25 de Novembro,Violência nada sutil e cordial: Pancada de amor dói, e muito!

por Alzira Rufino –

 

A Violência Silenciada nada sutil e cordial ainda muito  vivenciada pela maioria das mulheres e jovens negras.

 

Ainda fala-se nos partidos e movimentos sociais que a discussão do racismo e a violência contra a mulher negra divide, que devemos primeiro enfrentar a desigualdade social; que denunciar o homem negro por violência doméstica o cidadão  enfrentaria uma sentença maior por ser agressor negro “precisamos antes de tudo conscientizar e chamar o homem negro para o debate”.

 

Entendo que a violência contra a mulher a pobreza e a exclusão no Brasil tem cor, e que é possível sim assumir o compromisso de denunciar para não mais aceitar pancada de marmanjo, seja homem adulto  ou jovem.

 

O que significa para as mulheres e  jovens mulheres negras apropriar-se dos instrumentos de direito para ter acesso à Justiça, fazendo cumprir leis que retiram os agressores de mulheres sobreviventes da violência doméstica o confortável refúgio da impunidade?

 

Delegacia da Mulher não pode ser perfumaria onde o racismo desestimula a denúncia.

 

Silenciar é espalhar a epidemia da violência doméstica praticada por homens adultos e jovens negros, contra as esposas, companheiras  e as namoradas .. O legado de ontem ainda continua; nós ainda não conseguimos dar uma resposta às nossas antepassadas. Quantas morreram  e as que sobreviveram trazem na alma e no corpo, feridas que não cicatrizam.

 

E o que dizer da  violência normatizada praticada por jovens pais negros evadidos que não assumem a paternidade?

Colaborar com a idéia do ruim com ele,pior sem ele é dar continuidade a saga de nossas avós, perpetuando essa violência doméstica, nada sutil e cordial.

 

Neste século, nossas conquistas não podem mais aceitar o papel das mulheres e jovens heroínas que continuam aceitando a sobrecarga de trabalho duro por assumirem sozinhas o sustento do lar e dos filhos.

 

Basta da aceitação deste tipo de violência cotidiana em nossos lares onde se é conivente com o repasse da responsabilidade para as avós, as mães e as tias.

Queremos no futuro ver as crianças negras sendo filhas da mãe e do pai, com o direito de serem criadas e educadas por quem as gerou.

Queremos no futuro jovens negras contrariando as estatísticas:

 

Violência Doméstica, exploração do suor do nosso trabalho cometida pelos namorados e companheiros negros, doenças venéreas, AIDS, gravidez precoce, até quando?

 

Não podemos deixar-nos contaminar por essa bactéria, idéia do patriarcado de ontem, ainda bastante enraizada no seio das famílias negras  e que destrói nosso sangue, nossas células, nossa mente.

 

Violência Silenciada nada sutil e cordial ainda vivenciada pela maioria das mulheres e jovens negras, não podemos mais aceitar.

Afinal, pancada de amor,seja lá de quem for,dói e muito!

 

Casa de Cultura da Mulher Negra de Santos

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