A Mini Miss Brasil é negra! Luz na passarela, que lá vem ela…


 

Maria Victórya Manzi, aos oito anos de idade, é a atual Mini Miss Brasil – a primeira negra – e esbanja charme e desenvoltura nas passarelas do Rio, de Curitiba e agora também no México. Eis mais uma mudança de padrões a entrar para a história da Beleza no país e do mundo.

A angolana Leila Lopes consagrou-se em 2012 como a primeira Miss Universo negra. Poucas foram as representantes afrodescendentes a assumir um posto tão alto em um concurso de beleza. No Brasil, 25 anos antes, Deise Nunes enfrentou inúmeros obstáculos antes e depois de vencer em 1986 o concurso de Miss Brasil, representando o estado do Rio Grande do Sul. Hoje, no entanto, é a vez de superar as desigualdades desde muito cedo. Orgulho pelos feitos e pela raça, Maria Victórya Manzi, de apenas oito anos, representará o Brasil no Miss Universo Mirim 2013, que será realizado em julho, no México. “É uma pena existir qualquer forma de preconceito nesses concursos. Fico muito feliz da minha filha estar participando deste importante concurso e mostrando toda a sua beleza”, explica a enfermeira Ana Carolina Manzi Sant’Anna, mãe da pequena Miss. Pode-se dizer que Maria Victórya já é veterana, tendo realizado seu primeiro trabalho fotográfico aos dois anos de idade; na verdade, o fotógrafo que fazia as lembrancinhas de seu aniversário gostou tanto das fotos que pediu para fazer uso das imagens na divulgação do estúdio. De lá para cá, participou de 8 concursos de beleza dos quais venceu 5 em primeiro lugar, entre eles o Mini Miss Niterói, o Mini Miss Estado do Rio de Janeiro e, por fim, o Mini Miss Brasil.

De fato, ela demonstra a elegância e a desenvoltura necessárias para o desenvolvimento cênico da passarela. E, apesar da superexposição à mídia, Maria Victórya consegue ter uma rotina e uma disciplina que envolve desde as aulas e matérias escolares, até aulas de desfile e hidratação nos cabelos duas vezes por semana. Também pratica ballet, capoeira e ginástica ritmica, além de marcar presença em desfiles de moda por todo país.

Para a diretora da etapa estadual do Miss Universo, Suzana Cardoso, os concursos infantis não têm os mesmos critérios nem a mesma rigidez dos concursos para adultos. Segundo ela, a disputa é mais lúdica e se tenta manter o clima de brincadeira, buscando descontrair a tensão e o clima de competição. Segundo ela, mais do que as medidas e o peso, os quesitos mais importantes ali são postura e segurança na passarela. Obviamente que simpatia, graça e um toque de glamour, também entram nessa avaliação.

Na verdade, existem várias categorias no concurso de beleza infantil. A Maria Victórya concorre em uma dessas categorias, a Mirim. A diferença entre elas é a idade das participantes, diferentemente do Miss Universo Adulto, que é apenas um. A nossa beleza negra mirim irá concorrer ao Miss América Internacional após conquistar sua vaga como vencedora do Miss Município de Niterói, sendo classificada para disputa do Miss Estado do Rio de Janeiro onde obteve a vaga para concorrer ao Miss of the Universe Brasil Mirim 2013 (Curitiba), sagrando-se campeã da etapa Brasileira; e, assim, agora está pronta para conquistar o mundo.

“…PARTICIPOU DE 8 CONCURSOS DE BELEZA, DOS QUAIS VENCEU 5 EM PRIMEIRO LUGAR; ENTRE ELES, O MINI MISS NITERÓI, O MINI MISS ESTADO DO RIO DE JANEIRO E, POR FIM, O MINI MISS BRASIL.”

O DIA A DIA FORA DAS PASSARELAS

Mini Miss Brasil

 
Mas, afinal, como será o cotidiano dessa Miss tão jovem? Quais as coisas que gosta de fazer? É a própria Maria Victórya quem nos conta: “Minha rotina é estudar: faço aula de dança e expressão corporal, aula de passarela e postura. O que eu mais gosto de fazer é estudar, desfilar e brincar com minha amigas. Eu gostaria de ter mais tempo de viajar, que eu também adoro viajar. Também brinco com as minhas amigas e minha irmã. Gosto muito de brincar e andar de patins. Brinco também de desfiles – as minhas amigas, elas adoram aprender a desfilar comigo, elas dizem que eu desfilo muito bem e por isso tenho que ensinar a elas.”

Mas a vida de destaque é dura, e a Mini Modelo conta ainda que divide seu tempo entre as gravações, estudos e desfiles, mas procura sempre um jeitinho de se divertir, mesmo que seja nos intervalos de gravações: “É sempre uma grande festa quando eu estou no intervalo e arrumo amigas para passar o tempo quando não estou em cena.” De uma forma geral, ela demonstra encarar tudo com muito boa vontade: “Eu adoro tudo isso, minha mãe diz sempre que quando eu tenho que acordar cedo para cumprir algum compromisso, ela não precisa nem chamar duas vezes que eu levanto no maior pique. Confesso que às vezes é cansativo, mas eu tiro de letra, porque eu gosto de estar participando, estudando para melhorar sempre. Quando eu não tenho compromissos, pelo motivo que for, eu já até estranho a falta”.

Para a mãe, esse cotidiano agitado faz parte de uma organização que ela tenta manter no dia a dia. “Tudo começou quando uma emissora de televisão promoveu um concurso de beleza e ela me pediu para participar. Levei ela para realizar um teste com mais de 1000 crianças, e ela foi selecionada entre as 25 finalistas do estado do Rio de Janeiro, indo para grande final onde ficou entre as 5 meninas mais bonitas do estado. Após esse concurso, a coordenadora do Miss Universo Estado do Rio de Janeiro a convidou para representar o município de Niterói no concurso Estadual.”

Como toda mãe coruja, Ana Carolina se confessa super orgulhosa do sucesso da filha, e afirma que “é muito bom ver a minha filha vencer, ser aplaudida e o nome dela sendo chamado para receber os prêmios. Toda vez que ela entra na passarela, mesmo não sendo para concorrer, parece sempre que é a primeira vez, é maravilhoso!”

Para o segundo semestre, após a volta do México, a perspectiva é dar sequencia à carreira da jovem, já iniciada como modelo e atriz: “Ela vem se aprimorando no estudo das artes cênicas, que é o grande sonho da Maria Victórya”. Indagada sobre como encara a possibilidade da derrota da filha, Ana Carolina afirma que encara com naturalidade esse tipo de situação, pois “ganhar ou perder, ser aprovada em um teste ou não, faz parte da vida da minha filha há alguns anos.”

Fonte: Raça Brasil

 

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