Biden diz que condenação de ex-policial pela morte de George Floyd é ‘passo adiante’

FONTEDo O Globo
O presidente americano, Joe Biden, e a vice Kamala Harris durante pronunciamento na Casa Branca após julgamento do caso George Floyd (Foto: BRENDAN SMIALOWSKI / AFP)

O presidente dos EUA, Joe Biden, disse nesta terça-feira que a condenação do ex-policial de Minneapolis Derek Chauvin pelo assassinato de George Floyd “é um passo adiante” na luta contra o “racismo sistêmico” que “mancha a alma da nossa nação”. Ele e a vice-presidente Kamala Harris pressionaram os senadores a aprovarem uma lei federal contra violência policial que leva o nome de Floyd.

— O veredicto de culpa não trará George de volta — disse Biden em um pronunciamento no Salão Oval da Casa Branca. — Mas este pode ser o momento de uma mudança significativa, um passo gigante na marcha em direção à justiça nos EUA.

Um júri popular de 12 membros considerou Chauvin, de 45 anos, culpado de todas as três acusações de homicídio, após três semanas de jugalmento, em que dezenas de testemunhas afirmaram que Chauvin usou força desproporcional ao imobilizar Floyd, com o joelho em seu pescoço por nove minutos, em 25 de maio do ano passado.

— Foi um assassinato em plena luz do dia e arrancou as vendas para todo o mundo ver — disse Biden, que também pediu unidade à nação. — O racismo sistêmico é uma mancha na alma da nação.

Chauvin, que preferiu não prestar depoimento e se declarou inocente, foi considerado culpado por homicídio em segundo e terceiro graus e por homicídio culposo em segundo grau. No primeiro, o que se considerou é que Chauvin causou, de forma não intencional, a morte de Floyd enquanto cometia outro crime, a agressão. No segundo, que o ex-policial matou Floyd ao tomar uma atitude perigosa e que colocou sua vida em risco. No último, que Chauvin, ao ser imprudente, assumiu o risco de matar Floyd.

A vice-presidente Kamala Harris também fez comentários, instando o Senado dos EUA a aprovar a “Lei George Floyd de Justiça no Policiamento”, que foi aprovada pela Câmara dos Deputados, de maioria democrata, e visa impedir táticas agressivas de aplicação da lei que têm como alvo negros e outras minorias.

— Uma medida de justiça não é a mesma coisa que justiça igualitária. Este veredicto nos aproxima um pouco mais — disse Harris, a primeira pessoa negra, primeira asiático-americana e primeira mulher a se tornar vice-presidente dos EUA. — Nós sentimos um sopro de alívio após o veredicto de Derek Chauvin.

Depois de ouvir a sentença, o ex-policial Derek Chauvin, demitido dias após o crime, foi algemado e preso sob custódia. O julgamento ocorreu em meio a uma forte tensão e protestos diários, especialmente após a recente morte de Daunte Wright, outro jovem negro nos arredores de Minneapolis.

A tensão dos dias anteriores se transformou em comemoração após a decisão. Do lado de fora do tribunal, centenas de pessoas celebraram o veredicto, assim como na praça George Floyd, cruzamento onde o segurança foi morto e agora leva seu nome.

A sentença final de Chauvin será anunciada em oito semanas, mas ele pode pegar até 40 anos de prisão. Outros agentes que participaram da abordagem policial, Alexander Kueng, Thomas Lane e Tou Thao, serão julgados em agosto.

Mais cedo, em comunicado, o ex-presidente Barack Obama também celebrou a decisão: “Hoje, um júri fez a coisa certa. Mas a verdadeira justiça exige muito mais.” No Twitter, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton disse que “a família e a comunidade de George Floyd mereciam que seu assassino fosse responsabilizado. Hoje, eles têm essa responsabilização. Sempre e para sempre, as vidas dos negros são importantes.”

Para Tim Walz, governador de Minnesota, o veredicto de hoje é “um passo importante para a justiça” em seu estado, mas apenas o começo de uma mudança maior.

— O julgamento acabou, mas nosso trabalho apenas começou — disse Walz, lembrando que milhares de pessoas marcharam nas ruas após a morte de George Floyd, muitas delas sem “nunca terem conhecido” Floyd. — Elas sabiam que o que aconteceu era errado. Elas clamavam por mudanças e exigiam justiça.

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