5 mulheres trans que fizeram a diferença na luta LGBTQIA+

FONTEHypeness, por Roanna Azevedo
Marsha P. Johnson (Foto: BETTYE LANE, C/O RADCLIFFE INSTITUTE)

Resistência talvez seja a palavra que melhor define a luta das mulheres transexuais para garantir e proteger seus direitos. Lutar para sobreviver num mundo que não costuma acolher identidades de gênero diferentes da cis infelizmente é o cotidiano de muita gente.

Para celebrar a força do ativismo LGBTQIA+, reunimos cinco mulheres trans que você precisa conhecer. Pioneiras no combate ao preconceito, elas dedicaram as próprias vidas ao movimento para, assim, revolucionar a de outros. 

1. Marsha P. Johnson

Marsha P. Johnson (Foto: BETTYE LANE, C/O RADCLIFFE INSTITUTE)

Dedicada a lutar contra a perseguição que a comunidade LGBTQIA+ nova-iorquina sofria, Marsha P. Johnson foi um dos principais nomes da linha de frente da Revolta de Stonewall, em 1969. Foi uma das fundadoras do Gay Liberation Front e protestou contra o abuso de autoridades policiais e a prisão injusta de pessoas trans e homossexuais.

Ao lado da drag queen Sylvia Rivera, criou a Street Transvestite Action Revolutionaries (S.T.A.R), uma organização voltada ao acolhimento de jovens LGBTQIA+ em situação de rua. O coletivo oferecia moradia e alimentação, além de apoio no entendimento e afirmação da identidade trans.

Em 1992, Marsha foi encontrada sem vida nas águas do rio Hudson. Sua morte foi considerada suicídio pela polícia de Nova York, mas, para os amigos, é provável que ela tenha sido vítima de assassinato. Mais de vinte anos depois, a também ativista trans Victoria Cruz passou a investigar o caso por conta própria, resultando no documentário da Netflix “A Morte e a Vida de Marsha P. Johnson” (2017), que mostra um pouco do legado deixado por um dos maiores nomes da luta por direitos LGBTQIA+.

2. Miss Major

Miss major (Foto: Nickalene Thomas)

Assim como Marsha P. Johnson, Miss Major também desempenhou um papel fundamental durante a rebelião de Stonewall. Desde então, ela luta pela causa LGBTQIA+, principalmente pelas mulheres trans e negras dos Estados Unidos, compromisso que assumiu há 40 anos.

Major passou diversas vezes pela prisão ao longo dos anos 70, podendo ver de perto como os detentos eram submetidos a diferentes violações dos direitos humanos. Foi a partir daí que ela decidiu atuar em prol de pessoas trans encarceradas e oferecer meios para que elas retomassem suas vidas após se libertarem.

Em 2006, Miss Major se tornou diretora do Transgender Gender-Variant and Intersex Justice Project e, mesmo tendo se aposentado oficialmente em 2015, não abandonou o ativismo. Ela fundou e vive atualmente na House of GG, uma casa de repouso e acolhimento para a comunidade trans.

3. Lili Elbe

Lili Elbe, artista transsexual – Wikimedia Commons

Nascida na Dinamarca, em 1882, Lili Elbe é considerada por muitos pesquisadores como a primeira pessoa transgênero a passar por cirurgias de redesignação sexual no mundo. 

A descoberta de sua identidade aconteceu durante o relacionamento que teve com a ilustradora Gerda Wegener. Em uma ocasião, Lili precisou substituir a modelo que sua então esposa receberia para desenhar no estúdio, vestindo roupas tipicamente femininas e posando no lugar dela.

A partir desse dia, Lili percebeu que não conseguia se identificar como uma pessoa do gênero masculino e procurou a ajuda de especialistas que pudessem ajudá-la a manifestar sua identidade de forma livre. Ela passou por diversos procedimentos cirúrgicos, dentre eles, uma castração, mas acabou não resistindo às complicações geradas por um transplante de útero.

Sua luta e trajetória de vida são contadas nos livros “De Homem Para Mulher” e “The Danish Girl”. Esse último foi adaptado para o cinema em 2015 sob o mesmo título e indicado a quatro Oscars.

4. Indianara Siqueira

Indianara, que é fundadora da Casa Nem, ressalta a importância de realizar a denúncia (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

A ativista transgênero Indianara Siqueira é um dos grandes expoentes da luta por direitos das mulheres trans no Brasil. Presidente do grupo Transrevolução, ela decidiu fundar a Casa Nem em 2015, um abrigo voltado para o acolhimento de pessoas LGBTQIA+ em situação de vulnerabilidade social.

O trabalho de Indianara foi reconhecido em 2019 pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, que lhe concedeu o Prêmio à Diversidade, Direito e Respeito à Cidadania. Ela também concorreu ao cargo de vereadora da capital carioca em 2016 e, novamente, em 2020.

Sua história pode ser vista no documentário “Indianara”, dirigido por Aude Chevalier-Beaumel e Marcelo Barbosa. O filme funciona como um retrato da vida da ativista e foi premiado em três festivais de cinema.

5. Erica Malunguinho

A deputada estadual Erica Malunguinho (Imagem: Bruno Santos/Folhapress)

Deputada estadual de São Paulo desde 2018, Erica Malunguinho é a primeira mulher trans eleita para a Assembleia Legislativa no Brasil. Ela é mestre em estética e história da arte pela Universidade de São Paulo e costuma aliar seus conhecimentos acadêmicos às lutas que defende.

Além de ativista antirracista, também trabalha em prol da pauta LGBTQIA+. Suas prioridades a respeito dela são a garantia dos direitos de pessoas trans e a inclusão das mesmas na força de trabalho.

Em 2016, Erica transformou seu estúdio de arte no Aparelha Luzia, uma espécie de centro cultural para incentivar as criações intelectuais e artísticas paulistanas. O lugar foi pensado por ela como um “quilombo urbano” e hoje é um dos espaços culturais negros mais respeitados do país.

-+=
Sair da versão mobile