‘Barreiras ainda regem o mercado’ , diz autor de livro de fala sobre trajetória de alunos negros da PUC

Reinaldo da Silva Guimarães, autor do livro “Afrocidadanização: ações afirmativas e trajetórias de vida no Rio”, afirma que as barreiras do preconceito ainda regem o mercado de trabalho. Em entrevista ao GLOBO, ele contou que seu o livro, que conta a história de 14 jovens estudantes negros da PUC-Rio para se formar e ingressar no mercado de trabalho, fala de sua própria realidade.

Seu livro também é parte da sua trajetória de vida?

Sim. Nasci na comunidade de Palmeiras, uma área muito pobre de Niterói. Morávamos num barraco, em situação muito precária. Quando o meu pai morreu, eu tinha apenas 13 anos. Comecei a trabalhar muito cedo para ajudar nas despesas da minha casa. Trabalhei um bom tempo como catador de resistência de aparelhos de TV, numa loja que vendia e consertava televisão. Fui ainda boy, auxiliar de escritório e exerci outras atividades, até conseguir, em 1993, emprego como auxiliar de biblioteca na PUC. Nunca deixei de estudar, e sempre em escola pública. É a trajetória de um negro de origem pobre que conseguiu fazer pós-graduação numa universidade importante do Rio, a PUC.

O que seria afrocidadanização que você defende no livro?

Lçto-afrocidadanização-1

A afrocidadanização é uma concepção de cidadania plena, um conjunto de medidas que ajuda a inserir o negro na sociedade de maneira plena. Ou seja, ele vai para a universidade, vai para o mercado de trabalho, tem capacidade e oportunidade de ocupar posições superiores como qualquer cidadão. A afrocidadanização é a inexistência de barreiras para que esse negro historicamente subalterno deixe de sê-lo. Vivemos esse momento no Brasil, mas barreiras ainda regem o mercado de trabalho. Por exemplo, eu fiz a graduação e o mestrado, mas continuei como funcionário da biblioteca da PUC. Só após o doutorado consegui ser professor universitário

 

Cotas para negros

Cotas: 62% dos brasileiros aprovam

Elio Gaspari: As cotas desmentiram as urucubacas

Por que as cotas raciais deram certo no Brasil

Valmir Assunção: Adoção de cotas não provocou apocalipse

 

Fonte: Paraiba

 

-+=
Sair da versão mobile