Não foi só a angolana Leila Lopes, de 25 anos, que vibrou com sua vitória no concurso Miss Universo deste ano, realizado nesta segunda-feira (12), em São Paulo. Em depoimento ao G1, as atrizes Thalma de Freitas e Juliana Alves, a cantora Margareth Menezes e a modelo Carmelita Mendes explicaram o porquê de tamanha satisfação com o resultado.
A atriz Juliana Alves, que recentemente interpretou a Clotilde de “Ti-ti-ti”, diz ter ficado arrepiada. “É fato que a vitória dela representa muito mais na realidade que ainda vivemos. Ela representa um tipo de beleza que ainda tem espaços restritos, por causa do tom da pele ou o tipo de cabelo”, afirma ela, que acredita que a vitória de Leila Lopes ajudará a elevar a auto-estima da Angola.
“O mais importante é percebermos que existem tantas outras negras lindas como ela em várias partes do mundo”, diz Juliana. “Desfazermos essa ideia de que existem poucos negros bonitos. Quanto mais visibilidade as negras tiverem mais vamos perceber também as diferenças entre elas. E ser negra deixará de ser um rótulo! Só assim, as diferenças físicas deixarão de excluir. O cabelo crespo (não cacheado, crespo) ainda restringe e exclui mais do que o tom da pele mais escura. Mas estamos evoluindo. A vitória da Miss Angola é um indicativo forte e eu estou muito otimista por melhorias mais consistentes!”
Para a atriz e cantora Thalma de Freitas, o universo “conspirou” a favor da vitória da angolana em territórios brasileiros. “Vitória da beleza vinda da África, justamente no Brasil que ainda tem dificuldade em reconhecer a beleza de sua origem. O universo conspira”, brinca.
A cantora Margareth Menezes reconhece que a vitória de Leila Lopes foi “bastante merecida”. “Havia muitas mulheres bonitas na concorrência, mas ela tinha um encantamento no rosto, um carisma, algo belo e inexplicável”, argumenta. “O feito é importante para as mulheres africanas, que foram representadas por ela, mas também para as meninas afrobrasileiras.”
Para a baiana, a escolha da miss Angola foi ainda mais importante depois das notícias de ataques racistas às modelos negras em sites e fóruns internacionais. “Com o tempo, a gente vai vendo que o concurso deixou de premiar apenas as louras e passou a reconhecer a beleza das latinas, asiáticas e africanas. Para completar, a nova miss ainda fala a nossa língua! Foi uma vitória também para o Brasil, que organizou o evento de forma impecável”, comemora Margareth. A brasileira Priscila Machado, de 25 anos, ficou em terceiro lugar no concurso.
A modelo Carmelita Mendes, de 26 anos, acredita que a simpatia e atitude foram decisivas para a vitória da angolana. “Foi merecidíssimo. Não só pela beleza, mas principalmente pela atitude, pela simpatia… Isso conta muito!”, opina Carmelita. Ela diz ter notado que a miss se atrapalhou um pouco com o vestido escolhido, durante a caminhada no palco, mas acha que ela se saiu bem mesmo na hora de lidar com os imprevistos. “Quando recebeu o prêmio, agiu com surpresa… Deve ter imaginado que seria qualquer outra, menos ela.”