One, People, One Love!

Escritora Cidinha da Silva (Foto: Elaine Campos)

A voz forte e afinada brotava não se sabe de onde. Era um grito, um uivo. Um lamento. O registro de uma existência.

Por Cidinha da Silva Do Revista Fórum

Sabida era a levada do Reggae. Ecoavam confusos pedaços da letra filiada à tradição  Bobvariana. Parado na sinaleira / rico observa o mundo /  limpador de vidro vira mundo / pra sobreviver no caos.

Eu desacelero e olho à volta para descobrir quem canta na manhã ensolarada de domingo. O monturo de lixo se mexe. Emerge de lá, pulando numa perna, ora noutra, uma mulher de dreads grossos, pele negra curtida de sol e gordura das sobras dos restaurantes, roupa de sacos de lixo pretos, customizados. Um luxo!

Tiro os óculos escuros e penso ver Estamira, mas, que nada, é Arthur Bispo e seu rosário desfiando (en) canto para não enlouquecer.

Imagem de capa: Estamira, protagonista do documentário do mesmo

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