Brasileiros mostram cadeira de rodas para sambistas em “First Lego League”

Enviado por / FonteDo Correio Braziliense

Um time brasileiro vai disputar o campeonato First Lego League deste ano na Alemanha, a partir do próximo dia 7, com o projeto de uma cadeira de rodas elétrica, idealizado para permitir a participação de idosas na ala das baianas, no carnaval carioca. O protótipo foi desenvolvido em três meses, a partir de pesquisa feita pelas internas do Departamento Geral de Ações Socioeducativas do Estado do Rio de Janeiro (Degase) com integrantes da Escola de Samba União da Ilha, localizada na Ilha do Governador, zona norte do Rio.

A equipe As Meninas Supertalentosas, do Centro Socioeducativo Professor Antonio Carlos Gomes da Costa, do Degase, que abriga hoje 47 meninas em conflito com a lei, se destaca entre os 54 times de 35 países que concorrerão no certame, considerado um dos mais importantes campeonatos estudantis do mundo na área da robótica e que, este ano, tem soluções para idosos como tema central. A equipe do Degase irá ao campeonato a convite da Fundação Lego e do Instituto Aprender Fazendo, operador do First Lego League no Brasil, representando a parte social da iniciativa internacional.

Das dez internas que integram o time, duas meninas de 15 e 16 anos, que se encontram em regime de semiliberdade na unidade do Degase em Volta Redonda, no centro-sul fluminense, irão até a Alemanha apresentar o projeto. Liberadas para viajar pelo Juizado de Menores de Volta Redonda, as meninas não podem ser fotografadas nem ter os nomes mencionados nas reportagens, para preservar suas identidades.

Liberadas para dar seu testemunho oral, elas relataram à Agência Brasil que o trabalho representa uma oportunidade “muito boa” em suas vidas. Sobre a cadeira, salientaram que a invenção teve por objetivo melhorar a vida dos idosos. As duas acreditam que o projeto poderá contribuir “para eu ser alguém na vida e ter um futuro muito bom. Uma coisa melhor”.

Um filme produzido pelas internas mostrará parte de um desfile no Sambódromo do Rio e a ação das cadeiras que facilitam às componentes da velha guarda das escolas de samba “rodar a baiana” nas evoluções da ala. As cadeiras podem suportar o peso da fantasia que atinge, em média, 30 quilos, durante 3h30m de desfile, desde a etapa da concentração até a dispersão.

Os componentes da fictícia escola, bem como o pessoal que ocupa as arquibancadas, são todos feitos em peças de Lego, um brinquedo de montar. A agente socioeducadora da unidade do Degase, Jandira Pinto, é a autora do samba que as meninas cantam no filme ao longo do desfile, relatando o propósito da criação coletiva.

Benedita da Silva, de 75 anos, dá seu depoimento sobre a dificuldade de locomoção que muitas idosas da escola de samba têm para acompanhar a apresentação. Com as limitações físicas, muitas acabam entrando em depressão e apresentam doenças. “Muitas desistem”, disse a professora de robótica Sandra Caldas, técnica da equipe.

Ela explicou que a cadeira segura a saia das baianas. “A gente prendeu a saia na própria cadeira, adaptada com o pé. As mãos ficam livres. Se ela [a baiana] apertar o botão direito no pé, a cadeira vai para o lado direito. Se for no esquerdo, ela gira para o lado esquerdo. Se aperta os dois botões, ela vai para a frente. E se tirar os pés, a cadeira freia”. Com isso, a sambista não precisa de ninguém para empurrar. “E ela consegue continuar na ala das baianas”.

Sandra Caldas lembrou que a experiência do Degase com protótipos feitos com peças de Lego começou em 2008. A partir daí, o departamento tem ganho importantes prêmios, o que contribui para a ressocialização das internas. “Tem mudado paradigmas”, salientou.

A busca de patente para o projeto é uma preocupação que começa a preocupar as socioeducadoras do Degase. Sandra Caldas disse que a ideia é apresentar o protótipo à Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro estimulando que cada escola tenha cadeiras deste tipo para dar às componentes que se dedicaram durante toda a vida às agremiações. ”Não é para qualquer pessoa. É valorizar as pessoas que deram sua vida pelas escolas”. Cada cadeira tem custo estimado de US$ 2,4 mil.

Na avaliação da diretora adjunta da unidade do Degase, Rejane Dias Santos, “qualquer atividade feita com amor, com dedicação, sempre chega ao coração delas [as internas] e elas entendem a dedicação do profissional”. Ela disse que ensinar é sempre positivo e traz respostas. “Tudo isso contribui e favorece. O universo conspira a favor. E elas dão uma resposta positiva. É muito bom a gente perceber isso no dia a dia”, reiterou.

O concurso é dividido em três fases. A primeira inclui as missões ligadas ao tema dos idosos. A segunda aborda a pesquisa científica, onde está inserida a cadeira de rodas elétrica. E, no final, são analisados os valores, ou seja, questões como o relacionamento entre os membros da equipe, o respeito mútuo, integração com outras equipes.

No caso das Meninas Supertalentosas, elas contaram com a ajuda da equipe FrancoDroids, do Colégio Liceu Franco-Brasileiro, que vai disputar o First Lego League, na Austrália. Houve um intercâmbio: os estudantes passaram às internas sua experiência na área da robótica e elas aprenderam a trabalhar em equipe, ressaltou Sandra Caldas.

Outras duas equipes do Brasil participarão do campeonato na Alemanha: ItapêRobota, do Serviço Social da Indústria de Itapetinga (SP) e Apoibot, do Colégio Apoio de Pernambuco.

 

 

 

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