Alunas da UFRGS criam coletivo que reforça a presença da mulher negra na dança

Reprodução/Facebook

‘Coletivo Corpo Negra’ reuniu e fortaleceu bailarinas negras dentro do curso. Iniciativa estende atividades para escolas.

Por Carol Anchieta, RBS TV, G1

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Alunas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) se reuniram em um coletivo que reforça a presença da mulher negra na dança. A iniciativa estende atividades para escolas da Região Metropolitana de Porto Alegre.

A ideia nasceu em 2016, quando elas perceberam o aumento de mulheres negras nas aulas da universidade.

“O coletivo me fez crescer em várias coisas, até na questão de me colocar mais, de pensar politicamente qual é o lugar do meu corpo na sociedade, o que isso significa e o quanto eu preciso estar com elas, o quanto elas me fortalecem”, diz a bailarina e estudante do curso Natália Proença Dornelles.

“É muito bom quando tu chega num espaço e vê que tem pessoas iguais a ti. Tu te sente acolhido e tu vê: ‘Poxa, não estou sozinha!'”, acrescenta Mariana Duarte, também bailarina e estudante.

Mesmo que ainda não tenham o diploma, todas já pensam em continuar com o projeto fora da universidade.

“Eu acho que esse é o intuito do coletivo, a gente ser referência para essas pessoas que estão fora, no momento em que a gente está aqui, que a gente tá lutando, que a gente está buscando dizer que esse espaço é nosso sim, de mulheres pretas que vieram da Restinga [bairro da Zona Sul de Porto Alegre], que vieram de Esteio, que vieram de Novo Hamburgo, de lugares periféricos”, destaca Natália.

A professora de dança Barbara Santos de Oliveira destaca a importância de as alunas levarem a representatividade e as atividades para escolas, para trabalhar o tema desde a infância.

“Na escola onde eu trabalho, a gente tem o projeto que chama ‘Práticas pedagógicas para uma educação antirracista’, onde o coletivo está atuando em parceria e oferece aulas de dança afro e aulas onde a representatividade com bailarinas clássicas negras, para que as crianças negras e as crianças brancas saibam que isso é muito importante desde criança.”

Além disso, as bailarinas também fazem um trabalho de contação de histórias para as crianças. Assim, elas trabalham o ano inteiro temas que normalmente aparecem nas escolas em datas como o Dia da Consciência Negra e o Dia da Abolição da Escravatura.

“Toda criança que é negra, ela quer ver uma heroína, um herói que se pareça com ela, e a gente consegue tirar fotos lindas e que são totalmente espontâneas de uma criança valorizando a outra, de uma forma que ela nunca tinha percebido”, comenta a coordenadora do projeto, professora Lucide Saltier.

“Eu acho que isso é muito bom, porque a gente começa a criar cidadãos mais respeitosos”, resume a também professora Liziandra Bica da Silva.

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