David Klassen, chefe de medicina da United Network for Organ Sharing. Os prospectos hoje são bem diferentes. “A noção de que pacientes soropositivos poderiam receber transplantes surgiu conforme suas expectativas de vida aumentaram.”

O dr. Segev comemora que, com isso, mais um estigma contra portadores do HIV chega ao fim. “As pessoas querem deixar um legado, querem ajudar. É devastador ouvir ‘você não pode ajudar porque é soropositivo’.”

Michael Kaplan, presidente do grupo AIDS United, vive com o HIV desde 1992 e com diabetes tipo 1 desde 1980. Ele também festeja a maior oferta de possibilidades médicas que a medida dá a pacientes soropositivos. “A ideia de que meus órgãos podem agora beneficiar alguém que vive com HIV é algo a ser celebrado!”.

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