UFG pode excluir alunos em caso de elo com lista de ‘pegação’, diz reitor

A reitoria da Universidade Federal de Goiás (UFG) informou nesta sexta-feira (27) que se for comprovado envolvimento de alunos da instituição com a lista que atribui pontos para cada tipo de mulher que os alunos “pegarem” durante os Jogos Internos da universidade, o InterUFG, os mesmos poderão ser excluídos de seus cursos. O reitor Orlando Amaral disse que uma sindicância vai investigar o caso.

no G1

“Caso resulte na identificação de alguém que tenha feito uma postagem com teor tão deplorável com este, tão discriminatório, injurioso às mulheres, esta pessoa, caso seja estudante da universidade, poderá sofrer sansões que vão desde uma advertência verbal ou escrita, ou até mesmo a exclusão dos quadros da Universidade Federal de Goiás”, afirmou Amaral.

A lista que pontua o tipo de mulher que os estudantes vão se relacionar durante o InterUFG está causando polêmica nas redes sociais. Chamado de “Regulamento InterUFG 2016”, ele avalia a beleza, a cor da pele e o estado civil das universitárias.

A lista está sendo investigada pela Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam). O ranking dá a maior pontuação para quem tiver relações sexuais. Se a mulher for casada, o homem acumula 10 pontos. Se ela for “gostosa e gata”, ganha 8 pontos. Se a mulher for “pretinha bonitinha”, recebe 2 pontos. O estudante perde um ponto se beijar uma “mulher gorda” ou “preta e feia”.

Ele ainda perde 0,5 ponto a cada meia hora que ficar com a mesma pessoa, o que chamam de ficar “casado” na festa. Se beijar travesti é “eliminado da competição”.

O reitor da universidade reforçou que o evento não é realizado pela UFG, apesar de ser coordenado por estudantes da instituição. Segundo ele, o InterUFG não poderá mais utilizar o nome da universidade nas próximas edições.

O InterUFG começou na quarta-feira e segue até o próximo domingo (29), em Goiânia. Durante as tardes, são realizados os jogos esportivos e, à noite, festas open bar.

Investigação
De acordo com a delegada Laura de Castro Teixeira, que realizou o procedimento, inicialmente, será apurado o crime de racismo, previsto no Artigo 20 da Lei 7716/89, uma vez que na lista há citações como “mulher pretinha” e “preta feia”. A pena, em caso de condenação, é de 1 a 3 anos de prisão.

“No crime de racismo não há uma vítima predeterminada. Nesse caso, ofende-se a toda população afrodescendente. O crime de injúria é diferente, de foro íntimo. Para que haja uma investigação, a pessoa que se sentir ofendida precisa fazer a denúncia”, disse ao G1.

A delegada afirma que a intenção é localizar quem confeccionou a lista bem como quem a divulgou de forma deliberada na web. “É fácil saber quem agiu com dolo nesse sentido, quem tinha a real distribuição de liberar a lista. Aqueles que atuaram sem saber realmente o conteúdo do material ficam excluídos da apuração”, explica.

Repúdio
Em uma nota publicada nas redes sociais, a organização do evento declarou que não apoia e repudia “todo e qualquer esquema de pontuação de conotação sexual divulgado em redes sociais”. A mensagem ainda diz que 10ª Edição do Inter UFG “prezará pelo bem estar, segurança, diversão e, acima de tudo, o respeito”.

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