Amnistia pede prioridade para investigação ao assassínio de Marielle

FONTEDo JN
Foto: Ricardo Moraes/REUTERS

A Amnistia Internacional (AI) defendeu esta sexta-feira, num comunicado, que as autoridades brasileiras devem dar prioridade à resolução dos assassínios da vereadora Marielle Franco e do seu motorista, Anderson Gomes, levando os responsáveis à justiça brasileira.

“A sociedade precisa saber quem matou Marielle e porquê. Todos os dias que este caso permanece sem solução, o nível de risco e incerteza em torno dos defensores dos direitos humanos piora”, declarou Jurema Werneck, diretora-executiva da Amnistia Internacional Brasil.

Os assassínios de Marielle Franco e de Anderson Gomes completam um mês no sábado.

“Se o Estado não levar os culpados à justiça, envia uma mensagem de que os defensores dos direitos humanos podem ser mortos com impunidade. As autoridades devem deixar claro que este não é o caso e avançar rapidamente para investigar aqueles que mataram Marielle e aqueles que ordenaram a morte dela”, sublinhou Jurema Werneck.

Eleita como vereadora da prefeitura do Rio de Janeiro em 2016, Marielle era conhecida por defender os direitos das mulheres, com um enfoque particular na luta das mulheres negras, bem como os direitos LGBT, além de denunciar os abusos policiais e execuções extrajudiciais, particularmente nas favelas.

Dias antes do seu assassínio, a ativista dos direitos humanos foi nomeada relatora da comissão que acompanha a intervenção das forças armadas em tarefas de segurança pública no Rio de Janeiro.

Marielle Franco e o seu motorista foram mortos a tiro enquanto viajavam de carro pelas ruas do bairro Estácio, no centro do Rio de Janeiro, após a participação num debate público na noite de 14 de março.

Pelo menos 13 tiros foram disparados contra o carro, quatro deles atingiram a vereadora na cabeça. A natureza dos tiros e o relato do envolvimento dos atacantes em dois veículos indicam que foi um assassínio cuidadosamente planeado, realizado por pessoal com treino.

A Amnistia Internacional pede às autoridades brasileiras que conduzam uma investigação completa, imparcial e independente que não apenas identifique os atiradores, mas também aqueles que ordenaram o assassínio de Marielle Franco.

A falha em identificar todos os responsáveis colocaria dúzias de defensores direitos humanos em grave risco, sublinhou a nota da AI.

O Brasil é um dos países mais perigosos do mundo para defensores dos direitos humanos, com pelo menos 58 mortes em 2017. Tais mortes desencorajam a mobilização, alimentando o medo e o silêncio na sociedade, refere a organização.

“O assassínio de uma negra, lésbica, ativista dos direitos humanos que defendia os setores mais marginalizados da sociedade foi claramente destinado a silenciar a sua voz e a gerar medo e insegurança. Mas vamos continuar a levantar as nossas vozes”, disse Jurema Werneck.

“Pessoas no Brasil e em todo o mundo mobilizaram-se desde que Marielle foi morta e não descansarão até que a verdade seja conhecida e a justiça seja feita. Eles tentaram calar-nos, mas nós mostrámos que não estamos com medo”, disse.

A organização de direitos humanos tem ativa uma petição aberta a assinatura pública, em que se exorta as autoridades brasileiras a investigarem urgentemente e de forma imparcial os assassínios de Marielle Franco e de Anderson Gomes e a julgar todos os responsáveis pelas suas mortes.

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