Ação do movimento negro contra fome reúne artistas e levanta mais de R$ 5 mi

FONTEPoder 360, por Paulo Motoryn
A atriz Camila Pitanga e os cantores Zeca Pagodinho e Emicida são alguns dos apoiadores de campanha do movimento negro contra a fome (Imagem: Divulgação/Mostra de Tiradentes, Roberto Filho/WikiMedia Commons e WikiMediaCommons)

Projeto quer ajudar 223 mil famílias

Zeca Pagodinho e Emicida apoiam

PoderData revela dados sobre tema

Problema atinge 36% dos brasileiros

 

“Tem gente com fome”. Esse é o mote de campanha do movimento negro que já arrecadou mais de R$ 5 milhões em doações para combater a insegurança alimentar no Brasil. A ação é coordenada pela Coalizão Negra por Direitos, articulação que reúne mais de 200 organizações sociais ligadas à temática racial.

O grupo mapeou 222.895 famílias em situação de vulnerabilidade e, desde 17 de março, distribui alimentos em pontos físicos nas 5 regiões brasileiras. De acordo com os coordenadores da campanha, até a manhã deste domingo (4.abr.2021), 22 mil famílias já foram atendidas. Cada uma recebe alimentos que somam valor de R$ 200.

O valor arrecadado na plataforma on-line já chegou a R$ 5.106.523,00, vindo de 15.901 doadores. De acordo com os organizadores, para todas as famílias mapeadas serem beneficiadas, é preciso levantar R$ 133,7 milhões.

Para apoiar a divulgação, a coalizão convocou artistas a fazer parte da campanha. Em um dos vídeos divulgados, uma série de personalidades de projeção nacional pede doações. Entre elas, estão os sambistas Zeca Pagodinho e Mart’Nália, os rappers Emicida e MV Bill e as atrizes Zezé Motta e Camila Pitanga.

Líderes do movimento negro, como as filósofas Sueli Carneiro e Djamila Ribeiro e o ativista Douglas Belchior, também aparecem na peça. O filósofo indígena Aílton Krenak é outro que aparece no vídeo. Assista (1min 49s):

 

PESQUISA: PANDEMIA APROFUNDA FOME NO BRASIL

Pesquisa PoderData divulgada nessa 5ª feira (1º.abr) mostra que 36% dos brasileiros dizem ter passado fome ou comido menos durante a pandemia do novo coronavírus. Essa é a soma do percentual dos que dizem ter deixado de fazer refeições (7%) com o dos que passaram a comer menos do que o de costume (29%) nesse período.

O percentual de pessoas que deixou de comer, conforme o levantamento, equivale a 14,9 milhões de pessoas, considerando a população brasileira estimada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Os que não dizem ter passado fome ou comido menos são 61% (soma dos 17% que afirmam comer mais durante a pandemia, com os 44% que dizem ter “comido como sempre”). A pesquisa nacional PoderData foi realizada de 2ª a 4ª feira (29-31.mar.2021), com 3.500 pessoas, nas 27 unidades da Federação

A partir de março de 2020, Estados e municípios começaram a adotar medidas restritivas para conter a disseminação da covid-19. Comércios, bares e restaurantes foram fechados ou tiveram seus horários de funcionamento alterados em todo o Brasil.

Dessa forma, milhões de pessoas ficaram em casa, em confinamento, principalmente nos primeiros meses de quarentena. Hospitais estavam se preparando para a demanda e instalando novos leitos. Além disso, o desemprego disparou e atingiu nível recorde, alterando a rotina de diversas famílias brasileiras.

Durante a pandemia, o governo federal concedeu um auxílio emergencial, para tentar reduzir o impacto econômico para famílias mais carentes. No começo, o valor pago chegou a ser de R$ 600, em média, mas caiu para R$ 300 no fim de 2020, sendo encerrado quando o ano acabou. Neste ano, haverá uma nova rodada, com pagamento de R$ 250, em média. O valor será depositado a partir de 3ª feira (6.abr).

A pesquisa foi feita pela divisão de estudos estatísticos do Poder360. A divulgação do levantamento é realizada em parceria editorial com o Grupo Bandeirantes.

Foram 3.500 entrevistas em 541 municípios, nas 27 unidades da Federação. A margem de erro é de 1,8 ponto percentual. Saiba mais sobre a metodologia lendo este texto. Para chegar a 3.500 entrevistas que preencham proporcionalmente (conforme aparecem na sociedade) os grupos por sexo, idade, renda, escolaridade e localização geográfica, o PoderData faz dezenas de milhares de telefonemas. Muitas vezes, mais de 100 mil ligações até que sejam encontrados os entrevistados que representem de forma fiel o conjunto da população.

 

 

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