Após racismo, moradora de Salvador cria sua própria marca

Empresária Najara Black, de 37 anos, dona da NBlack, atualmente tem três lojas em shoppings da capital baiana

FONTETerra, por Jadson Nascimento
Najara Black - Foto: Helen Mozão/Divulgação)

Ingressar no mercado de trabalho ficou cada vez mais difícil, fazendo com que as pessoas comecem algum tipo de negócio por necessidade de ter uma renda. O empreendedorismo tornou-se uma das grandes oportunidades de mudar a realidade de muitos moradores de periferias, que puderam se reinventar, colocando em prática suas habilidades profissionais para criar seu próprio negócio local, tornando-se um microempreendedor.

De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o número de microempreendedores individuais (MEI) cresceu mais de18,8% na capital baiana em 2021.

Após ser vítima de racismo em uma entrevista de emprego, a moradora do bairro Luís Anselmo, em Salvador, Najara Black, de 37 anos, decidiu não trabalhar mais para ninguém e ser dona do seu próprio negócio. Depois de anos vendendo bijuteria surgiu a ideia de criar uma marca de roupas.

Najara na loja NBlack do Shopping Paralela, em Salvador –  Foto: Najara Black

“Iniciei sem conhecimento de mercado, dos tecidos, de nada. No início o nome seria Najara Black, mas achei que ninguém compraria roupa com meu nome, então, resolvi abreviar para ficar NBlack. Participei de um evento chamado Beleza Black, no qual meu irmão e alguns amigos desfilaram com as peças que eu fiz e foi um sucesso. De lá para cá, a gente não parou mais”, afirma a empresária.

As peças da NBlack já foram produzidas em salas comercias, lojas físicas e até mesmo confeccionadas na residência da própria Najara, que durante a pandemia teve que se movimentar nas redes sociais para manter as vendas em alta. E, como movimentar é o verbo que rege a sua vida, em novembro de 2020, no quarto ano de parceria com o Shopping da Bahia, no projeto AfroBahia, a marca voltou para o espaço físico, de modo colaborativo.

“Sozinho a gente não faz nada e unidos somos mais fortes e dessa forma ninguém pode parar a gente”, afirma Najara Black.

O modelo empreendedorismo colaborativo nas periferias faz com que a moeda local gire, além de oportunizar empregos para a própria população e incentivar o surgimento de novos microempreendedores, que tem aumentado gradativamente na Bahia. 

Atualmente com 16 anos no mercado, a empresária viu o esforço de um grande trabalho colaborativo se expandir cada vez mais. Hoje, a NBlack conta com três lojas colaborativas espalhadas nos shoppings da Bahia, Cajazeiras e a mais recente inaugurada no shopping Paralela, todas em Salvador, com mais de 20 marcas empreendendo juntas, sendo 99% do quadro de empreendedores composto por mulheres pretas.

“Para mim isso é bacana, a NBlack já é uma marca forte e consegue atrair um grande público para conhecer outras marcas que ainda estão chegando no mercado e durante a pandemia muita gente teve que se reinventar, criar seus negócios ou recriar e essa foi uma oportunidade de manter todo mundo em pé, firme e forte, e fortalecido, porque acredito que sozinho a gente não faz nada e unidos somos mais fortes e dessa forma ninguém pode parar a gente”, conclui a dona da NBlack.

Resiliência: Empreendendo na favela

Agnaldo Dias em seu ateliê – Foto: Jadson Nascimento/ANF

Agnaldo Dias, de 65 anos, também morador de Salvador, do Bairro Curuzu, buscou outras formas de gerar renda após ser demitido do banco em que trabalhava como encarregado de contabilidade e encontrou no artesanato uma maneira de empreender.

“Fui apresentado ao artesanato e ao empreendedorismo quando fiquei desempregado há uns 10 anos. Depois de procurar emprego e não obter sucesso, uma colega me indicou o curso no CFA-Centro de Formação Artesanal (SESC) e, a partir daí, comecei com o artesanato”, conta.

Agnaldo produz peças utilizando como matéria-prima materiais recicláveis (papel) e, para se qualificar, aprendeu noções de administração e finanças para progredir com sua marca, a @odlangarts.

Mesmo na pandemia e com algumas restrições, Agnaldo continua produzindo no seu ateliê peças para serem comercializadas em exposições culturais, e no Stand colaborativo ARSOL, no Salvador Shopping.

Peças produzidas com jornais usados, panfletos e revistas – Foto: Jadson Nascimento/ANF

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