Depois de fazer história como a primeira brasileira a ganhar um prêmio no Festival de Sundance (Melhor Direção de Fotografia – janeiro/2023), Lílis Soares participa da 28a edição do Festival Pan-Africano de Cinema e Televisão de Uagadugu por seu trabalho em “Mami Wata”. O longa nigeriano dirigido por C.J. Obasi concorre com outros 14 filmes pelo Golden Stallion of Yennenga. Entre as produções selecionadas para a categoria, doze países africanos marcam presença. O Fespaco começa amanhã (25) e segue até o dia 4 de março.
“Mami Wata” é carregado de simbologias de origem africana. A narrativa partiu de uma visão que o diretor teve com a deusa das águas que dá nome ao filme. O trabalho de Lílis em conjunto com Obasi transformou a história em um verdadeiro espetáculo de imagens em preto e branco.
“A cada quadro, a lente especializada de Lílis Soares hipnotizou o júri. A riqueza das imagens em preto e branco, combinada com o intrincado e íntimo trabalho de câmera das performances e da paisagem natural, elevou este conto folclórico a uma experiência visual inebriante. O Prêmio Especial do Júri de Cinema Dramático Internacional: Cinematografia vai para Lílis Soares, Mami Wata.” – Citação do júri (Festival de Sundance)
Em território nacional, Lílis Soares também teve seu reconhecimento. Na Mostra de Tiradentes de 2020, ganhou o Prêmio Helena Ignez, oferecido pelo Júri Oficial a um destaque feminino em qualquer função. Lílis assinou a direção de fotografia de três filmes selecionados para o festival: os curtas “Ilhas de calor”, na Mostra Jovem; “Minha história é outra”, na Mostra Foco; e o longa “Um dia com Jerusa”, na Mostra A Imaginação Como Potência.
“Encontramos a força de uma perspectiva comprometida com a descolonização do fazer cinema, e celebramos em seu trabalho o acolhimento de uma questão ética incontornável ao nosso tempo. O que ela tem feito (…) é um cinema que assume para si a responsabilidade de enfrentar não apenas uma disputa de narrativas, mas a agencia de uma sensibilidade preta. Por saber que a pele é nossa primeira lente, e pelos modos como faz emergir novas imagens, premiamos uma fotógrafa em plena atividade, pela autonomia de um fazer cinematográfico que sim, atravessará os tempos.” – Texto apresentado pelo júri oficial
Entre outros projetos, a premiada cineasta também atuou como diretora de fotografia nos longas “Nosso Lar 2 – Os Mensageiros” e “Ó, Pai Ó 2”, ambos com data de estreia prevista para esse ano. “Ó Paí, Ó 2”, sequência dirigida por Viviane Ferreira, é uma produção da Dueto e da Casé Filmes, em coprodução com a Globo Filmes. “Nosso Lar 2 – Os Mensageiros”, de Wagner de Assis, é uma produção da Cinética Filmes, em coprodução com Star Original Productions.
Biografia da diretora LÍLIS SOARES: Premiada no Festival de Sundance com o World Cinema Dramatic Special Jury Award: Cinematography, Lílis Soares estudou Direção de Fotografia no Institut International de l’Image et du Son, na França, e Rádio e TV na UFRJ. Atuou em projetos voltados para mídia digital, publicidade, TV e cinema em países como Brasil, França, Rússia, Suíça, Itália, Angola, República do Congo e Benin. Fez a direção de fotografia do longa-metragem nigeriano “Mami Wata”, com direção de C.J. Obasi, filme que estreou no Festival de Sundance 2023, mas que também passou pelo Festival Internacional de Veneza 2021 em projetos em pós-produção, « Nosso Lar 2 – os mensageiros », dirigido por Wagner de Assis, também em pós-produção, e os longas-metragem “Ó, paí ó 2” e “Um dia com Jerusa”, ambos de Viviane Ferreira. Esteve a frente da direção de fotografia das séries de ficção Meninas do Benfica, de Roberta Marques, Fim de Comédia, de Jéssica Queiroz e Amar é para os fortes, série da Amazon com direção de Katia Lund, Yasmin Thayna e Daniel Leif. Fez a direção de fotografia da temporada 2022 do programa País do Cinema, do canal Brasil. Em 2021, fez parte da equipe de câmera do filme « Outono », dirigido por Lazaro Ramos, e das séries « Não foi minha culpa », dirigida por Susanna Lira, e “Sessão de Terapia”, de Selton Melo. Na Mostra Tiradentes de 2020, recebeu o Prêmio Helena Ignez, oferecido pelo Júri Oficial a um destaque feminino em qualquer função.
Além disso, dirigiu a fotografia dos curta-metragens « Mulheres do bando », de Thamires Vieira, “Novo Mundo”, de Natara Ney e Gilvan Barreto, “Ilhas de Calor”, de Ulisses Arthur, “Minha história é outra”, de Mariana Campos, “Enraizadas”, de Juliana Nascimento e Gabriela Roza, “Dentro”, de Mariana Jaspe, “Simone “, de Renato Cândido e da campanha “Ela decide” para a ONU, publicidade para Natura/Hysteria, Nielly, dentre outros. Lílis também atuou como professora de direção de fotografia da Academia Internacional de Cinema no Rio de Janeiro e na escola de audiovisual da Vila das Artes em Fortaleza.