Apenas 18% das empresas no Brasil têm mulheres como presidente

COORDENADORES E CONVIDADOS DISCUTEM DURANTE APRESENTAÇÃO DO PANORAMA MULHER 2018 (FOTO: ÉPOCA NEGÓCIOS)

Desigualdade também está presente em diretorias e conselhos, mas é menor quando a empresa é comandada por uma mulher

Do Época 

COORDENADORES E CONVIDADOS DISCUTEM DURANTE APRESENTAÇÃO DO PANORAMA MULHER 2018 (FOTO: ÉPOCA NEGÓCIOS)

Mulheres ocupam cargo de presidente em apenas 18% das empresas do Brasil. O dado foi obtido pela pesquisa Panorama Mulher 2018, feita pela empresa de recrutamento Talenses, em parceria com o Insper. A média geral é ainda pior que a brasileira, com 15% de mulheres na presidência de empresas.

Os números se baseiam na análise de 920 companhias com sede no Brasil, na América do Norte ou na Europa. Os resultados também mostram baixa presença feminina em cargos de liderança, como vice-presidência, diretorias e conselhos.

A presença de mulheres nessas funções é maior quando a presidência da empresa é ocupada também por uma mulher. Quando o presidente é homem, mulheres ocupam, em média, 18% dos cargos de vice-presidência, 23% de diretorias e 10% em conselhos. Já no caso de presidentes mulheres, os percentuais sobem para 34%, 45% e 41%, respectivamente.

Os coordenadores da pesquisa enxergam duas possíveis explicações para a maior presença de mulheres em cargos de chefia, quando há uma presidente. Por um lado, empresas assim tendem a oferecer um ambiente mais propício para outras poderem ascender profissionalmente. Por outro, o fato de uma empresa ter uma mulher como presidente pode colaborar para que mais mulheres cheguem aos demais cargos.

A tendência, porém, não aponta necessariamente para comportamentos e escolhas conscientes – assim como no caso oposto, em que presidências ocupadas por homens dão origem a equipes com menor presença feminina. É o que explica Regina Madalozzo, coordenadora do Núcleo de Estudos de Gênero do Centro de Estudos em Negócios do Insper e co-coordenadora do estudo.

“Trata-se de um viés inconsciente. Não há uma decisão voluntária de não se promover uma mulher por ela ser uma mulher, mas encontram-se outras respostas”, explica, citando como exemplo a questão da maternidade. “Várias mulheres que estão na época de ter filhos escutam que não estão em um momento bom para serem promovidas ou que não deveriam aceitar o cargo.”

Nesse sentido, Rodrigo Vianna, Diretor da Talenses e co-coordenador da pesquisa, destaca o papel dos CEOs como “agentes transformadores”. Em empresas com uma presidência engajada em ter diretorias e conselhos mais diversos, segundo ele, essa realidade também tende a se refletir nos cargos mais baixos.

A pesquisa também mostra que a presença feminina é significativamente maior em empresas de menor porte, caindo conforme o número de funcionários aumenta. Em empresas de até nove funcionários, 52% dos cargos de presidente são ocupados por mulheres. O índice cai para 19% em empresas com entre 10 e 49 funcionários e para 10% nas que têm mais de 50. Em relação aos demais cargos, os índices não variam de forma significativa.

As empresas com administração familiar também tendem a ter mais mulheres na presidência, com uma média de 28%, contra 12%, nas de administração profissional. A influência do porte e do tipo de administração, segundo os coordenadores, colabora para que o percentual médio do Brasil tenha sido maior que o da América do Norte (10%) e Europa (13%) na pesquisa.

Segundo Regina Madalozzo, a melhora desses índices depende do impactos de três agentes principais. De um lado, as empresas devem se conscientizar e buscar entender os fatores que atuam na formação desse cenário desigual. Do outro, ao buscarem entender melhor suas carreiras e se expor mais a processos seletivos, as mulheres também têm mais chances de ascender profissionalmente. Por fim, são necessárias mudanças em relação à sociedade e a políticas que fazem distinção entre homens e mulheres. “Na tentativa de ajudar as mulheres, elas acabam atrapalhando por penalizar os homens. O mais evidente disso é a diferença entre as licenças maternidade e paternidade”, diz. Tornar as duas iguais, mais do que colaborar familiarmente, colaboraria para que as mulheres deixem de ser discriminadas pelo maior período que ficam afastadas ao ter um filho.

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