Trogneux, 64, Macron, 39. E daí?

Críticas em relação aos 24 anos que separam Macron e sua esposa refletem estereótipos e preconceitos

Por ISABEL VALDÉS, do El Pais 

Enganadora. Mamãe. Estranha. Papa-anjo. Surrealista. Até mesmo mentira. Até mesmo predadora. Todas essas são palavras para definir – nas redes sociais, e em manchetes e textos de meios de comunicação de todo o mundo – Brigitte Trogneux, a esposa de Emmanuel Macron e a relação de ambos. Todas elas palavras para definir, também, o enorme esforço para manchar algo que, embora possa ser pouco habitual, não deve ser vilipendiado. Trogneux é 24 anos mais velha que Macron. E daí?

Há apenas um mês, o recém-eleito presidente da França aludiu, no jornal Le Parisien, à homofobia “galopante” que emanava dos rumores que o uniam a Matthieu Gallet, presidente da Radio France, porque, obviamente, um homem da idade dele com uma mulher da idade de Trogneux só pode ser uma fachada para sua homossexualidade. E a partir daí Macron estendeu uma resposta à crítica social e midiática que recebe há meses por causa de uma história de amor que, sim, se encaixaria como folhetim, telenovela, série vespertina ou produção romântica no estilo de Hollywood. A questão não é que ocupe lugar no espaço público – ainda mais quando o presidente insistiu em posicionar sua mulher não apenas como parte de sua vida privada, mas também em sua vida política –, mas como o ocupa e que suposições derivam disso.

Quem ainda não conhece o passado e o presente do novo casal que ocupará o Palácio do Eliseu está, naturalmente, isolado do mundo há semanas. Começo da década de noventa: se conhecem no colégio La Providence, em Amiens. Ele, aluno. Ela, professora (casada e com três filhos, detalhe que parece essencial). Apaixonam-se. Pais que se opõem, um pouco de escândalo provinciano, e Macron acaba em uma escola secundária em Paris – com promessa de amor eterno. 2006: Brigitte Trogneux se divorcia. 2007: Trogneux e Macron se casam. Fim? Não.

 

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