Alma do negócio

(Foto: Lucíola Pompeu)

Abelardo Barbosa está com tudo e não está prosa. Oh, Terezinha! Oh, Teresinha! É um barato a Discoteca do Chacrinha. Mais de uma geração reconhece o jingle criado pelo redator Miguel Gustavo para carnavalizar o programa mais escrachado da TV brasileira. Dispensável descrever Abelardo, o palhaço e showman completo. Chamado de o velho guerreiro por Gilberto Gil: Chacrinha continua balançando a pança e buzinando a moça e comandando a massa. No meio do circo eletrônico, o pançudo soltava o bordão óbvio, portanto definitivo: Quem não se comunica se trumbica!!!

Por  Fernanda Pompeu, do Yahoo

Curioso, quando cursei a escola de comunicações jamais estudamos o Chacrinha. A gente lia autores de primeira grandeza: Roland Barthes, Walter Benjamin, Jesús Barbero, Gabriel Cohn. Mas nada de observar Chacrinha, o comandante do terreiro. Percebi isso por conta da minha mãe me repreender em situações comezinhas: Você estuda Comunicações, mas se trumbica com quem está a sua volta. O fato é que estava bêbada numa Torre de Marfim, olhando com preconceito para os comunicadores de massa.

Anos que passam debaixo da ponte. Hoje toda a comunicação mudou com a Revolução Digital. Amídia de massa, com diz o professor Carlos Nepomuceno, está cada vez mais mídia de missa. A comunicação de clube, paróquia, tribo se dá em nichos, se volta para públicos específicos. É desafio, é problema para os grandes canais – tevês, rádios, portais – pois “quanto maior a abundância de informação, menor a taxa de atenção”. A escassez de atenção também afeta a “comunicação de nichos”, uma vez que eles proliferam. Daí a pergunta: como conquistar a atenção? No meu humilde caso: Como prender o leitor a esta crônica?

Minha aposta é insistir no trabalho, escrever com sinceridade e clareza. Pôr todo o escrito na internet, plataforma-mãe capaz de transformar leitores em colaboradores. Gente que ama, odeia, comenta, compartilha. No século 21, as Terezinhas do Chacrinha não se limitam a aplaudir e pegar bacalhaus no ar. Elas têm facebook e algumas escrevem blogs. Estão no mesmo barco da nova comunicação, acenando com os posts para chamar a atenção – o ouro cobiçado. Mas a indagação do guerreiro pançudo segue no centro do picadeiro, só que agora no plural: Vão para os tronos ou não vão?

-+=
Sair da versão mobile