Ativista que processou jornal antigay é morto em Uganda

Publicação foi acusada de ter incitado no ano passado o enforcamento de homossexuais no país, onde atos do tipo são crime.

 

A polícia de Uganda confirmou nesta quinta-feira o assassinato de um ativista gay que no ano passado processou um jornal local que incitou o enforcamento de homossexuais.

David Kato, foi encontrado com ferimentos na cabeça em sua casa, na capital ugandense, Campala. A polícia disse que ainda está investigando as circunstâncias e não confirmou se o crime foi motivado pelo fato da vítima ser homossexual.

O jornal processado, o Rolling Stone, publicou no ano passado as fotos de várias pessoas, inclusive Kato, que dizia serem gays sob o título ‘Enforque-os’.

Atos homossexuais são considerados ilegais em Uganda, com pena prevista de até 14 anos na prisão.

Um deputado recentemente apresentou um projeto para tornar a punição mais severa, incluindo a pena de morte em alguns casos.

Kato havia feito campanha contra o projeto, que provocou fortes críticas internacionais após ser apresentado.

Segundo o correspondente da BBC em Uganda Kevin Mwachiro, não está claro se a morte de Kato estaria ligada à campanha do jornal Rolling Stone.

O editor do Rolling Stone, Giles Muhame, disse à agência de notícias Reuters que condenava o assassinato e que o seu jornal não pediu o ataque aos gays.

‘Há muita violência, pode não ser porque ele era gay’, disse, afirmando que o jornal defende é que o governo enforque quem promove o homossexualismo.

Onda de assassinatos
Recentemente houve uma onda de assassinatos de pessoas na cidade de Mukono, onde Kato vivia.

Testemunhas disseram à BBC que um homem entrou na casa de Kato e o espancou-o até a morte.

O grupo Minorias Sexuais de Uganda, dirigido por Kato, disse que ele vinha recebendo ameaças desde que o Rolling Stone publicou sua foto, seu nome e seu endereço no ano passado.

O diretor-executivo do grupo, Frank Mugisha, disse à BBC que ficou ‘arrasado’ ao ouvir a notícia.

‘Ele foi morto por alguém que chegou a sua casa com um martelo. Qualquer um pode ser o próximo alvo’, disse.

‘Estamos pedindo a todos os gays, lésbicas, bissexuais e transexuais de Uganda que tomem muito cuidado com sua segurança. Eles devem tomar mais precauções’, disse Mugisha, que pediu ainda que o governo ofereça proteção aos gays do país.

A ONG internacional Human Rights Watch pediu uma investigação a fundo sobre o assassinato. ‘A morte de David Kato é uma perda trágica para a comunidade de direitos humanos’, disse Maria Burnett, representante da organização.

Fonte: G1

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