A vida sexual de Dilma e a saúde mental da Época. Por Paulo Nogueira

Como se uma Veja não fosse suficiente para destruir qualquer crença em jornalismo decente, temos agora duas Vejas.

Por Paulo Nogueira, do DCM 
A revista Época, da Globo, tornou-se um espelho da Veja.

Os sinais da vejização apareceram quando a Época publicou na capa, no início do segundo turno, uma pesquisa de um certo Instituto Paraná que dava Aécio virtualmente eleito.

Era um disparate, coisa de amadores malintencionados. Sequer a TV Globo respeitou a pesquisa.

Depois, veio a promoção de um Veja-boy à chefia de redação, Diego Escosteguy, conhecido como o Kim Kataguiri das semanais.

Formado pela tenebrosa escola da Veja – que combina canalhice, desonestidade e miopia editorial –, Escosteguy completou o salto no abismo da revista.

Até receber um calaboca dos Marinhos, Escosteguy todos os dias vinha no Twitter com revelações “espetaculares” que acabariam com o mundo tal como o conhecemos.

No futuro, os estudiosos do jornalismo creditarão a ele a devastadora banalização das palavras “furo” e “bomba”.

Mas nada do que a Época fez nesse processo de emulação da Veja se compara a um texto em que a revista oferece conselhos sexuais não solicitados a Dilma.

Essencialmente, o que a revista disse é que Dilma seria mais feliz com mais sexo.

O tema é uma cretinice em si. Alguém tem informações sobre a vida íntima de Dilma? Ou sobre a vida sexual de Roberto Irineu Marinho? RIM é feliz na cama?

Há uma questão imposta pela natureza no assunto.

Existe um tempo em que sexo é uma das preocupações vitais de homens e mulheres, e disso resulta a perpetuação da raça.

E existe também um tempo em que o sexo deixa de ser prioridade.

Um homem ou uma mulher que passe a vida toda se comportando sexualmente como se tivesse 18 anos é um caso para a psiquiatria.

Sabe aquele velho que pinta o cabelo, branqueia os dentes, coloca jeans e fala a gíria dos adolescentes?

Mais que tudo, quem decretou que uma mulher precisa de um homem para ser feliz?

Isso não é apenas machismo. É tolo.

Você precisa apenas de você mesmo para ser feliz. Não depende de mais ninguém. Isso vale para as mulheres e para os homens.

Hoje, ontem, sempre. É o beabá da sabedoria, como fartamente mostraram filósofos orientais e ocidentais.

É só em novelas da Globo que as pessoas anseiam desesperadamente por relacionamentos de contos de fadas.

Mas estamos falando, no caso, de vida real.

A Época, ao se aproximar da Veja graças à contribuição milionária de Escosteguy, enfrentou o mesmo processo da antiga rival de destruição da cultura editorial.

E é dentro de um ambiente de ruínas jornalísticas que surgem artigos como este sobre a vida íntima de Dilma.

Se Dilma tem ou não problemas sexuais, não sabemos. O que ficou claro é que a Época enfrenta sérios problemas mentais.

Sobre o Autor

O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

-+=
Sair da versão mobile
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.

Strictly Necessary Cookies

Strictly Necessary Cookie should be enabled at all times so that we can save your preferences for cookie settings.

If you disable this cookie, we will not be able to save your preferences. This means that every time you visit this website you will need to enable or disable cookies again.