A ajuda do samba contra o racismo, e a intolerância religiosa

FONTEPai Paulo de Oxalá, do Extra
(Foto: Mariana Maiara)

Quando os antigos africanos chegaram aqui, trouxeram seus conhecimentos religiosos e culturais, fortalecidos na sabia essência social, em que o sagrado conduz o dia a dia, pois eles cantam e dançam para tudo, como: o nascimento e a morte.

A batida dos sagrados atabaques africanos e de toda a sua musicalidade, inspiraram milhares de poemas e canções, e deram origem a ritmos que hoje fascinam pessoas no mundo inteiro, como é o caso do samba, que é um toque com autênticos compassos africanos.

A história comprova que é difícil desassociar as religiões de matriz africana do samba, pois foi na Praça Onze no Rio de Janeiro, mais precisamente no quintal do Terreiro de Candomblé de Tia Ciata da Oxum, que o samba ganhou notoriedade e se tornou essa potência nacional.

Vem de muitos carnavais, em que as Escolas de Samba trazem enredos que exaltam o axé dos Orixás.

Ano passado, a Acadêmicos do Grande Rio ganhou o carnaval com o enredo: Fala, Majeté! Sete Chaves de Exu, onde a Escola mostrou para o mundo, a real importância de Exu, o Orixá dos caminhos e da comunicação que está sempre pronto e atento a tudo.

Nesse ano de 2023, várias Escolas do Rio e de São Paulo estão exaltando os Orixás como é o caso da Mangueira que apresentou o enredo: ‘As Áfricas que a Bahia Canta’, que exaltava a força da fé e da cultura africana em Salvador.

A Unidos da Ponte veio com as bênçãos de Oxum apresentando o enredo: ‘Liberte nosso sagrado: o legado ancestral de Mãe Meninazinha’, num desfile que mostrou a luta da Yalorixá, pela transferência dos objetos sagrados, que foram confiscados pela polícia em uma época de perseguição religiosa.

Já em São Paulo, a Escola de Samba Gaviões da Fiel, chamou a atenção contra intolerância religiosa através do enredo: ‘Em Nome do Pai, Dos Filhos, Dos Espíritos e Dos Santos… Amém!’, onde a comissão de frente era composta por líderes de diversas religiões.

Num momento em que vivemos de tanta intolerância, discriminação, racismo e preconceito, é muito bem-vinda a ajuda das Escolas, para mostrar a beleza e força da fé nos Orixás. Pois, fundamentalmente quando as Escolas trazem os Orixás como enredo, trazem junto, Babalorixás, Yalorixás, Ogans, Ekedis, filhos de santos, e tornam a avenida em um imenso Terreiro a céu aberto.

Antes desses enredos irem para a passarela, uma serie de rituais são feitos no intuito de se pedir licença ao Sagrado. Ou seja, tudo só acontece porque os Orixás permitem.

Lààyè àwọn Òrìṣà tí àwa láyè samba!

(Viva os Orixás que nos permitem sambar!)

Axé!

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