Acusada por racismo em abril de 2018 é presa por continuar ameaçando vítima

Imagem Geledés

Uma mulher acusada de racismo, identificada como Delzuíte Ribeiro de Macêdo, foi presa nesta quinta-feira em São Raimundo Nonato (PI). Ela foi acusada, em abril do ano passado, de insultar com injúrias raciais o bebê de uma mulher com quem dividiu apartamento durante a faculdade, em São Paulo. A dentista tinha escrito uma série de comentários ofensivos contra pessoas negras em uma publicação no Facebook. Delzuíte chegou a ser presa provisoriamente, mas após ser solta, continuou a ameaçar a vítima.

Por Louise Queiroga, do Extra 

O juiz Carlos Alberto Bezerra Chagas, do Tribunal de Justiça do Piauí (TJPI), afirmou que decidiu expedir um mandado de prisão preventiva porque Delzuíte “realizou ameaças contra a vítima e seus familiares quando já tinha conhecimento da decisão judicial que aplicou as suso referidas medidas”. Ele determinou ainda que a ré seja transferida imediatamente para a Penitenciária Feminina de Teresina.

O texto de Delzuíte foi publicado apenas para amigos na rede social, mas capturas de tela circularam na web, gerando revolta entre internautas. No post, a dentista afirmava que seu filho “é lindo e Branco!”, ao mesmo tempo em que discriminava uma conhecida, por exemplo, quando disse: “Já vi que você saiu da senzala, porém a senzala ainda não saiu de você”. E ainda: “Não me interesso por gente que nunca chegará ao meu tom de pele”.

Primeira parte da publicação da dentista investigada Foto: Facebook/Reprodução

 

Segunda parte da publicação da dentista investigada Foto: Facebook/Reprodução

 

Segunda parte da publicação da dentista investigada Foto: Facebook/Reprodução

 

A Polícia Civil do Piauí começou a investigar o caso quando a vítima, Thaiane Ribeiro Neves, de 30 anos, procurou a delegacia de São Raimundo Nonato.

— Nos conhecemos na faculdade e ela foi morar comigo — disse. — Ela é desequilibrada, não dava para continuar com ela, ela não dividia as contas do apartamento, houve uma briga feia.

Segundo o delegado Emir Maia, responsável pela coordenação das delegacias do interior do estado, a dentista incita, em suas publicações, “o ódio, o preconceito à raça negra, de forma que venha a atingir a honra e a dignidade de toda a raça negra”.

Quando Delzuíte foi presa pela primeira vez, sua família alegou que ela sofre de transtornos mentais.

— É por causa do descontrole mental que ela está assim. Quanto mais está sob pressão, mais se descontrola — explicou a mãe dela, de 73 anos, por telefone.

A dentista responde por três processos, todos abertos em 2017. O primeiro, de março, é por difamação, injúria e ameaça; o segundo, de agosto, é apenas por difamação; enquanto o último, de outubro, é por dano, sem especificar, porém, de que tipo.

 

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