45 CEOs se comprometem com 10 mil vagas para pessoas negras na liderança

O grupo MOVER, formado por 45 grandes empresas com atuação no Brasil, investirá 15 milhões de reais ao ano em ações antirracista. Projeto prevê impactar 3 milhões de pessoas negras até 2030

FONTEExame Invest, por Marina Filippe
(Getty Images)

Após inúmeros casos de racismo no Brasil, o MOVERMovimento pela Equidade Racial, anuncia suas primeiras iniciativas de combate à discriminação contra pretos e pardos. A iniciativa que reúne 45  grandes empresas tem um plano de ação que ambiciona gerar 10 mil novas posições de liderança para pessoas negras e gerar oportunidades para 3 milhões de pessoas até 2030 por meio de ações práticas.

“Essas empresas, que juntas têm 1.2 milhão de funcionários, possuem uma enorme capacidade de promoção e desenvolvimento de pessoas para que elas estejam prontas para o mercado de trabalho e, mais do que isso, para as posições de liderança”, diz  Liel Miranda, presidente da Modelez Internacional no Brasil e um dos porta-vozes do MOVER em entrevista exclusiva à EXAME.

Formado por Alcoa, Aliansce Sonae, Align, Ambev, Americanas, Arcos Dorados, Atento, Bain & Company, BRF, Cargill, Coca-Cola Brasil, Colgate-Palmolive, CSN, Danone, Descomplica, DHL, Diageo, Disney, EF, General Mills, Gerdau, GPA, Grupo Carrefour Brasil, Heineken, JBS, Kellogg, Klabin, Kraft Heinz, L’Oréal Brasil, Lojas Renner, Magalu, Manserv, Marfrig, MARS, Michelin, Mondelëz International, Moove, Nestlé, Grupo Boticário, PepsiCo, Petz, Sodexo, Tenda, Vale e Via, o MOVER, tem como premissa construir juntos.

No documento, todas as empresas envolvidas assumem um compromisso público como agentes de transformação para evoluir coletivamente na jornada antirracista, de forma propositiva, com toda a sua cadeia de valor, juntando forças. O documento é válido por, ao menos, três anos.

“Entendemos que este processo é uma jornada. Todas as participantes têm práticas antirracistas e um propósito forte de mudar esse cenário ao trabalhar também com consultorias, movimentos sociais e fornecedores diversos”, afirma Miranda.

Segundo ele, o investimento anual será de 15 milhões de reais, e pode aumentar com a adesão de mais empresas. Além disso, a ideia é que semestralmente uma prestação de contas seja publicada.

Compromisso

A união das empresas no MOVER conta com a participação ativa dos CEOs na tomada de decisão e visa acelerar os processos de transformação existentes nas companhias integrantes e impactar efetivamente a sociedade.

Para isso, o movimento busca agregar mais empresas interessadas em juntar-se à iniciativa para ampliar as ações e debates e que queiram aprender e compartilhar experiências e boas práticas.

Pautado por ações transversais, o movimento envolve processos, estruturas, mudança cultural e investimentos em capacitação, treinamento e geração de empregos e metas progressivas até 2030, por meio de três pilares: liderança, emprego e capacitação e conscientização.

No pilar liderança, o compromisso do MOVER é trabalhar para a geração de 10 mil novas posições para negros em cargos de liderança (Supervisão, coordenação, gerência, diretoria e C-levels) até 2030, por meio de modelos inclusivos de recrutamento e desenvolvimento.

No campo de emprego e capacitação, as ações planejadas têm como meta gerar oportunidade para 3 milhões de pessoas, por meio da oferta de cursos, apoios e networkings com empreendedores negros, entre outras ações.

Já no pilar conscientização, o Movimento pretende ser uma plataforma e ferramenta de apoio na meta de ter uma população conscientizada quanto ao racismo, com comunicação em mídias e pontos de venda, além de desenvolver o Guia de Comunicação, atuando em toda a cadeia de valor.

Governança

“Desde novembro do ano passado o MOVER tem uma agenda forte. Os CEOs se reúnem pelo menos uma vez por mês desde então e mobilizam mais de 100 pessoas das empresas nos grupos de trabalho. Não é um movimento liderado por apenas uma pessoa ou empresa, é um conjunto de ações para mudar a sociedade”, diz Miranda.

O MOVER conta com as parcerias das consultorias Bain & Company e Barbosa, Raimundo Gôntijo Câmara Advogados e das agências de relações públicas e conteúdo InPress Porter Novelli e Oliver Press.

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