Técnica de enfermagem é morta pelo marido a facadas na frente da filha de 15 anos

Pedreiro Edvaldo dos Santos Félix é considerado foragido da Justiça, segundo a Polícia Civil

Por Tailane Muniz Do Correio24Horas

A técnica de enfermagem Jucilena da Conceição Reis, 32 anos, foi morta, na madrugada de terça-feira (9), com um golpe de faca nas costas e na presença da filha de 15 anos, dentro de casa no bairro da Santa Cruz, em Salvador. O suspeito do crime é o marido de Jucilena, o pedreiro Edvaldo dos Santos Félix. Ela chegou a ser socorrida para o Hospital Geral do Estado (HGE), mas não resistiu aos ferimentos. O corpo será enterrado hoje, no Cemitério Municipal de Brotas.

Hoje, parentes da mulher, mãe de quatro filhos, estavam revoltados no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues. “Meu desejo é que ele (Edvaldo) pague com a própria vida. Ele tirou a vida de uma pessoa que lutou muito para conseguir vencer. Ela tinha muitos sonhos, trabalhou por muitos anos como cuidadora de idoso para pagar os estudos como técnica de enfermagem”, afirmou a irmã da vítima, a doméstica Ana Lúcia da Conceição, 51.

Edvaldo dos Santos Félix teve o pedido de prisão preventiva feito pela polícia, suspeito de ser o autor do crime. De acordo com a Polícia Civil, a filha do casal entregou no posto policial do HGE a faca usada pelo pai para matar a mãe. Ele é considerado foragido pela polícia.

Jucielena trabalhava como técnica de enfermagem
(Foto: Reprodução/Tailane Muniz)

O crime aconteceu por volta das 3h no quarto do casal. Familiares relatam que Edvaldo, depois de esfaquear a esposa, arrancou a mangueira do botijão de gás da casa para tentar colocar fogo no imóvel, mas foi contido pelos filhos antes de fugir.

Ana Lúcia contou ao CORREIO que, embora o casal tivesse um histórico de brigas motivadas por ciúmes por parte de Edvaldo, a morte da irmã pegou toda a família de surpresa. “Eu nunca pensei que ele tivesse coragem. Apesar de tudo, nunca acreditei que ele tinha essa personalidade violenta. Foi um choque para todo mundo”, contou a irmã, em prantos.

O casal tinha quatro filhos, três meninas de 11, 12 e 15 anos, além do filho mais novo, de 10 anos. Todos estavam em casa no momento do ataque. Segundo a filha mais velha, que presenciou o crime, o casal havia discutido mais cedo por ciúmes do pai com a mãe. Eles tinham um relacionamento há mais de 17 anos, mas estavam casados oficialmente desde 2012.

A irmã da vítima relatou que Jucilena já havia registrado várias ocorrências contra o marido. O CORREIO teve acesso a uma delas, registrada em 2011, onde a vítima relata que foi agredida pelo marido com chutes e pontapés.

Edvaldo e Jucilena se casaram em 2012
(Foto: Reprodução/Tailane Muniz)

O casal chegou a ficar separado por um ano mas, por pena do marido, Jucilena acabou reatando, segundo Ana Lúcia. “Eles chegaram a ficar um ano separados, mas por pena minha irmã voltou. Ele se entregou à bebida e ficou morando de favor na casa dos outros e aí ela retomou o casamento”, afirmou ela. “Destruiu a vida de uma pessoa maravilhosa, do bem, alegre. Ela só pensava nos filhos, em dar o melhor para eles”, concluiu.

Conforme os familiares da vítima, os filhos ainda estão em estado de choque. “Imagine você presenciar seu pai matando sua mãe. Ele é um covarde, porque tentou matar também os filhos. Porque essa era a intenção dele ao romper a mangueira do gás. É um covarde. Atentou contra a mulher e os filhos”, desabafou outra familiar da técnica, sem se identificar.

Sepultamento

O corpo da técnica de enfermagem Jucilena da Conceição Reis, 32 anos, foi sepultado na tarde desta quinta-feira (11), no Cemitério Municipal de Brotas. Cerca de 50 pessoas estavam presentes no local, entre eles, os quatro filhos da vítima.

Durante o sepultamento, familiares de Jucilena se recusaram a dar entrevista à imprensa. Abalados, eles chegaram a expulsar uma sobrinha do pedreiro Edvaldo dos Santos Félix, acusado de matar a mulher a golpe de facas. A imprensa também foi expulsa do local “Queremos respeito por parte da imprensa nesse momento”, disse a filha do casal de 15 anos. Ela presenciou a morte da mãe.

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