6 maneiras de combater a discriminação racial ainda na infância

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Professora da Unesp mostra como nós, adultos, podemos ajudar na luta contra o racismo dando bons exemplos às crianças

Por FLÁVIA BEZERRA, do Ceert.

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Neste sábado, 21.03, são celebrados o Dia Internacional Contra a Discriminação Racial e o Dia Mundial da Infância. Pensando nisso, conversamos com a professora de história e pesquisadora Lucia Helena Oliveira Silva, da Unesp, sobre a importância de se combater o racismo ainda na infância: “Quando não se vê nesses modelos, a criança se sente deixada de lado. Por isso, é de suma importância falarmos sobre preconceito, uma vez que ainda estamos construindo o respeito à diversidade”, diz Lucia. Leia abaixo:

1. Atente-se para não reproduzir comportamentos preconceituosos

Segundo Lucia, é comum, nas escolas, reproduzir comportamentos racistas, mesmo sem perceber que os faz: “Já vi muita professora pedindo para a menina de cabelo crespo, enrolado, ir à escola apenas com os fios presos, enquanto a aluna branca, de cabelo liso, é autorizada a ir com eles soltos. Trabalhar a diversidade é garantir às crianças sensação de pertencimento”.

2. Repense seus atos e seu vocabulário

Além de não reproduzir termos racistas, como judiar ou denegrir, sempre explicando às crianças por que elas também não podem repeti-los, atente-se aos atos que podem, sim, ser hostis à diversidade: “Eu já fui professora primária e mesmo sendo uma mulher negra, já fiz coisas que me arrependo, como rezar antes de comer. A escola é laica e não poderia, como professora, me esquecer dos alunos não-cristãos”.

3. Não incentive apelidos que caracterizam estereótipos

Lucia é enfática neste ponto: “Apelido pode até parecer carinhoso, mas não é legal. Pense: por que há tanta necessidade de classificar alguém que não é branco? Não chame de ‘japonesinho’, de ‘mulatinha’, de ‘bombom’… Falando assim, você repete o racismo, mesmo achando que não. Use sempre o nome da criança. Sempre!

4. Reflita a necessidade de festas em datas comemorativas

Aqui, o questionamento de Lucia fica, principalmente, para professores e profissionais da educação: “As festas de dia das mães e dia dos pais só reforça um modelo de família tradicional que não é mais o único. Poxa, quantas crianças são, hoje, criadas pelos avós, tios, ou têm dois pais, ou duas mães? A festa junina, que tradicionalmente é uma festa católica, também deveria ser repensada”, explica. “E que tal adotar uma festa da família?”, complementa.

5. Explique, explique e explique tudo às crianças

Exemplifique aos pequenos o que é preconceito, discriminação e nunca evite o assunto! “Converse e aposte no poder da sinceridade.”

6. Valorize a diversidade no dia a dia

“Mostre referências de diversidades em livros, filmes… A criança percebe quando não está no modelo em que é apresentado, desconstruindo ideias tradicionais. E desconstruir é uma luta”, defende Lucia.

 

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