Autor de Pele Negra, Mascaras Brancas e Os Condenados da Terra, Frantz Fanon, nasceu em 20 de julho de 1925. O epistemicídio acadêmico não permite “ainda” que estudantes das ciências da saúde conheça as contribuições de Fanon na Saúde Mental e na Reforma Psiquiátrica
Em 1950 Fanon escreveu uma tese doutorado em psiquiatria discutindo os efeitos psíquicos do racismo colonial. Entretanto, a tese foi rejeitada por confrontar as correntes positivistas então hegemônicas em sua área de estudos. Escreve então uma segunda tese de doutorado no ano seguinte nomeada: Troubles mentaux et syndromes psychiatriques dans l’hérédo-dégénération-spin
Em 1951 Fanon conheceu o psiquiatra marxista Dr Tosquelles, o qual se torna amigo e discípulo. Alguns anos depois, este psiquiatra seria conhecido como um dos pilares do Movimento de Reforma Psiquiátrica (GEISMAR, 1972:73). Em 1952 Fanon participou de diversos debates universitários e seminários onde entrou em contato com renomados pensadores franceses. Neste mesmo ano, publicou uma série de ensaios sobre a situação do negro na França e escreveu um drama sobre os trabalhadores de Lyon . Posteriormente, ainda com 27 anos de idade, revisou o texto que utilizara em sua primeira tese rejeitada e o publicou com o título: Peau noir, masques blancs , livro que com o advento da viragem pós-colonial na década de 80 marcaria definitivamente a história dos estudos sobre o racismo.
O ano de 1956 foi marcado por seu casamento e a posterior mudança para a Argélia por motivos profissionais. Segundo Oto (2003) estes momento foi fundamental para Fanon compreender os impactos do colonialismo na estrutura psíquica humana. Neste ano o autor presencia o nascimento da revolução nacionalista na Argélia e a violenta repressão francesa que daí resulta. Neste contexto, em meio às contradições de toda ordem que se agudizavam, Fanon renuncia ao seu cargo no Hospital psiquiátrico para se filiar à Front de Liberation Nationale – FLN onde contribuirá ativamente como escritor do jornal El Moudjahid, na Tunísia.
Os anos seguintes foram marcados por intensa agitação política e participação em fóruns internacionais dos movimentos de libertação no continente africano. Em 1959 publica L’an V de la Révolution Algérienne , que também ficou conhecido como Sociologia de uma revolução pois, como um etnógrafo, retrata de maneira sistemática o desenrolar da revolução anticolonialista da Argélia.